AVISO

Querido leitores de momento o Cold Blood Fanfics encontra-se em manutenção.

Voltaremos em princípio ainda este mês com mais novidades, colunas novas, entrevistas com autores de fanfics, etc..., provavelmente também com uma nova cara.

Por isso, se virem novos conteúdos no blog, não se "assustem" nem pensem que voltamos ao ativo.

Quando estivermos terminando postaremos uma mensagem.

Obrigada pela atenção.

A Equipa do CBF

Amanhecer_Livro 2: Jacob: Capitulo 9: Certo Como o Inferno Não Sabia Daquela Chegada

Eu realmente não pretendia dizer adeus para o meu pai.
Depois de tudo, uma ligação para Sam e a caça estaria ponta. Eles me
interceptariam e me trariam de volta. Provavelmente tentariam me deixar
nervoso, ou mesmo me machucar - de alguma forma me forçar a ouvir Sam
ditar uma nova ordem.
Mas Billy estava me esperando, sabendo que eu estaria meio atordoado. Ele
estava no jardim, apenas sentado em sua cadeira de rodas e seus olhos
exatamente no ponto onde eu apareceria através das árvores. Eu o vi olhando
na minha direção - diretamente da casa pra minha garagem.
"Tem um minuto, Jake?"
Eu parei por um instante. Olhei pra ele diretamente da garagem.
"Venha, garoto. Ao menos me ajude a entrar em casa."
Eu rangi dentes, mas decidi que era melhor não causar problemas para o Sam
se eu não mentisse para ele por alguns minutos.
"Desde de quando você precisa de ajuda, velho?"
Ele riu aquela sua risada estrondosa. "Meus braços estão cansados. Eu me
empurrei por todo o caminho da casa de Sue."
"É uma decida. Você deslizou o tempo todo."
Eu girei a cadeira dele para cima da pequena rampa que eu fiz pra ele na sala
de estar.
"Me pegou. Acho que ultrapassei os sessenta quilômetros por hora. Foi bom."
"Você ainda vai quebrar essa cadeira, você sabe. E aí você vai ter que se
carregar pelos cotovelos."
"Nem vem. O trabalho de me carregar será todo seu."
"Você não irá a muitos lugares."
Billy colocou suas mãos nas rodas e se dirigiu à geladeira. "Ainda tem alguma
coisa para comer?"
"Me pegou. Paul ficou aqui o dia todo, então, provavelmente não."
Billy suspirou. "Tenho que começar a esconder as coisas se não quisermos
morrer de fome."
"Diga a Rachel para ir para casa dele."
O tom de piada do Billy se desfez, e seus olhos ficaram mais ternos. "Nós a
temos em casa por apenas alguns meses. É a primeira vez que ela fica por
tanto tempo. É difícil - as garotas eram mais velhas que você quando a sua
mãe morreu. Elas tem maiores problemas para ficar nessa casa."
"Eu sei."
Rebecca não vinha em casa desde que se casou, mas ela tinha uma desculpa.
As passagens de avião do Havaí eram bem caras. Washington era bem perto
então Rachel não tinha a mesma desculpa. Ela pegava turmas direto no
semestre de verão, trabalhando turnos dobrados em algum café no campus. Se
não fosse o Paul, ela provavelmente já teria voltado há algum tempo. Talvez
fosse por isso que Billy ainda não o havia expulsado.
"Bem, eu vou trabalhar em algumas coisas..." Eu fui para a porta de trás.
"Espere, Jake. Você não vai me dizer o que aconteceu? Ou eu vou ter que ligar
para o Sam para saber?"
Eu fiquei de costas pra ele, escondendo minha cara.
"Não aconteceu nada. Sam está dando a eles uma chance. Acho que agora
somos adoradores de sanguessuga."
"Jake..."
"Eu não quero falar sobre isso."
"Você está partindo, filho?"
O cômodo ficou quieto por um longo tempo enquanto eu decidia como eu iria
dizer aquilo.
"Rachel pode ficar com o quarto dela de volta. Eu sei que ela odeia o colchão
de ar."
"Ela preferiria dormir no chão a perder você. Eu também."
Eu bufei.
"Jacob, por favor. Se você precisa... de um tempo. Bem, tire um tempo. Mas
não por tanto tempo de novo. Volte."
