AVISO

Querido leitores de momento o Cold Blood Fanfics encontra-se em manutenção.

Voltaremos em princípio ainda este mês com mais novidades, colunas novas, entrevistas com autores de fanfics, etc..., provavelmente também com uma nova cara.

Por isso, se virem novos conteúdos no blog, não se "assustem" nem pensem que voltamos ao ativo.

Quando estivermos terminando postaremos uma mensagem.

Obrigada pela atenção.

A Equipa do CBF

Amanhecer_Livro3: Bella: Capítulo 21: A primeira caça

Capítulo 21 – A primeira caça

“A janela?” Eu perguntei, olhando dois andares para baixo.

Eu realmente nunca havia tido medo de altura, mas poder ver todos os detalhes tão claramente fizeram a idéia de pular menos atraente. Os ângulos das rochas em baixo eram mais agudos do que eu os teria imaginado.

Edward sorriu. “É a saída mais conveniente. Se você está assustada, eu posso te carregar.”

“Nós temos toda a eternidade, e você está preocupado com o tempo que eu levaria para caminhar até a porta?”

Ele fez uma careta. “Renesmee e Jacob estão lá embaixo…”

“Oh”

Certo. Eu era o monstro agora. Eu tinha que ficar longe de cheiros que poderiam acordar o meu lado selvagem. Das pessoas que eu amava principalmente. Mesmo daqueles que eu ainda não conhecia.

“E Renesmee… ok… com Jacob lá?” Eu sussurrei. Eu percebi atrasada que tinha que ser o coração de Jacob que eu estava ouvindo lá em baixo. Eu ouvi com atenção de novo, mas tudo que eu podia ouvir era um pulso constante. “Ele não gosta muito dela.”

Os lábios de Edward se apertaram em uma linha fina. “Acredite, ela está perfeitamente a salvo. Eu sei exatamente o que Jacob está pensando.”

“É claro,” Eu murmurei, e olhei pra baixo de novo.

“Com medo?” ele desafiou.

“Um pouco. Eu não sei como…”.

Eu estava bem consciente da minha família atrás de mim, observando silenciosamente. Muito silenciosamente. Emmet já tinha rido por baixo da respiração uma vez. Um erro, e ele estariam rolando no chão. E então as piadas sobre o único vampiro desgracioso no mundo começariam…

E também, esse vestido - que Alice só podia ter vestido em mim enquanto eu estava muito ocupada com a queimação para perceber - não era o que eu escolheria nem para pular, e nem para caçar. Seda apertada azul clara? Para que ela pensou que eu precisaria? Haveria uma festa de coquetel mais tarde?

“Observe-me,” Edward disse. E depois, bem casualmente, ele pisou para fora da alta janela que estava aberta, e caiu.

Eu olhei cuidadosamente, analisando o ângulo em que seus joelhos haviam se dobrado para amortecer o impacto. O som dele pousando foi muito baixo - um golpe silenciado que poderia ter sido uma porta quietamente fechada, ou um livro suavemente colocado em uma mesa.

Não parecia difícil.

Cerrando meu punho e me concentrando, eu tentei copiar seu passo casual no ar.

Ha! Pareceu que o chão começou a se mover em minha direção tão devagar que parecia que não tinha nada sob meus pés - que sapatos a Alice colocou em mim? Stilettos? Ela deve ter perdido a cabeça - os meus sapatos bobos estavam no lugar tanto que no pouso não estava nada diferente, quando dei uma passada o movimento foi parando.

Eu estava absorvendo o impacto com as bolas que estavam em meus pés, nem esperei para ir direto aos meus finos calcanhares. Meu pouso pareceu apenas quieto para ele. Eu sorri de orelha a orelha.

“Certo. Fácil.”

Ele sorriu de volta. “Bella?”

“Sim?”

“Isso foi muito gracioso - mesmo para uma vampira”

Eu considerei por um momento, e depois sorri. Só foi ele dizer aquilo, que Emmet deu uma gargalhada. Ninguém achou seu comentário engraçado, então quer dizer que era verdade. Era a primeira vez que alguém se referiu a mim com uma palavra como graciosa, em toda a minha vida..hum,bem, existência.

