AVISO

Querido leitores de momento o Cold Blood Fanfics encontra-se em manutenção.

Voltaremos em princípio ainda este mês com mais novidades, colunas novas, entrevistas com autores de fanfics, etc..., provavelmente também com uma nova cara.

Por isso, se virem novos conteúdos no blog, não se "assustem" nem pensem que voltamos ao ativo.

Quando estivermos terminando postaremos uma mensagem.

Obrigada pela atenção.

A Equipa do CBF

Solstício - Capítulo 12

Nossa Lua de Mel {Ops!}


O cantar suave dos pássaros me despertou dos meus sonhos de mel. Ele se misturava a uma calma melodia dedilhada em um violão Gibson. Não abri meus olhos de imediato... Apenas sorri, imóvel, grata por cada segundo vivenciado até ali. Foram tantos momentos lindos, tantas sensações diferentes unidas em uma só existência... Eu devia ser agora a pessoa mais feliz do mundo. Eu tinha tudo, estava completa.

Senti uma brisa tocar minha face, alguns fios de cabelo alisando as maçãs do meu rosto. A janela da recâmara estava aberta, deixando entrar por entre a cortina de miçangas a energia calmante da natureza que rodeava o resort. Senti um movimento no colchão, próximo aos meus pés. Jake estava lá, ensaiando alguma música linda que eu ainda não conseguia reconhecer. A consciência de sua proximidade fez meus pelos se arrepiarem, em atração magnética ao seu corpo. Minha pele despida estava toda envolvida pelos lençóis de algodão egípcio e eu tive receio de me mover e interferiri o equilíbrio perfeito que regia o ambiente. Cada detalhe cooperava para criar um clima aconchegante e romântico, muito próprio à ocasião...

Aquela noite fora a mais maravilhosa da minha vida.

Não só pelo mistério quebrado da união de nossos corpos, mas pela profundidade do acontecimento. Não foi nada comparável às histórias que fui forçada a escutar de minha mãe, avó e tia, e nenhuma de suas advertências poderiam se aplicar em nosso caso específico. A perfeição foi o âmago do nosso ato, destrinchando corpo, mente e espírito. Foi como se Jake e eu tivéssemos nascido um para comportar o outro... um para suprir a existência do outro. De um ângulo geral, éramos um só.

O mais impressionante foi o modo como as coisas fluíram naturalmente, sem pressão, sem constrangimentos... sem barreiras. Não deveria existir na face da terra um homem mais gentil do que este que agora ao mesmo tempo me pertencia e era o meu dono. Não sabia explicar ao certo, mas... foi como se ele, de algum modo, houvesse sido preparado por alguma força sobrenatural para agir exatamente de acordo com as minhas necessidades, e não com as dele. Ele soube como me tocar {e como não me tocar} para que eu não me sentisse inibida, ou acuada... Soube como me beijar pra que eu fosse impelida a ele na medida certa... Preencheu cada vazio e ânsia do meu ser sem, contudo, exigir demais do meu despreparo... Ele sabia que aquela era a minha primeira vez. Sabia das implicações de tal fato, por isso foi tão atencioso... Ele me respeitou acima de tudo.

Sua essência me invadindo foi um encontro mágico de dois desejos em um só, deixando uma impressão eterna em nossos corações descompassados. Simples e avassalador, espiritual e físico... paradoxalmente belo. Se existissem palavras que fossem capazes de descrever com precisão o que se passou conosco naquela madrugada, entre aquelas quatro paredes sagradas, eu as conheceria de cor...

Nossa primeira noite juntos foi repleta de amor e ternura e, quando os primeiros raios da manhã cortaram o horizonte, ainda estávamos entrelaçados um no outro, ofegantes e trêmulos... Todos os sentidos aguçados e as pupilas dilatadas, enquanto o sol tentava matar a nossa lua. Ele me segurava com as mãos como se eu fosse feita de areia e, com um sopro um pouco mais forte do vento, eu me dissipasse de seus braços. Eu o trouxe pra mais perto, fazendo-o descansar a cabeça em meu peito. Depois disso, abandonamos a consciência e fomos tomados pelo sono profundo, sentido o bater dos corações um do outro...