"Talvez. Talvez eu venha para os casamentos. Venha para o do Sam, depois, o
da Rachel. Jared e Kim devem vir logo depois. Provavelmente eu devesse ter
um terno ou algo do tipo."
"Jake, olhe pra mim."
Eu me virei lentamente."O que?"
Ele olhou nos meus olhos por um longo minuto. "Para onde você está indo?"
"Eu não tenho um lugar específico em mente."
Ele virou a cabeça para o lado, olhos marejados. "Não tem?"
Nós nos olhamos. Os segundos passaram.
"Jacob," ele disse. Sua voz estava forte. "Jacob, não. Não vale a pena."
"Não sei do que você está falando."
"Deixa a Bella e os Cullen. Sam está certo."
Eu olhei para ele por um instante, e então cruzei os cômodo em duas passadas
largas.
Peguei o telefone e desconectei o cabo do fone e do gancho. Peguei o fio
cinza.
"Adeus, pai."
"Jake, espere -," ele me chamou, mas eu já tinha saído pela porta, correndo.
A moto não era tão rápida quanto a minha corrida, mas era mais discreta. Eu
pensei quanto tempo levaria até que Billy conseguisse chegar à loja e então
ligar para alguém que pudesse dar o recado a Sam. O problema seria se Paul
voltasse para casa mais cedo. Ele poderia transformar-se em um segundo e
avisar Sam sobre o que eu estava fazendo...
Eu não ia me preocupar com isso. Eu iria o mais rápido que pudesse, se eles
me alcançassem, eu faia o que devia ser feito.
Eu liguei a moto e então estava descendo pelo terreno lamacento. Eu não olhei
para trás quando passei pela casa.
A rodovia estava cheia de turistas; eu costurei pelos carros, ganhando um
monte de buzinadas e dedos. Fiz o contorno na 101 no quilômetro 110, sem
olhar. Eu tive andar na linha por um minuto para evitar que uma minivan me
pegasse. Não que aquilo me mataria, mas me deixaria mais lento. Quebraria
ossos - os maiores, pelo menos - levariam dias para colar completamente, eu
tinha experiência própria.
O caminho foi liberado um pouco, e então eu coloquei a moto a mais de 120.
Eu não toquei nos freios até que eu estivesse perto o suficiente; eu percebi que
estava na clareira então. Sam não viria tão longe para me impedir. Era tarde
demais.
Não, não estava até aquele momento - quando eu estava certo que eu fiz - que
eu comecei a pensar no que eu estava prestes a fazer agora. E diminuí pra
quase 40, fazendo as curvas mais cuidadosamente que o necessário. Eu sabia
que eles me ouviriam chegar, com ou sem moto, então, sem surpresas. Não
havia como desviar a atenção. Edward ouviria o meu plano assim que eu
estivesse perto o suficiente. Talvez ele já até pudesse ouvir. Eu ainda achava
que iria funcionar, porque eu tinha o ego dele ao meu lado. Ele iria querer
lutar comigo sozinho.
Então, eu apenas entrei, veria a preciosa evidência de Sam eu mesmo, e então
desafiaria Edward para um duelo.
Eu bufei. O parasita provavelmente dispensaria as teatralidades.
Quando eu tivesse acabado com ele, eu pegaria quantos deles eu conseguisse
antes deles me pegarem. Hum - eu imaginei se Sam consideraria minha morte
uma provocação. Provavelmente diria que eu tive o que mereci. Eles não iriam
ofender os melhores amigos de infância sanguessugas.
A estrada abriu uma clareira, e o cheiro me atingiu como uma tomatada na
cara. Ugh. Vampiros fedorentos. Meu estômago começou a embrulhar. O
fedor ficaria pior dali em diante - exceto pelo cheiro dos humanos que deviam
ser de outra vez que eu fui ali - embora não pior que o cheio para o meu nariz
de lobo.
Eu não tinha certeza do que esperar, mas não havia sinais de vida pela grande
cripta branca. Claro que eles sabiam que eu estava ali. Eu desliguei a moto e
ouvi o silêncio. Agora eu podia ouvir a tensão, murmúrios raivosos do outro
lado da porta. Tinha alguém em casa. Eu ouvi o meu nome e sorri, feliz por
estar causando algum estresse.