Obrigada,” Eu disse para ele.

E depois eu tirei os sapatos prateados dos meus pés, e me voltei para eles até abrir a porta. Pequena mas forte, talvez, eu tenha ouvido alguém pegar antes de nós podermos causar danos na porta.

Alice resmungou, “O senso de moda dela não está melhorando muito o seu equilíbrio”

Edward pegou minha mão - Eu não consegui parar de me maravilhar com o contorno, a temperatura confortável de seu corpo - e se jogou entre o quintal até a margem do rio. Eu queria facilmente ficar com ele.

Tudo parecia muito simples, fisicamente.

“Será que teremos de nadar?” Perguntei a ele, quando paramos ao lado da água.

“E molhar seu lindo vestido? Não. Nós iremos pulando.”

Eu franzi meus lábios, considerando. Daqui o rio tinha uns 50 km de largura.

“Você primeiro,” Eu disse.

Ele tocou minha bochecha, tomou dois passos para trás rápido e, em seguida, correu de volta por essas duas partes, lançando-se de uma pedra plana firmemente inserida nas margens. Eu estudei o flash do movimento tal como ele se movia em formato de um arco sobre a água, finalmente ele deu um salto mortal pouco antes dele desaparecer na espessura das árvores no outro lado do rio.

“Apareça!” Eu resmunguei, e o ouvi fora do alcance dos meus olhos, rir.

Eu dei cinco passos para trás só por precaução, e respirei fundo.

De repente, eu estava ansiosa novamente. Não por conta da queda ou por ficar machucada - eu estava mais preocupada com a floresta ficar machucada.

Ela tinha chegado devagar, mas eu podia a sentir agora - rude, a força maciça emocionante em meus braços. Eu estava segura que se eu quisesse passar por um túnel embaixo do rio, arranhar ou bater meu caminho diretamente pelo leito de rocha, isso não me tomaria muito tempo. Os objetos à minha volta - as árvores, os arbustos, as rochas… A casa - tudo tinha começado a ser analisado como muito frágil.

Esperando muito que Esme não tivesse gostado de nenhuma arvore especifica do outro lado do rio, dei o meu primeiro passo largo. E logo parei quando o cetim apertado rasgou seis polegadas em cima da minha coxa. Alice!

Pois bem, Alice sempre pareceu que, ao se tratar de roupa, era como se fossem descartáveis e que significava apenas para um tempo de uso, de modo que ela não se importaria. Eu me curvei para cuidadosamente segurar a bainha da costura sem danos entre meus dedos e, exercendo a menor pressão possível, eu rasguei o vestido o abrindo até o topo de minha coxa. E então eu ajustei o outro lado para combinar.

Muito melhor.

Eu conseguia ouvir a risada abafada na casa, e até o som de alguém rangendo seus dentes. A risada veio do andar superior e debaixo, e eu facilmente reconheci a grande diferença, áspero, da risada gutural do andar de baixo.

Então, Jacob também estava observando? Eu não conseguia imaginar o que ele estava pensando agora, ou o que ele ainda estava fazendo aqui. Eu previra nossa reunião - se ele pudesse algum dia me perdoar - tendo lugar longe no futuro, quando eu estivesse mais estável, e o tempo tivesse curado os ferimentos que eu infligi em seu coração.

Eu não me virei para olhar para ele agora, alerta do meu humor oscilando. Não seria bom deixar nenhuma emoção tomar posse muito forte da minha mente. Os receios do Jasper me deixavam à margem também. Eu tinha que caçar antes que eu tratasse de qualquer outra coisa. Eu tentei esquecer todo o resto para que pudesse me concentrar.

“Bella?” - Edward chamou da floresta, sua voz se movendo mais perto. - “Você quer assistir de novo?”