Abri os olhos finalmente. A luz do meio dia quase cegou minhas vistas, então eu fui obrigada a me mexer para esfregá-los.

– Bom dia, sra. Black! – ele se virou, em seu hobby de seda branco, e sua voz grave me saudou, sedutoramente satisfeita.

Que doce atribuição meu nome tinha agora: Senhora Black. Fui feita rainha de um reino encantado... Esposa de um rei colossal em sua simplicidade e devoção. Convencida de minha sorte, me espreguicei, antes de verbalizar uma resposta

– Bom dia – meu sorriso cansado aparentemente foi o bastante para satisfazê-lo. Ele colocou o violão de lado, se inclinou e beijou meu tornozelo exposto, depois um sorriso capitoso explodiu em seu rosto divinamente esculpido, enquanto sustentava o tronco com os braços sobre o colchão

– Pensei que não iria mais acordar... Que sonho tão bom foi esse que te prendeu por tanto tempo longe de mim?!

– Como se alguma coisa fosse melhor do que estar com você... – disse, fazendo charminho, mas depois meus olhos correram o quarto, em busca de um relógio – Como assim “tanto tempo”? Eu achei que ainda fosse meio dia...

– E são! – ele deu uma risada descontraída – Só que você apagou por um dia inteiro. Hoje é sábado, nosso terceiro dia de casados. São exatamente meio dia, treze minutos e 47 segundos...

O QUÊÊÊ?!?!?!? COMO ASSIM EU “APAGUEI POR UM DIA INTEIRO”?! COMO PUDE DORMIR TANTO?! IMPERDOÁVEL!!! EU DISPERDICEI HORAS PRECIOSAS BABANDO NO TRAVESSEIRO... SIMPLESMENTE IMPERDOÁVEL!!

– Jake, isso é... – balbuciei estática – Eu não consigo entender como isso pôde acontecer... Me desculpe pela grosseria!

– Nessie, porque você está se desculpando?! Não foi grosseria nenhuma... Era natural, você estava exausta, não dormia a quase dois dias... que culpa você tinha, meu amor?!

– É, mas não justifica! Você ficou um dia inteiro sozinho enquanto eu dormia que nem uma pedra... – eu disse, emburrada comigo mesma. Ele engatinhou pela cama, vindo se recostar na cabeceira, depois me confortou em seus braços

– Não se preocupe! Eu também dormi bastante, só fui acordar lá pra umas oito da noite de ontem... As camareiras devem estar achando que nós dois morremos aqui dentro.

Seu peito vibrou embaixo de mim com uma risada, mas eu ainda permanecia horrorizada com minha falta de consideração. Por mais cansada que eu pudesse estar, dormir por um dia inteiro nas atuais circunstâncias era, no mínimo, burrice... Uma desfeita tosca.

– Eu tenho uma idéia! – sua voz interrompeu minhas lamúrias – Que tal se nós fossemos lá pra varanda?! Está um dia lindo lá fora e tem pouca gente hospedada... e aí, o que me diz?!

Eu dei um sorriso de má vontade, ainda raivosa. Ele então se ergueu da cama e a contornou, vindo me estender a mão. Demorei um pouco para atenuar meu descontentamento e mentalizar emoções agradáveis, depois atendi seu chamado, marchando atrás dele até o local indicado, toda enrolada no lençol macio. Lá fora, o vento soprava fortemente e o sol brilhava com a mesma intensidade. A vista era incrível... Um campo aberto e de um verde vivo se estendia até uma parede de árvores mais a frente. O som de algumas folhas sendo agitadas pela brisa era um refresco para a alma. Jake me puxou pelos dedos até um banco de madeira rústico e se sentou, depois me ofereceu um lugar ao seu lado que eu aceitei sem pestanejar. Ele tomou minhas pernas no colo e eu envolvi meus braços no lençol, me aninhando nele. Aquela sombra gostosa que banhava o local onde estávamos foi estímulo mais que suficiente para nos entregarmos em beijos sem fim... Aquele já era oficialmente nosso vício número 1.

Não fizemos muito mais do que isso por um bom tempo... Vez outra, sua boca roçava em meu ouvido, e ele me dizia o quanto me amava e estava feliz. Já não me sentia tão tímida em relação à retribuir seus gestos e buscava seus lábios com o vigor da paixão.