Respirei fundo - isso seria pior de fazer lá dentro - e subi as escadas da frente
com um passo só.
A porta se abriu antes mesmo que eu a tocasse, e o doutor apareceu, seus
olhos mórbidos.
"Oi, Jacob," ele disse, mais calmo que o esperado. "Como vai você?"
Eu respirei fundo de novo, pela boca. O fedor que saía pela porta era muito
forte.
Eu estava desapontado que fosse o Carlisle que tivesse atendido. Eu preferia
que Edward tivesse vindo atender a porta, bufando. Carlisle era
muito...humano ou algo assim. Talvez fossem os atendimentos em casa que
ele fez na primavera passada quando eu estava destroçado. Mas foi
desconfortável olhar pra ele e ver que eu pretendia matá-lo se pudesse.
"Eu ouvi que Bella voltou para casa viva," eu disse.
"Er, Jacob, não é realmente uma boa hora." O doutor pareceu desconfortável,
também, mas não do jeito que eu esperava que ele estivesse. "Poderia ser outra
hora?"
Eu olhei para ele confuso. Ele estava me pedindo para adiar a luta final para
um momento mais propício?
E então, eu ouvi a voz de Bella, quebrada e fraca, e eu não podia pensar em
mais nada.
"Por que não?" ela perguntava alguma coisa. "Vocês estão mantendo segredo
paro Jacob também? O que importa?"
A voz dela não estava como eu esperava. Eu tentava me lembrar da voz dos
vampiros mais jovens contra quem lutamos na primavera passada, mas tudo o
que eu registrei foram grunhidos.
Talvez os recém-nascidos não tivessem a profundidade, a melodia dos mais
velhos, também. Talvez todos os novos vampiros fossem roucos.
"Entre, por favor, Jacob," Bella disse mais alto.
Os olhos de Carlisle se apertaram.
Eu imaginei se Bella estava com sede. Meus olhos se estreitaram, também.
"Com licença," eu disse para o doutor enquanto entrava. Foi difícil - era contra
todos os meus instintos dar as costas pra algum deles. Mas não impossível. Se
havia algum vampiro gentil, era o estranho líder deles.
Eu ficaria longe do Carlisle quando a luta começasse. Havia bastante deles pra
matar antes dele.
Eu entrei na casa, mantendo minhas costas para a parede. Meus olhos
percorreram a sala - não me era familiar. A última vez que eu estive ali, estava
tudo pronto para uma festa. Tudo estava claro e pálido agora. Incluindo os seis
vampiros agrupados no sofá.
Eles estavam todos ali, todos juntos, mas não foi aquilo que me fez congelar
onde eu estava.
Era Edward. Era a expressão que ele carregava.
Eu o havia visto com raiva, e o havia visto sendo arrogante, e uma vez o vi
sofrer. Mas isso - era além da agonia. Os olhos dele estavam meio lerdos. Ele
não olhou para cima para me ver. Ele olhou pra almofada ao seu lado como se
alguém o tivesse tacado fogo nele. Suas mãos eram como garras ao seu lado.
Eu não podia sequer gostar de sua angústia. Eu só podia pensar em uma coisa
que poderia fazê-lo ficar daquele jeito e meus olhos seguiram os dele.
Eu a vi no mesmo instante que senti o seu cheiro.
Seu doce, quente e humano cheiro.
Bella estava meio escondida pelo braço do sofá, em uma posição fetal, seus
braços ao redor de seus joelhos. Por um longo instante eu não pude ver nada
além da Bella que eu amava, sua pela ainda macia, cor de pêssego, seus olhos
ainda eram cor de chocolate. Meu coração pulsou numa estranha, quebrada
batida, e eu pensei se estava sonhando e estava prestes a acordar.
Então, eu realmente a vi.
Havia profundos círculos roxos abaixo dos olhos dela, que se destacavam pelo
seu rosto fundo. Ela teria emagrecido? Sua pele parecia mais esticada - como
se seus ossos fossem rasgá-la, a maior parte do cabelo dela estava presa em
um nó, mas algumas mechas escorriam pela sua testa e pescoço, para o
resplendoroso suor que cobria sua pele. Havia um quê de fragilidade em seus
pulsos e dedos que era assustador.
Ela estava doente. Muito doente.