Mas eu me lembrava de tudo perfeitamente, é claro, e eu não queria dar a Emmet mais motivo para achar mais humor na minha educação. Isso era físico - deveria ser instintivo. Então eu dei uma longa respirada e corri para o rio.

Desimpedida pela minha saia, levou somente um largo salto para alcançar a margem do rio. Somente um octagésimo-quarto de um segundo, e ainda isso era tempo suficiente - meus olhos e minha mente se moveram tão rápido que apenas um passo era suficiente. Era simplesmente posicionar meu pé direito contra a pedra plana e exercer a pressão adequada para enviar meu corpo girando através do ar. Eu estava prestando mais atenção à pontaria do que à força, e eu errei na quantidade de força necessária - mas, pelo menos, eu não errei para o lado que me deixaria molhada. As cinqüenta jardas de largura era uma distância demasiado fácil…

Eu era uma coisa estranha, inconstante, entusiasmada, mas uma coisa pequena. Um segundo inteiro ainda tinha que passar e eu estava a caminho.

Eu esperava que as árvores próximas fossem um problema, mas elas eram surpreendentemente um auxílio. Era apenas uma questão de ir mais longe com uma mão certa, enquanto eu ia em direção a terra de novo, no interior da floresta e pegava num conveniente galho; eu balancei suavemente nas pernas e pousei em meus pés, ainda a quinze pés do solo, no galho largo de um abeto de Sitka.

Isso foi fabuloso.

Acima do barulho de minha risada deliciada, eu podia ouvir Edward correndo para me encontrar. Meu pulo havia sido duas vezes mais longo que o dele. Quando ele alcançou minha árvore, seus olhos estavam largos. Eu saltei agilmente do galho para o lado dele, o pouso sem som de novo, na esfera de meus pés.

“Isso foi bom?” - eu perguntei, minha respiração acelerada com excitação.

“Muito bom.” - ele sorriu aprovando, mas seu tom casual não combinou com a expressão surpresa em seus olhos.

“Podemos fazer isso de novo?”

“Foco, Bella - estamos numa viagem de caça.”

“Oh, certo.” - eu concordei. - “Caça.”

“Siga-me… se você conseguir.” - ele riu, sua expressão de repente provocando, e começou a correr.

Ele era mais rápido do que eu. Eu não conseguia imaginar como ele movia suas pernas com tanta velocidade cega, mas estava além de mim. No entanto, eu era mais forte, e cada passo largo meu combinou com o comprimento de três do seu. Então eu voei com ele pela teia verde viva, do seu lado, não seguindo de forma alguma. Enquanto eu corria, eu não podia deixar de rir calmamente daquela emoção; o riso não me atrasou ou atrapalhou meu foco.

Eu pude finalmente entender porque Edward nunca bateu nas arvores quando corria - uma questão que sempre havia sido um mistério pra mim. Era uma sensação peculiar, o balanço entre a velocidade e a claridade. Enquanto eu avançava para cima, para baixo e através do grosso labirinto de jade em um ritmo que reduzia tudo ao meu redor a um borrão verde, eu podia ver plenamente cada pequena folha em cada pequeno galho de cada insignificante arbusto que eu passava.

O vento da minha velocidade misturava meu cabelo e meu vestido rasgado atrás de mim, e, embora eu soubesse que eu não podia, eu sentia calor contra a minha pele. Assim como o chão áspero da floresta não podia ser sentido como veludo nas solas dos meus pés descalços, e os calombos que raspavam contra a minha pele não deviam parecer como penas que me acariciavam.

A floresta estava muito mais viva que eu algum dia soube - pequenas criaturas cuja existência eu nunca havia adivinhado encontravam-se em abundancia nas folhas ao meu redor. Todos eles cresceram silenciosamente depois que nós passamos, sua respiração rápida devido ao medo. Os animais tinham uma reação muito mais sábia ao nosso cheiro do que os humanos pareciam ter. Certamente, tinha o efeito oposto em mim.