Lá pra umas três horas da tarde, a sombra já não nos alcançava mais e os raios solares nos cobriram. Em contato com minha pele, eles produziram a luminescência brilhante que reverberou na pele de Jake em losangos coloridos. Ele se deixou fascinar pelo espetáculo, entretido com a reação refratora que provocava ao passar de leve os dedos em meu braço. Eu recostei a cabeça em seu ombro, acompanhando com os olhos o que ele fazia.

– Você é tão linda, Nessie. Eu, realmente, sou o homem mais privilegiado que existe.

A recíproca era totalmente verdadeira, óbvio. Abri a boca para pronunciar uma resposta, mas na mesma hora minha barriga se enrijeceu e senti um solavanco no estômago.

É verdade, já fazia algum tempo desde que eu fizera uma refeição decente e minha boca estava seca. Jake pareceu ler meus pensamentos.

– Você deve estar faminta. Vamos sair pra caçar! Edward trouxe o seu carro ontem. Nós podemos ir aonde você quiser!

– Qualquer lugar, Jake... Contanto que você esteja presente. Esta é a única condição que imponho! – disse, beijando-o mais uma vez

– Com isso você nem precisa se preocupar!

Voltamos pra dentro e fomos atrás de algo para vestir. Eu devia ter adivinhado que nada dentro daquela bagagem seria convencional. Nos entreolhamos assombrados, expondo um ao outro as peças esdrúxulas que brotavam de dentro das sacolas. Seria menos trabalhoso e chamativo se nós simplesmente nos vestíssemos de novo com as roupas do casamento...

Vasculhando os bolsos, eu me deparei com um emaranhado de lingeries pretas e vermelhas, cheias de rendas e coisas embaraçosas demais para se pronunciar... Fechei imediatamente aquela sacola, com um rubor no rosto muito provavelmente, e continuei a busca em outra mala.

– Ahá!! – Jake gritou ao encontrar uma bermuda que tinha condições de ser vestida

– Bom pra você! Eu estou achando que vou ter que costurar um vestido desse lençol aqui...

Foi só depois de uma meia hora que eu achei uma calça jeans e uma regata preta que talvez não chamassem tanta atenção. Pensei ter visto um tênis branco rasteiro debaixo de outro bolo de tecidos, então busquei-o até encontrar. Quando feito isso, deixei Jake vasculhando as pilhas de roupas, ainda a procura de uma blusa, e fui me trocar no banheiro. Por mais que coisas que não envolvessem roupas tivessem acontecido entre nós, ainda não me sentia completamente à vontade em ficar nua sem motivo na frente dele. Achei graça de mim mesma enquanto me enfiava dentro das peças de roupa. Nessa hora, notei algo diferente na minha pele. Na região do tronco, algumas veias estavam muito salientes e roxas. Não dei muita importância. Afinal, meu corpo havia passado por fortes emoções nas últimas 48 horas!

Prendi o cabelo em um rabo de cavalo e nem sequer me preocupei com maquiagem. ... Calcei os pés e abri a porta, dando de cara com Jake vestido em uma camisa havaiana. Ele estava com os braços estendidos e se analisava com uma expressão insatisfeita.

Quer saber – ele retirou a peça do corpo – eu vou sem camisa mesmo! Está um dia quente, ninguém vai notar se eu for assim!

Por mim, ele podia ficar o mais a vontade possível. Meus embaraços se limitavam somente a meu corpo em exposição... hihihi.

Ele calçou uma alpercata de couro e deixamos a suíte. Fomos até a recepção, onde Jake solicitou que trouxessem o Porsche. Notei que todas as mulheres nas proximidades o encaravam, boquiabertas. Não era pra menos, aquele espetáculo de homem sem camisa era uma coisa meio difícil de se ignorar... Vi que ele ficou sem graça com a situação. Tadinho, parecia não ter consciência da própria beleza! Ao prestar um pouco mais de atenção, vi que muitas pessoas também olhavam para mim com expressões espantadas e tecendo vários cochichos. Me perguntei a que distancia ficava o estacionamento de onde nós estávamos... Não poderíamos permanecer ali por muito mais tempo, senão daríamos início a um pequeno caos urbano naqueles mínimos 40 metrosquadrados. Graças a Deus, o manobrista não demorou a buzinar do lado de fora e nós fomos até ele, deixando o local em um princípio de alvoroço.