Não era mentira. A história que Charlie disse a Billy não era apenas uma
história. Enquanto eu olhava, olhos esbugalhados, sua pele ficou meio
esverdeada.
A sanguessuga loira - a mais apreciada, Rosalie - estava ao lado dela,
atrapalhando a minha visão, ficando de um estranho jeito protetor.
Isso estava errado. Eu sabia como Bella se sentia sobre quase tudo - seus
pensamentos eram muito óbvios; algumas vezes era como se tivesse escrito
em sua testa. Então ela nem precisava me dizer os detalhes para eu saber. Eu
sabia que Bella não gostava de Rosalie. Eu podia ver em seus lábios quando
ela falava dela. Não era como se ela não gostasse dela. Ela tem medo da
Rosalie. Ou tinha.
Não havia medo no olhar que Bella lançou pra ela. A expressão dela era de
súplica... ou algo assim. Então Rosalie pegou uma bacia do chão e colocou
embaixo do queixo de Bella bem a tempo dela vomitar lá dentro. Edward
ficou de joelhos ao lado de Bella - os olhos dele pareciam de um torturado - e
Rosalie segurou a mão dela, alertando-o para ficar longe. Nada fazia sentido.
Quando ela pôde levantar a cabeça, Bella sorriu fraca pra mim, meio
constrangida. "Desculpe por isso," ela sussurrou para mim. Edward grunhiu
quieto. A cabeça dele encostou nos joelhos de Bella, e ela colocou uma das
mãos em sua bochecha. Como se estivesse confortando ele.
Eu não sei como minhas pernas me levaram para mais perto, até que Rosalie
bufou para mim, de repente aparecendo entre o sofá e eu. Ela era como uma
pessoa numa tela de TV. Eu não me importava de ela estar ali. Ela não parecia
real.
“Rose, não," Bella sussurrou."Está tudo bem."
A loira saiu da minha frente, embora eu soubesse que ela detestou fazer isso.
Fazendo cara feia para mim, ela agachou-se perto de Bella, pronta para pular.
Ela era mais fácil de se ignorar do que eu tinha imaginado.
"Bella, o que eu há de errado?" Eu sussurrei. Sem pensar, eu me vi de joelhos
também, caindo sobre o sofá preto em frente ao... marido dela. Ele pareceu
não me ver, e eu mal olhei paa ele. Eu alcancei sua mão livre, segurando com
as minhas duas. A pele dela estava gélida. "Você está bem?"
Pergunta estúpida. Ela nem respondeu.
"Eu estou feliz que você tenha vindo me ver hoje, Jacob," ela disse.
Embora eu soubesse que Edward não podia ouvir os pensamentos dela,
parecia que ele tinha entendido alguma coisa que eu não tinha. Ele gemeu de
novo, no cobertor que a cobria, e ela acariciou sua bochecha.
"O que é isso, Bella?" Eu insisti, segurando firme suas frágeis mãos.
Ao invés de responder, ela olhou pelo cômodo como se estivesse procurando
alguma coisa; em seu olhar, insegurança e certeza. Seis pares de olhos
ansiosos olharam para ela. Ela finalmente disse pra Rosalie.
"Me ajude a levantar, Rose?" Ela pediu.
Rosalie mordeu os lábios, e ela olhou para mim como se quisesse cortar a
minha garganta. Eu tinha certeza que era exatamente isso que ela queria.
"Por favor, Rose."
A loira fez uma cara, mas foi até ela de novo, perto de Edward, que não se
moveu sequer uma polegada. Ela pôs os braços cuidadosamente embaixo dos
ombros de Bella.
"Não," eu sussurrei. "Não se levante..." Ela parecia muito fraca.
"Estou respondendo à sua pergunta," ela retrucou, soando mais próximo ao
jeito que ela costumava falar comigo.
Rosalie tirou Bella do sofá. Edward ficou onde ele estava, escorregando até
que seu rosto caísse nas almofadas. O cobertor caiu aos pés de Bella.
O corpo de Bella estava inchado, seu tronco estava de um estranho jeito,
parecendo um balão. Estava marcando a blusa cinza que ela vestia, que era
grande demais para os seus ombros e braços. O restante dela parecia mais
magro, como se um grande volume tivesse sido sugado do restante do corpo.