Eu continuava esperando me sentir sem fôlego, mas o fôlego veio sem esforço. Eu esperei pela queimação começar nos meus músculos, mas minha força apenas parecia crescer enquanto eu me acostumava com meu passo largo. Os meus limites se estenderam, e logo ele estava tentando me acompanhar. Eu ri novamente, exultante, quando eu o ouvir ficar para trás. Meus pés nus tocavam o chão tão pouco agora que eu sentia que estava voando ao invés de correndo.

“Bella” ele chamou secamente, sua voz igual, preguiçosa. Eu não podia ouvir mais nada; ele havia parado.

Eu considerei brevemente continuar.

Mas, com um suspiro, eu girei e pulei ligeiramente para o seu lado, algumas jardas atrás. Eu olhei pra ele com expectativa. Ele estava sorrindo, com uma sobrancelha erguida. Ele era tão bonito que eu só podia olhar.

“Você quer ficar no país?” ele perguntou, se divertindo. “Ou você está planejando continuar até o Canadá esta tarde?”

“Aqui está ótimo”, eu concordei, me concentrando menos no que ele estava dizendo e mais no jeito maravilhoso que seus lábios se mexiam quando ele falava. Era difícil não ficar distraído com tudo novo em meus novos olhos. “O que nós estamos caçando?”

“Alces. Eu pensei em algo mais fácil para a primeira vez…”. Ele baixou a voz quando meus olhos se estreitaram na palavra fácil.

Mas eu não ia discutir; eu estava com muita sede. Assim que eu comecei a pensar sobre a queimação seca na minha garganta, foi tudo em que eu consegui pensar. Definitivamente ficando pior. Minha boca parecia como ás quatro da tarde no mês de Junho no Vale da Morte.

“Onde?” eu perguntei, procurando nas árvores impacientemente. Agora que eu tinha dado atenção a minha sede, ela pareceu manchar cada outro pensamento na minha cabeça, fugindo para pensamentos mais agradáveis como correr e os lábios do Edward beijando os meus e a… Sede que queimava. Eu não podia fugir daquilo.

“Pare quieta por um minuto,” ele disse, colocando suas mãos devagar no meu ombro. A urgência da minha sede diminuiu momentaneamente com seu toque.

“Agora feixe os olhos,” ele murmurou. Quando eu obedeci, ele ergueu as mãos e acariciou minha maçã do rosto. Eu senti minha respiração ficando mais rápida e por um breve momento eu esperei inutilmente corar.

“Ouça,” Edward instruiu. “O que você está ouvindo?”

Tudo, eu poderia ter dito; sua voz perfeita, sua respiração, seus lábios se tocando enquanto ele falava o sussurro de pássaros que alisam os pais com o bico no topo das árvores, as suas batidas do coração tremulando, o vento soprando nas folhas, o clique fraco de formigas marchando enfileiradamente ao lado da árvore mais próxima. Mas eu sabia que ele estava se referindo o algo específico, então ignorei toda a variedade externa que eu ouvia, buscando algo diferente do que o pequeno zumbido de vida que me cercava. Havia um espaço aberto perto de nós - o vento tinha um som diferente quando cruzava a grama - e um pequeno córrego, com uma cama rochosa. E lá, perto do barulho da água, eu pude ouvir línguas dentro da água, junto ao barulhento estrondear de corações pesados, bombeando as correntes grossas de sangue…

Eu senti como se minha garganta tivesse fechado bruscamente

“Pelos meus sentidos, ao noroeste?” Perguntei os meus olhos ainda fechados.

“Sim.” O seu tom era aprovador. “Agora… espere pela brisa novamente e… o que você cheira?”

Quase só ele - o seu estranho perfume lilás-com-mel-ao-sol. Mas também o rico cheiro de terra quente e musgo, a resina em todo o verde, o aroma quente, quase abundante, dos pequenos roedores que se enfiavam embaixo das raízes das árvores. E depois, procurando novamente, o cheiro da água, que foi surpreendentemente desagradável apesar da minha sede. Foquei meu olfato em direção à água e encontrei o cheiro que deveria ter ido embora com o marulhar da água as batidas do coração. Outro cheiro quente rico e especial, mais forte que os outros. E ainda tão repugnante quando o do riacho. Enruguei o nariz.