Jake agradeceu ao rapaz que conduziu o veículo e ele lhe entregou as chaves, parecendo muito empolgado por ter dirigido meu carro. Entramos e eu me sentei no banco do carona, dando a Jake a oportunidade de estrear meu presente.

– Posso mesmo?! – ele ainda me perguntou. Negar a ele aquilo seria como tirar um doce da boca de uma criança

– Claro que sim, gatinho! Ele é todo seu.

Comecei do nada a sentir uma onda de calores muito forte.

– Ligue o ar, por favor Jake! Estou a ponto de derreter aqui dentro.

– Tudo bem, se eu conseguir encontrar o botão nesse painel impossível... Ah, aqui! Pronto. Qual intensidade você quer?!

– A máxima, se não for incomodo! – recostei o corpo no acento, recebendo a corrente inicialmente fraca de ar gelado

– A vontade!

Ah, que maravilha aquele ar glacial me atingindo em cheio... relaxei e Jake deu a partida. O ronco violento do motor serviu de razão para, outra vez, ficarmos no centro das atenções.

– De onde saiu toda essa gente, hein?! – ele perguntou pra si mesmo, fazendo o balão na área de entrada do resort e conduzindo o carro até a estrada.

Não sabia ao certo aonde estávamos indo. Também não me dei ao trabalho de perguntar. Como eu mesma havia dito, qualquer lugar em que eu estivesse com ele seria o melhor lugar do mundo. Provavelmente nem ele tinha de fato um destino pronto... Parecia se divertir mais com o fato de dirigir aquela máquina saída de um filme de velozes e furiosos do que outra coisa. Ele ligou o rádio pra quebrar o silêncio que, não sei por que motivo, eu promovia. Uma música animada tocava na primeira estação que ele sintonizou. O ritmo era tão contagiante que, dentro em pouco, nós já estávamos cantando junto, com a mínima afinação possível {de propósito, claro}! Cantar errado sempre era o mais divertido nessas horas... Ele começou a sacudir o cabelo pra cima e pra baixo, sem olhara a estrada, e eu fiquei brincando de Air Guitar! Éramos dois bobos em um carrão, rasgando aquela reta deserta que era a estrada de Forks.

– Abra a janela e sinta o cheiro um pouco, Nessie! Onde você quiser parar, a gente para!

Ah é, a caçada! Fiz como ele me disse e projetei o rosto um pouco pra fora do veículo. Alguns cheiros distintos invadiram minhas narinas, mas nada atrativo o suficiente. Passados mais alguns metros, identifiquei um aroma de cervos e fiz sinal para ele.

– Aqui está bom! Estacione o carro ali naquele pequeno aberto entre as árvores... Ninguém vai enxergá-lo em meio à folhagem.

– Certo! – ele disse, já fazendo o que propus

Paramos e ele desligou o motor, o som e depois puxou a trava. Saímos. O pio de corujas, misturado ao barulho de outras aves e pequenos animais, ecoou da floresta densa à nossa frente, nos recepcionando. Naquele local, os troncos das árvores eram longos e finos, exatamente o tipo de cenário adequado ao descanso dos cervos jovens. Caminhamos de mãos dadas sem pressa alguma na direção da mata, pisoteando o tapete de folhas embaixo de nós. Descemos uma declive curta sem dificuldade e seguimos o rastro da caça. Olhando pra cima, não se via nada além de um céu de folhas verde-escuro, que em alguns pontos deixava escapar uma luminosidade agradável e amadeirada. Ao longe, era possível se escutar o fluir de um riacho. Nossas presas deveriam estar próximas à margem...

Não demoramos mais do que dez minutos para encontrar o recanto dos animais que procurávamos. Eu fiz sinal e ficamos um pouco a espreita, observando através de alguns arbustos. Eram três, um adulto deitado no chão e dois um pouco menores comendo algumas folhas. Mais a frente, o dito riacho corria suas águas atrás de alguns troncos mais baixos. Não teríamos dificuldade alguma na captura.