Levou um tempo até que eu percebe-se qual parte estava deformada - eu não
entendi até que ela colocou as mãos ternamente sobre o seu estômago inchado,
uma em cima e uma embaixo. Como se ela estivesse aninhando aquilo.
Eu vi aquilo, mas eu ainda não conseguia acreditar. Eu a vi a menos de um
mês atrás. Não havia como ela estar grávida. Não daquele jeito. A menos que
ela estivesse.
Eu não queria ver aquilo, não queria pensar naquilo. Eu não queria pensar nele
dentro dela. Eu não queria saber que algo que eu odiava tanto tinha violado o
corpo que eu amava. Meu estômago revirou, e eu tive que engolir o vômito.
Mas pior que aquilo, muito pior. O corpo deformado dela, os ossos
pressionando a pele do rosto dela, eu só podia imaginar que ela parecia
daquele jeito - tão grávida, tão doente - porque o que quer que estivesse dentro
dela, ele estava sugando a vida dela pra alimentar a si próprio...
Porque aquilo era um monstro. Como o pai.
Eu sempre soube que ele a mataria.
A cabeça dele levantou-se quando ele ouviu as palavras dentro da minha. Um
segundo e estávamos ambos de joelhos, e então ele estava de pé, altivo pra
cima de mim. Os olhos dele estavam bem negros, os círculos em torno deles
bem escuros.
"Lá fora, Jacob," ele rosnou.
Eu me levantei também. Olhando de cima para ele agora. Era pra isso que eu
estava ali.
"Vamos fazer isso," eu concordei.
O maior, Emmett, empurrou Edward para o outro lado, junto com o
esfomeado, Jasper, logo atrás dele. Eu realmente não me importava. Talvez o
meu bando limpasse a sujeira depois que eles tivessem acabado comigo.
Talvez não. Não importava.
Por um décimo de segundo, meus olhos viram as duas figuras que estão atrás.
Esme. Alice. Mulheres pequenas e que distraíam. Bem, eu estava certo que os
outros me matariam depois que eu tivesse resolvido. Eu não queria matar
garotas... Mesmo garotas vampiras.
Embora eu pudesse abrir uma exceção para a loira.
"Não," Bella disse, e ela se moveu, desequilibrando-se e caindo nos braços de
Edward. Rosalie se moveu com ela, como se tivesse uma corrente prendendo
uma à outra.
"Eu só preciso falar com ele, Bella," Edward disse com a voz baixa, falando
apenas com ela. Ele esticou-se para tocar seu rosto, para acariciá-lo. Isso fez o
cômodo ficar vermelho, me fez pegar fogo - aquilo, depois de tudo o que ele
tinha feito pra ela, ele ainda podia tocá-la daquele jeito. "Não se desgaste," ele
suplicava. "Por favor, descanse. Nós estaremos de volta em alguns minutos."
Ela olhou para ele, cuidadosamente. Então ela concordou e sentou-se
novamente no sofá. Rosalie ajudou-a a se ajeitar nas almofadas. Bella olhou
para mim, tentando encontrar meus olhos.
"Comportem-se," ela insistiu. "E então, voltem."
Eu não respondi. Eu não faria promessas hoje. E desviei o olhar e então segui
Edward pela porta da frente.
Uma vozinha dentro da minha cabeça percebeu que não foi difícil tirá-lo de
perto do clã, não é mesmo?
Ele continuou andando, nunca olhando se eu estava prestes a atacar sua
retaguarda desprotegida. Eu supus que ele não precisava olhar. Ele saberia se
eu decidisse atacar. O que significava que eu teria que tomar a decisão bem
rápido.
"Eu não estou pronto para que você me mate, Jacob Black," ele sussurrou
assim que nós estávamos longe o suficiente da casa. "Você vai ter que ser um
pouco paciente."
Como se eu me importasse com a agenda dele. Eu respirei fundo, confiante.
"Paciência é a minha especialidade."
Ele continuou andando, por mais alguns metros para longe da casa, comigo
bem nos calcanhares dele. Eu estava todo quente, meus dedos queimando. No
ponto, prontos e esperando.
Ele parou sem avisar e virou o rosto pra mim. A expressão dele me congelou
de novo.