Ele riu. “Eu sei - demora um tempo para se acostumar.”

“Três?” eu perguntei.

“Cinco. Tem mais dois nas árvores atrás deles.”

“O que eu faço agora?”

A voz dele fez com que parecesse que estava sorrindo. “O que você quer fazer?”

Eu pensei nisso, meus olhos ainda fechados enquanto eu escutava e respirava o cheiro. Outro acesso quente me invadiu, e de repente, o odor quente e especial não era mais tão desagradável. Pelo menos haveria alguma coisa quente e molhada na minha boca ressecada. Meus olhos se abriram.

“Não pense.” ele sugeriu, enquanto tirava as mãos do meu rosto de dava um passo para trás. “Apenas siga seus instintos.”

Eu me deixei ser levada pelo cheiro, pouco consciente de meus movimentos enquanto passava feito um fantasma para a clareira pequena onde a correnteza escorria. Meu corpo se virou para frente automaticamente, curvando-se quando eu hesitei na orla de árvores, perto das samambaias. Eu consegui ver um macho grande, duas dúzias de chifres pontudos como uma coroa em sua cabeça, na beira do riacho, e as sombras dos outros quatro, indo na direção leste para a floresta num ritmo despreocupado.

Eu me concentrei no cheiro do macho, o ponto quente em seu pescoço felpudo onde a pulsação era mais forte. Só uns 27 metros - dois ou três pulos - entre nós. Eu me preparei para o primeiro ataque.

Mas quando meus músculos se flexionaram, o vento mudou, soprando mais forte agora, e vindo do sul. Eu não parei pra pensar, saindo rapidamente das árvores em um caminho perpendicular ao meu plano original, assustando o alce para dentro da floresta, correndo atrás de uma nova fragrância tão atrativa que não havia uma escolha. Era compulsivo.

O cheio me dominou completamente. Eu estava certa enquanto eu o seguia, ciente apenas da sede e do cheiro que prometia aquietá-la. Então a sede ficou pior, tão dolorosa agora que confundiu todos os meus outros sentidos e começou a me lembrar do veneno queimando em minhas veias.

Só havia uma coisa que tinha uma chance de penetrar minha concentração agora, um instinto mais poderoso, mais básico do que a necessidade de extinguir o fogo - era o instinto de me proteger do perigo. Auto-preservação.

De repente eu estava alerta de que estava sendo seguida. O puxão do odor irresistível se encontrou em conflito com o impulso de voltar e defender minha presa. Um som de bolha cresceu no meu peito, meus lábios puxados para trás expondo meus dentes em aviso. Meus pés perderam velocidade, a necessidade de proteger as minhas costas lutando contra o desejo de extinguir minha sede.

E então eu pude ouvir meu perseguidor novamente, e o extinto de me defender ganhou.

Quando eu girei, o som crescente rasgou seu caminho para fora da minha garganta.

O rosnado feroz, vindo da minha própria boca, foi tão inesperado que me trouxe de volta. Libertou-me, e eu clareei minha cabeça por um minuto - a neblina trazida pela sede retrocedeu embora ela ainda queimasse.

O vento mudou, soprando o cheiro de terra molhada e chuva próxima no meu rosto. - um cheiro tão delicioso que só poderia ser humano.

Edward hesitou alguns metros atrás, seus braços levantados como se ele fosse me abraçar - ou me segurar. Seu rosto era atento e cauteloso enquanto eu congelei, horrorizada.

Eu percebi que estava prestes a atacá-lo. Com um forte empurrão, eu sai da minha posição de defesa. Eu segurei meu fôlego e me foquei, temendo o poder da fragrância vinda do sul.

Ele podia ver a razão retornando para a minha face, e ele deu um passo na minha direção, abaixando seus braços.

“Eu tenho que sair daqui,” eu falei através dos meus dentes, usando o fôlego que eu tinha.