Jake, sem acanhamento, retirou a bermuda e a roupa de baixo, para fazer a transformação. Não disfarcei minha cara de bocó, mas ele não me viu, ainda bem... Quando olhou pra mim, eu tratei de fingir naturalidade e ele sorriu, me atirando a muda de roupa.

– Segura pra mim por favor, anjo, enquanto eu pego o nosso lanche.

– Ei – eu protestei, tentando fixar o olhar em seu rosto – que história é essa?! Você vai ficar com toda a diversão e eu vou esperar aqui, de prega?! Não senhor, eu também quer...

Ele pôs o dedo em meus lábios, depois os beijou.

– Eu quero te dar esse presente, meu amor. Seja boazinha, vai ser vapt vupt, eu prometo...

Vou te contar, aqueles métodos de persuasão realmente eram covardia...

– Está bem, convencido... eu vou me sentar aqui e aguardar, como uma boa esposa!

– Não encare meu desejo como machismo... eu só quero te impressionar.

Ergui uma sobrancelha maliciosa.

– Isso você já faz por natureza! – sorri e ele piscou pra mim, logo em seguida se lançou para o ar, aterrissando suavemente em sua pompa imponente de lobo. Sua perspicácia era tamanha que nem com esses movimentos todos ele interferiu na calmaria de nossas presas. Era de se esperar que elas se dispersariam com um simples ruído, mas ele realmente era um caçador inato. Sua figura era tão robusta e ameaçadora que ele poderia matá-los somente com sua aparição repentina. Aquela visão dele em si já me fascinava...

Encontrei um espaço confortável em cima de um pequeno tronco caído, que me ofereceria uma visão privilegiada do embate. Ele se preparou para o ataque, como o lobo experiente que era, e aguardou até o momento em que não erraria.

Saltou.

Suas patas cravaram em cheio o pescoço do animal desavisado no chão e, antes que os outros dois pudessem escapar, ele os alcançou, liquidando um a um. Os guinchos, se confundindo com os grunhidos caninos, eram a única parte chata daquilo tudo... Eu não tinha nenhum tipo de prazer sádico em assistir a dor das nossas presas. Mas aquele era o ciclo natural da vida, não poderíamos lutar contra nossos instintos mais do que já fazíamos {eu e minha família, pelo menos...}

De lá de baixo, ele me fez um sinal de cabeça que eu já conhecia, então me levantei e fui desfrutar de nossa refeição. Eu realmente estava faminta, como um ex-presidiário quando ganha a liberdade. Dei cabo do sangue dos três animais sem demora alguma e Jake se encarregou de consumir o resto...

Deixamos o local pouco depois, satisfeitos e sorridentes. Ele me convidou a um passeio no rio, me oferecendo o lombo de suas costas. Montei com agilidade nele e ele percorreu a curta distancia que nos separava das águas. Seguimos margeando a torrente que serpenteava tranquilamente floresta adentro. Agarrada a seus pelos com delicadeza, eu admirei cada pequeno detalhe que nos circundava.

“A paz é a essência que emana da terra!” Jake me disse uma vez, há uns dois anos atrás, enquanto caçávamos nas redondezas da península de Olympic. Era uma verdade absoluta que eu tomei para mim desde então. Quase sempre quando queria encontrar paz, ou mesmo pensar em minhas particularidades, eu me enfiava na floresta com ele e lá esquecíamos do mundo... A lembrança me trouxe felicidade.

Mais adiante, encontramos uma clareira onde a relva era baixa e haviam alguns ramos de flores silvestres. Ele se dirigiu até o centro do campo, depois se inclinou para que eu descesse. Como permaneceu na mesma posição, me deitei na grama como ele, apoiando a cabeça em seu corpo quente. Já estava começando a sentir saudade de escutar sua voz, mas não disse nada, repousando a mente enquanto meus olhos identificavam figuras nas nuvens acima de nós. Já deveria estar perto das cinco horas da tarde e o céu começava a ganhar aquele tom rosado do por-do-sol que não era visível de onde estávamos. Eu, contudo, imaginei de olhos fechados o astro mor do universo se rendendo ao mar magistralmente, como sempre fazia quando a chuva dava uma trégua.