Por um segundo, eu era um garoto - um garoto que viveu toda a sua vida numa
cidade pequena. Só um garoto. Porque eu sabia que eu teria que viver muito
mais, sofrer muito mais, para poder ao menos entender o sofrimento e a
agonia nos olhos de Edward.
Ele levantou a mão como se fosse secar o suor de sua testa, mas seus dedos
passaram pelo seu rosto como se fossem rasgar sua pele de granizo. Os seus
olhos negros queimaram em suas órbitas, fora de foco, ou vendo coisas que
não estavam ali. A boca dele abriu como se ele fosse gritar, mas nada saiu.
Era como encarar um homem que seria queimado vivo.
Por um momento, eu não podia falar. Era muito real, aquele rosto - eu tinha
visto uma sombra daquilo na casa, visto nos olhos dela, e nos dele, mas era o
final. O último prego do caixão dela.
"Aquilo a está matando, não é? Ela está morrendo."
E eu sabia quando eu disse que meu rosto era um reflexo do dele. Mais fraco,
diferente, porque eu ainda estava em choque. Eu ainda não tinha colocado a
minha cabeça no lugar tinha sido muito rápido. Ele teve tempo para digerir
tudo. E era diferente porque eu já a havia perdido muitas vezes, de vários
modos, na minha cabeça.
E diferente porque ela nunca foi minha, de verdade.
E diferente porque não era minha culpa.
"Minha culpa,"Edward sussurrou, e seus joelhos cederam. Ele se ajoelhou na
minha frente, vulnerável, o alvo mais fácil que eu poderia imaginar.
Mas eu parecia frio como a neve - não havia fogo em mim.
"Sim," ele gemeu para terra, como se estivesse confessando para ela. "Sim,
aquilo a está matando."
Seu desamparo estava me irritando. Eu queria uma briga, não uma execução.
Onde estava toda a presunção de superioridade dele agora?
"Então por que Carlisle não fez alguma coisa?" Eu rosnei. "Ele é médico, não?
Tire isso dela."
Ele olhou para cima e então me disse com uma voz cansada. Como se
estivesse explicando para uma criança, pela décima vez. "Ela não vai deixar."
Levou um minuto para as palavras descerem. Deus, ela estava mesmo disposta
a isso. Claro, morrer por um monstrinho. Isso era bem Bella.
"Você a conhece melhor," ele sussurrou. "Quão rápido você acha... eu não
vejo. Não em tempo. Ela não falaria comigo no caminho para casa, não. Eu
achei que ela estivesse com medo - seria o natural. Eu pensei que ela estivesse
com raiva de mim por tê-la sujeitado a tal, por ter colocado a vida dela em
perigo. De novo. Eu nunca imaginei que ela estava realmente pensando, no
que ela estava resolvida a fazer. Não até que a minha família nos encontrou no
aeroporto e ela correu pros braços de Rosalie. Os braços de Rosalie! E então,
eu ouvi o que Rosalie estava pensando. Eu não entendi até que ouvi. Até você
percebeu depois de um segundo..." Ele desviou o olhar, rosnando.
"Voltando um instante. Ela não vai deixar você." O sarcasmo estava ácido na
minha língua. "Você já parou para pensar que ela é tão forte quanto qualquer
outra garota de 50 quilos? Quão estúpidos são vocês vampiros? Segurem-na e
nocauteiem-na com remédios."
"Eu quis fazer isso, " ele suspirou. "Carlisle teria feito..."
O que, eles eram tão nobres assim?
"Não. Não nobres. A guarda costas dela complicou as coisas."
Oh. A história dele não fez muito sentido antes, mas agora sim. Então era isso
que a loira estava fazendo. O que ela queria? A rainha da beleza queria tanto
que Bella morresse?
"Talvez, " ele disse. "Rosalie não vê as coisas bem desse jeito."
"Então, tire a loira do caminho primeiro. Sua espécie pode se regenerar, não?
Faça dela um quebra-cabeças e cuide da Bella."
"Emmett e Esme estão tomando conta dela. Eles nunca nos deixariam... e
Carlisle não me ajudaria com Esme contra isso..." Ele aproou, sua voz
desaparecendo.
"Você devia ter deixado a Bella comigo."
"Sim."
Era um pouco tarde para isso. Talvez ele devesse ter pensado nisso antes que
eles fizessem o monstrinho sugador de vida.