O choque atingiu seu rosto. “Você consegue ir embora?”

Eu não tinha tempo para perguntar a ele o que ele queria dizer com aquilo. Eu sabia que a habilidade de pensar claramente iria durar apenas enquanto eu não me permitisse pensar -

Eu sai numa corrida novamente, uma corrida de curta distancia em direção ao norte, me concentrando apenas no sentimento desconfortável de privação sensorial que parecia ser a única resposta do meu corpo a falta de oxigênio. Meu único objetivo era de correr para longe o bastante para que o cheiro atrás de mim estivesse completamente perdido.

Impossível de ser encontrado, mesmo se eu mudasse de idéia…

Mais uma vez, eu estava ciente que estava sendo seguida, mas eu estava sã dessa vez. Eu lutei contra o extinto de respirar - de usar os cheiros no ar pra ter certeza que era o Edward. Eu não precisei lutar por muito tempo; embora estivesse correndo mais rápido do que antes, rápida como um cometa através do caminho reto. Eu poderia encontrá-lo nas arvores; Edward me alcançou apenas um minuto depois.

Um novo pensamento me ocorreu, e eu parei morta, meus pés plantados. Eu tinha certeza que eu estava segura aqui, mas eu seguirei minha respiração só por precaução.

Edward me passou, surpreso com a minha parada repentina. Ele rodeou em volta e estava no meu lado em um segundo. Ele colocou suas mãos no meu ombro e encarou meus olhos, choque ainda era a emoção dominante em sua face.

“Como você fez isso?” ele exigiu.

“Você me deixou vencer antes, não foi?” eu exigi de volta, ignorando sua pergunta. E eu pensei que estava indo tão bem!

Quando eu abri minha boca, eu podia sentir o gosto do ar - não estava mais poluído agora, com os rastros do perfume que atormentava minha sede. Eu respirei cautelosamente.

Ele encolheu e balançou sua cabeça, recusando a se desviar. “Bella, como você fez?”

“Sair correndo? Eu segurei minha respiração.”

“Mas como você parou de caçar?”

“Quando você veio atrás de mim… eu sinto muito sobre aquilo.”

“Porque você está se desculpando comigo? Fui eu que fui horrivelmente descuidado. Eu achei que ninguém iria estar tão longe das trilhas, mas eu deveria ter checado primeiro. Um erro tão estúpido! Você não tem nada pelo que se desculpar.”

“Mas eu rugi pra você!” Eu ainda estava horrorizada de ter sido psicologicamente capaz de tal blasfêmia.

“É claro que você rugiu pra mim. Aquilo foi apenas natural. Mas eu não consigo entender como você fugiu.”

“O que mais eu podia fazer?” eu perguntei. Sua atitude me confundiu - o que ele queria que tivesse acontecido? “Podia ter sido alguém!”

Ele me encarou, de repente explodindo em uma alta risada, jogando sua cabeça pra trás e deixando o som do ecoar pelas arvores.

“Porque você está rindo de mim?”

Ele parou de uma vez, e eu podia ver que ele estava cuidadoso de novo.

Mantenha o controle, eu pensei comigo mesma. Eu tenho que cuidar do meu temperamento. Como se eu fosse um lobisomem jovem ao invés de um vampiro.

“Eu não estou rindo de você, Bella. Eu estou rindo porque estou chocado. E eu estou chocado porque estou completamente espantado.”

“Por quê?”

“Você não deveria ser capaz de nada disso. Você não deveria ser tão… racional. Você não deveria ser capaz de ficar aqui discutindo calma e friamente comigo. E, muito mais do que isso, você não deveria ter sido capaz de parar no meio de uma caça com o cheiro de sangue humano no ar. Mesmo vampiros maduros têm dificuldade em fazer isso - sempre fomos muito cuidadosos sobre onde caçamos pra não nos colocarmos no caminho da tentação. Bella, você está se comportando como se você tivesse décadas ao invés de dias de idade.”