O volume abaixo de mim diminuiu gradativamente, então me dei conta da figura humana e despida do meu amado, que me observava de bruços por sobre o ombro. Eu me alarmei com sua atitude, mas consegui me acalmar, permanecendo estática enquanto meu coração disparava a 600 batimentos por segundo. Ele arriscou uma investida, se erguendo um pouco e eu respondi mecanicamente, me sentando tensa e encarando seus movimentos com uma ansiedade no estômago. Ele se aproximou, utilizando os mesmos artifícios de duas noites atrás, quando soube exatamente o que fazer para arrebatar meu coração. Identifiquei suas intenções e esperei até que a aproximação se completasse.

Seus lábios foram direto ao meu pescoço com vontade e eu tremi, a atração magnética mais uma vez brotando por meus poros. Seus braços me puxaram com delicadeza mais pra perto dele, enquanto sua boca já alcançava a minha, inutilizando de vez minha capacidade de converter oxigênio em dióxido de carbono. Tudo que fui capaz de fazer foi entrelaçar meus dedos em sua nuca e me deixar levar...

Pouco a pouco, eu já não tinha mais minha regata preta no corpo... nem minha calça... nem o tênis nos pés...

Éramos somente dois corpos apaixonados, colidindo sobre a relva fértil e sob o céu que já revelava algumas poucas estrelas... uma orquestra sinfônica de sensações e reações que condensavam o ar ao nosso redor. Admirável como as noções de tempo e espaço desapareciam de nossa compreensão... Nosso ato, mais uma vez, foi a pura expressão do ideal dos poetas renascentistas, e nós recebemos a benção da natureza.

Já era noite escura quando, após o intervalo final, nos separamos para observar a lua cheia que iluminava nossos contornos. Seu braço ofereceu um apoio à minha cabeça e minha mão repousou em seu peito. Ele cheirou meus cabelos, estalando um beijo em meu coro cabeludo.

– Será que existe maior felicidade que essa?! Poder estar com quem se ama, em meio a esse espetáculo natural?! – Finalmente sua voz cortou o silêncio, explodindo em vapor no ar. Mordi os lábios antes de responder

– O melhor é saber que o amor não precisa acabar... não no nosso caso! Jamais seremos interrompidos pela morte, ou por qualquer empecilho.

– Isso mesmo. Vamos ganhar a eternidade juntos, meu amor!

Suas palavras invadiram meu espírito, produzindo um sentimento de euforia que eu mal pude conter dentro do corpo. Ri sozinha de minhas alterações emocionais, e ele ficou confuso.

– Não, eu não estou rindo do que você disse... – tratei logo de esclarecer, ainda triunfante em meu interior – É só que... Eu olho pra trás e vejo uma Renesmee tão... sei lá... racional, calculista, comedida... e a confronto com a Renesmee de hoje: absolutamente passional, dependente de corpo e alma desse sentimento que meu coração nutre agora por você! Tudo isso é tão...tão...

– Extraordinário?! – ele completou

– Exatamente...

Um silêncio cedeu passagem ao soprar suave do vento sobre nós. Eu naveguei pelo oceano de estrelas no alto do firmamento naqueles poucos segundos, antes que sua voz clamasse minha atenção novamente...

– Nessie?!

– Sim?!

– Você... possui a chave do meu coração!

Nossa, que sintonia magnífica nos envolvia... Ele buscou no fundo da minha mente a frase que melhor expressava meu amor em relação a ele, para expressar o dele por mim. Meu arrepio foi tão intenso que até ele sentiu na própria pele...

Como a noite já se adiantava, achamos por bem voltar ao hotel para talvez, quem sabe, desfrutar de algumas iguarias em um jantar um pouco mais formal... Levantamos e catamos nossas roupas do chão, colocando-as de volta no corpo, enquanto andávamos de volta até o local onde havíamos deixado o Porsche. Terminei de amarrar meus sapatos no carro, enquanto Jake dirigia de volta pela mesma estrada vazia, iluminada agora pelos faróis potentes. Senti um sono insistente e não consegui lutar contra, apagando no banco.