Ele olhou para mim de dentro do seu inferno particular, e eu podia ver que ele
concordava comigo.
"Nós não sabíamos," ele disse, palavras calmas como um suspiro. "Eu nunca
pensei nisso. Nunca houve algo como Bella e eu antes. Como nós poderíamos
saber que uma humana poderia conceber uma criança com um de nós -"
"Quando as mulheres deviam ser rasgadas ao meio no processo?"
"Sim," ele concordou num suspiro tenso. "Eles não eram daqui, os sádicos,
incubus e succubus. Eles existem. Mas a sedução é meramente um prelúdio
para festa. Ninguém sobrevive." Ele balançou a cabeça como se a idéia o
revoltasse. Como se ele fosse muito diferente.
"Nem mesmo você, Jacob Black, pode me odiar tanto quanto eu me odeio."
Errado, eu pensei, nervoso demais para falar.
"Me matar agora não vai salvá-la," ele disse devagar.
"Então, o que a salva?"
"Jacob, você tem que fazer uma coisa para mim."
"À merda, que eu faço, parasita!"
Ele se manteve olhando para mim com aqueles olhos cansados e
transtornados.
"Por ela?"
Eu fechei meus dentes com força." Eu fiz o que eu pude para mantê-la longe
de você. Tudo o que eu pude. É tarde demais."
"Você a conhece, Jacob. Você está ligado a ela de um jeito que eu não posso
sequer entender. Ela não vai me ouvir, porque ela acha que eu a estou
subestimando. Ela acha que é forte o suficiente para isso..." Ele respirou e
engoliu seco. "Ela pode escutar você."
"Por que ela escutaria?"
Ele se balançou, seus olhos queimando mais brilhantes que antes, selvagens.
Eu imaginei se ele estava mesmo ficando louco. Poderiam vampiros perder a
cabeça?
"Talvez," ele respondeu ao meu pensamento. "Eu não sei. Parece que sim."
Ele balançou a cabeça. "Eu tenho que tentar esconder isso na frente dela,
porque o estresse faz com que ela fique mais fraca. Ela não pode ficar mais
fraca. Eu tenho que me compor. Eu não posso fazer isso ser mais difícil. Mas
não importa agora. Ela tem que te escutar!"
"Eu não posso dizer nada que você já não tenha dito. O que você quer que eu
faça? Diga a ela que ela é estúpida? Ela provavelmente já sabe disso. Diga que
ela vai morrer? Aposto que ela já sabe, também."
"Você pode oferecê-la o que ela quer."
Não estava fazendo sentido. Parte da loucura?
"Eu não me importo com mais nada, a não ser mantê-la viva," ele disse, de
repente focado no assunto. "Se são crianças o que ela quer, ela pode ter. Ela
pode ter meia dúzia deles. Tudo o que ela quiser." Ele parou por um instante.
"Ela pode ter filhotes, se é o que é preciso."
Ele encontrou o meu olhar por um momento e o rosto dele estava preso por
um fio de controle. Eu desfranzi minha testa enquanto processava as palavras
dele, e senti a minha boca abrir em choque.
"Mas não desse jeito," ele gritou antes que eu pudesse me recuperar. "Não
essa coisa que está sugando a vida dela enquanto eu fico aqui, de mãos atadas!
Assistindo-a adoecer e enfraquecer. Vendo isso a machucando”. Ele respirou
fundo rapidamente, como se alguém o tivesse socado no estômago. "Você tem
que fazê-la ver, Jacob. Ela não vai mais me ouvir. Rosalie está sempre ali,
alimentando essa loucura - encorajando-a. Protegendo-a. Não, protegendo
aquilo. A vida da Bella não significa muita coisa para ela.”
O barulho da minha garganta soava como se eu estivesse sufocando.
O que é que ele estava dizendo? Que a Bella deveria o quê? Ter um bebê?
Comigo? O quê? Ele estava desistindo dela? Ou ele pensou que ela não se
importaria em ser dividida?
"Qualquer coisa. Qualquer coisa que a mantenha viva."
"Essa é a coisa mais louca que você já disse," eu resmunguei.
"Ela ama você."
"Não o bastante."
"Ela está prestes a morrer para ter um filho. Talvez ela aceite algo menos
extremo."
"Você não a conhece, não?"