“Oh.” Mas eu sabia que ia ser difícil. É por isso que não baixei a guarda. Eu estava esperando dificuldades.

Ele colocou suas mãos no meu rosto novamente, e seus olhos estavam maravilhados. “O que eu não daria pra ser capaz de ver dentro da sua mente por apenas esse momento.”

Emoções tão poderosas. Eu havia estado me preparando para a parte da sede, mas não pra isso. Eu estava certa de que não seria capaz de ser a mesma quando ele me tocasse. Bom, na verdade, eu não era a mesma coisa.

Era mais forte.

Eu estendi minhas mãos passando pelos traços de seu rosto; meus dedos demorando em seus lábios.

“Eu pensei que não seria capaz de me sentir assim por um longo tempo?” Minha incerteza fez das palavras uma pergunta. “Mas eu ainda quero você.”

Ele piscou em choque. “Como você consegue se concentrar nisso? Você não está incrivelmente sedenta?”

Claro que eu estava agora, quando ele trouxe o assunto de volta!

Eu tentei me suprimir e suspirei, fechando meus olhos como antes, pra me ajudar a me concentrar. Eu deixei meus sentidos se espalharem ao redor de mim, tensa dessa vez em caso de outro ataque do delicioso sentido proibido.

Edward soltou as mãos, sequer respirando enquanto eu escutava mais e mais longe na teia de vida verde, procurando por algo entre as presenças e sons que não fosse completamente repugnante pra minha sede. Havia uma pista de algo, uma fraca impressão para o leste…

Meus olhos se abriram muito rápido, mas o meu foco ainda estava afiado quando eu me virei e me lancei na direção do leste. O chão se inclinou mais de uma vez conforme eu corria em uma caçada, agachada, rente ao chão, arrancando as arvores do caminho quando era mais fácil. Eu sentia mais que ouvia Edward correndo do meu lado, correndo silenciosamente através dos bosques, me deixando guiar.

A vegetação rareou e nós subimos mais ainda, e o som ficava mais alto, crescendo poderoso, assim como a trilha que eu seguia - era um sentido quente, mais afiado que o cheiro do alce e mais apelativo. Mais uns segundos e eu podia ouvir o bater acolchoado de pés imensos, tão mais sutil que o triturar de cascos. O som estava mais alto - mais nos galhos do que no chão. Automaticamente eu disparei nos ramos também, ganhando a estratégica posição mais alta, metade da altura de um alto e prateado abeto.

As batidas macias de patas continuavam furtivamente debaixo de mim agora; a rica sensação estava muito perto. Meus olhos localizaram o movimento ligado ao som e eu vi a pele marrom-amarelada do grande gato, escapando pela longa ramificação de um abeto, um pouco mais abaixo e a esquerda do meu posto. Ele era grande - quatro vezes a minha massa facilmente. Seus olhos estavam fixos no chão embaixo; o gato caçava também. Eu captei o cheiro de algo menor, brando perto do aroma da minha presa, acovardada debaixo da árvore. A cauda do leão se balançava espasmodicamente enquanto ele se preparava pra saltar.

Com uma leve hesitação, eu planei pelo ar e aterrissei no galho dele. Ele sentiu a madeira estremecer e se virou, rugindo surpreso e desafiador. Ele acabou com o espaço entre nós, seus olhos brilhantes de fúria. Meio-louca de sede como estava, eu ignorei as presas expostas e as unhas afiadas e me lancei nele, jogando nós dois no chão da floresta.

Não foi bem uma luta.

Suas unhas arranhando podiam ter sido dedos carinhosos pelo impacto que deixaram na minha pele. Seus dentes não tinham utilidade no meu ombro ou na minha garganta. Seu peso não era nada. Meus dentes procuraram sem erro sua garganta, e a resistência instintiva dele era quase pateticamente fraca contra minha força. Minhas mandíbulas se fecharam precisamente sobre o ponto onde o calor era maior.

Era fácil como morder manteiga. Meus dentes eram navalhas de aço, eles cortaram a pele e a gordura e tendões como se eles não estivessem lá.