Quando abri meus olhos {com muito esforço, é preciso salientar...}, Jake estava me segurando de leve pelo rosto, agachado do lado de fora do carro, do lado do carona...

– Nessie, meu bem, acorde! Nós já chegamos.

Resmunguei baixinho, mas me ergui como um zumbi.

De supetão, senti minhas pernas vacilarem... tudo girou ao meu redor... um protesto estranho veio da minha barriga, começando a escalar minha garganta...

– O que foi, Nessie?! Vocês está pálida... o que está acontecendo?! – sua voz foi se afrouxando, na medida em que ele viu a necessidade de me amparar pelo braço, mas eu me afastei depressa, deixando-o para trás.

Adentrei pela porta automática de vidro; atravessei a recepção; ganhei os corredores dos quartos, onde nenhuma pessoa me impediu de correr como um flash; alcancei a suíte 2011 e, me lembrando que estava sem chave, não contei conversa e arrombei a porta, avancei quarto adentro em uma busca desesperada e instintiva pelo vaso sanitário...

Me atirei de joelhos no chão por sobre ele e um jorro de sangue se lançou convulsivamente pra fora da minha boca, como uma cascata feroz que não pude conter. Minhas mãos, agarradas à porcelana do vaso, começavam a provocar nele rachaduras, mas eu não conseguia me concentrar em outro movimento que não o giro que meu tronco dava para auxiliar a liberação da passagem da garganta.

Foram praticamente dois minutos vertendo sangue quase que sem parar...

Ao fim da crise, eu respirei ofegante e abaixei a tampa, me escorando sobre ela. “O que está acontecendo comigo?!” pensei nervosa, então senti que alguém me observava. Me virei, ainda sentada no chão, e dei de cara com a tez apavorada e translúcida de Jake, encarando aquela cena grotesca totalmente impotente. Seu olhar trêmulo estava marejado, e seus lábios pendiam para baixo, entreabertos, evidenciando seu estado de choque e horror. Me preparei para ficar de pé, mas ele correu até mim e me ergueu no colo...

*Desmaio*

...

...

...

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– É, EU SEI... ESTAMOS SAINDO DO HOTEL AGORA! VOU LEVÁ-LA PRA AÍ IMEDIATAMENTE!!

...

– POR FAVOR, EDWARD, EU NÃO ESTOU EM CONDIÇÕES DE OUVIR ISSO AGORA... FOI UMA COISA HORRÍVEL, TINHA SANGUE PRA TODO LADO... EU NEM PUDE FAZER NADA PARA AJUDÁ-LA...

...

– SIM, CLARO... EU CONVERSEI COM O PESSOAL DO HOTEL E AVISEI QUE AMANHÃ ALGUÉM PASSARIA LÁ PARA ACERTAR AS DESPESAS... NOSSAS COISAS ESTÃO TODAS LÁ AINDA...

...

– FOI ABSOLUTAMENTE DO NADA. ELA PASSOU O DIA TODO BEM, NÓS SAÍMOS PARA CAÇAR E, NA VOLTA, ACONTECEU... ESPERE, ELA ESTÁ ACORDANDO... Nessie!! Nessie!! Fala comigo, meu amor... Você pode me ouvir?!

– Hmmm... – o mundo voltou a girar, então fechei os olhos. Não estava conseguindo assimilar muita coisa. Só sabia que estávamos de volta no carro e que a chuva batia com força no pára-brisas embaçando o vidro, enquanto Jake dirigia em alta velocidade pela rodovia escura...

– Ai meu Deus!!... EDWARD?! ELA ESTÁ MUITO MAL, NEM CONSEGUE FICAR ACORDADA... O QUE EU FAÇO?! O QUE EU FAÇO ?! {soluços e choro desesperado}

Eu quis tanto ter forças para abraçá-lo... O pobrezinho estava em pânico! Mas, quanto mais eu me esforçava pensando, menos energia eu tinha... A inconsciência novamente foi inevitável.


Fanfic escrita por Raffaella Costa.

Um comentário:

  1. NÃO ACREDITO... SERÁ QUE ELA ESTÁ...? AAAAI MEU DEUS (adorei este capítulo) Está de parabéns rafa !!! (posso te chamar assim, de Rafa ?? XDD)

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