"Eu sei, eu sei. Vai ter que ser bem convincente. É por isso que eu preciso de
você. Você sabe como ela pensa. Faça-a ver."
Eu não conseguia pensar no que ele estava sugerindo. Era demais. Impossível.
Errado. Doentio. Pegar Bella para um fim de semana e depois devolvê-la
como um filme na locadora? Terrível ...Tão tentador.
Eu não queria considerar, não queria nem mesmo imaginar, mas as imagens
vinham. Eu fantasiei com Bella, várias vezes, de volta onde ainda havia uma
possibilidade de nós, e mesmo depois de ter desfeito essas fantasias, elas
permaneciam feridas abertas, porque não havia possibilidade, não mais. Eu
não tinha sido capaz de evitar. Eu não podia me impedir agora. Bella nos meus
braços, Bella suspirando o meu nome...
Ainda pior, essa nova imagem que eu tivera antes, uma que não tinha sequer
existido para mim. Até agora. Uma imagem que eu sabia que eu não teria
sofrido por anos se ele não tivesse enfiado na minha cabeça. Mas estava lá,
tecendo teias no meu cérebro como ervas daninhas - venenosas e imortais.
Bella, saudável e brilhante, bem diferente de agora, mas algo era o mesmo: o
corpo dela, não deformado, modificado de modo mais natural. Protegendo
meu filho.
Eu tentei escapar da rede venenosa na minha cabeça. "Fazer a Bella ver? Em
qual universo você vive?"
"Ao menos tente."
Balancei minha cabeça rapidamente. Ele esperou, ignorando uma resposta
negativa porque ele podia ouvir o conflito na minha cabeça.
"De onde veio toda essa besteira? Você está fazendo isso para quê?"

"Eu não tenho pensando em mais nada, a não ser maneiras de salvá-la desde
que eu percebi o que ela estava planejando. Pelo que ela pretendia morrer.
Mas eu não sabia como falar com você. Eu sei que você não atenderia se eu
ligasse. Eu teria que achar um jeito se você não tivesse vindo aqui hoje. Mas é
difícil deixá-la, mesmo que por alguns minutos. A condição dela... muda
muito rápido. Essa coisa... está crescendo. Depressa. Eu não posso ficar longe
dela agora."
"O que é aquilo?"
"Nenhum de nós tem idéia. Mas é mais forte que ela. Já."
Eu pude de repente ver então - ver o monstrinho na minha cabeça, destruindoa
de dentro para fora.
"Me ajude a acabar com isso," ele sussurrou. "Me ajude a impedir que isso
aconteça."
"Como? Oferecendo os meus serviços?" Ele não pareceu se aborrecer com o
que eu disse, mas eu sim. "Você é realmente doente. Ela nunca vai ouvir isso."
"Tente. Não há nada a perder agora. Vai doer fazer isso?"
Doeria em mim. Eu não tive doses de rejeição suficiente da Bella não?
"Um pouquinho de dor psra salvá-la? É um custo muito alto?"
"Mas não vai funcionar."
"Talvez não. Talvez isso a deixe confusa. Talvez ela repense sua decisão. Um
momento de dúvida, é tudo o que eu preciso."
"E então você volta atrás na oferta? 'estava brincando, Bella'?
"Se ela quer um filho, é isso que ela vai ter. Eu não vou voltar atrás."
Eu não podia acreditar nem mesmo que eu estava pensando sobre isso. Bella
me socaria - não que eu me importasse muito com isso, mas ela
provavelmente quebraria a mão de novo. Eu não devia ter deixado ele falar
comigo, confundir a minha cabeça. Eu devia era matá-lo agora.
"Não agora," ele suspirou. "Não ainda. Certo ou errado, isso vai matá-la, e
você sabe disso. Não é necessário ser apressado. Se ela não te escutar, você
terá sua chance. No momento em que o coração da Bella parar de bater, eu
vou implorar para que você me mate.
"Você não vai precisar implorar muito."
A insinuação de um sorriso pareceu brotar-lhe no canto dos lábios. "Eu estou
contando com isso."
"Então, temos um trato."
Ele concordou e me estendeu sua mão fria e dura.
Engolindo minha repugnância, eu estendi a minha mão e alcancei a dele. Meus
dedos apertaram a rocha, e eu balancei uma vez.
"Temos um trato," ele concordou.

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