O sabor estava errado, mas o sangue era quente e úmido, e acabou com a áspera, ardente sede enquanto eu bebia ávida. A luta do gato se tornou mais e mais fraca e seus gritos sufocaram com um gorgolejo. O calor do sangue irradiou em todas as partes do meu corpo, atingindo até mesmo a ponta dos meus dedos das mãos e dos pés.

O leão estava acabado antes de eu estar. A sede cresceu de novo quando ele ficou seco, e eu empurrei sua carcaça pra longe do meu corpo com repugnância. Como eu ainda poderia estar com sede depois disso?

Fiquei ereta em um movimento rápido. De pé, eu me dei conta que eu estava meio bagunçada. Eu limpei o meu rosto com as costas do meu braço e tentei arrumar o vestido. As garras que haviam sido tão ineficientes contra a minha pele tinham tido mais sucesso com o cetim.

“Hmm,” Edward disse. Eu olhei pra cima e o vi apoiado casualmente contra o tronco de uma árvore, me olhando de forma pensativa.

“Eu acho que eu podia ter feito isso melhor.” Eu estava coberta de sujeira, meu cabelo com nós, meu vestido manchado de sangue e pendurado em farrapos. Edward não vinha pra casa de viagens de caça parecendo desse jeito.

“Você foi perfeitamente bem,” ele me assegurou. “É só que… foi muito mais difícil de assistir do que deveria ter sido.”

Eu levantei minhas sobrancelhas confusas.

“Vai contra o meu extinto”, ele explicou, “deixar você lutar com leões. Eu estava tendo um ataque de ansiedade o tempo todo.”

“Bobo.”

“Eu sei. Velhos hábitos não morrem fácil. Eu gostei das melhorias do seu vestido, no entanto.”

Se eu pudesse corar, eu teria. Eu mudei de assunto. “Porque eu ainda estou com sede?”

“Porque você ainda é jovem.”

Eu suspirei. “E eu não suponha que tenha outro leão da montanha por perto.”

“Muitos veados, no entanto.”

Eu fiz uma cara. “Eles não cheiram tão bem.”

“Herbívoros. Os que comem carne cheiram mais como os humanos,” ele explicou.

“Não tanto quanto os humanos,” eu discordei, tentando não me lembrar.

“Nós poderíamos voltar,” ele disse solenemente, mas havia um olhar provocador.

“No entanto quem quer que esteja lá fora, se forem homens, eles provavelmente não se importariam se for você que estiver matando eles.” O olhar passando por meu vestido rasgado novamente. “Na verdade, eles iriam pensar que eles já haviam morrido e ido pro céu no momento que eles vissem você.”

Eu revirei meus olhos e inalei. “Vamos caçar uns herbívoros fedidos.”

Nós encontramos um grande rebanho de cervos quando corríamos de volta pra casa. Ele caçou comigo dessa vez, agora que eu tinha pegado o jeito da coisa. Eu abati uma grande quantidade fazendo quase tanta sujeira quanto tinha feito com o leão. Ele tinha acabado com dois antes deu acabar com o primeiro, sem nenhum cabelo franzido, nem uma mancha na sua camisa branca. Ele perseguiu o assustado e espalhado rebanho, mas ao invés de se alimentar de novo, dessa vez eu assisti cuidadosamente para ver como ele era capaz de caçar tão limpo.

Todas as vezes que eu havia desejado que Edward não tivesse que me deixar pra trás quando ele caçava, eu havia estado secretamente um pouco aliviada. Porque eu estava certa que ver isso iria me assustar. Horrorizar. Que vê-lo caçar iria finalmente fazer com que ele parecesse um vampiro pra mim.

É claro, isso era muito diferente dessa perspectiva, com eu sendo uma vampira. Mas eu duvidei que mesmo meus olhos humanos perdessem a beleza aqui.

Era uma experiência surpreendentemente sensual ver Edward caçando. Seu salto suave era sinuoso como o ataque de uma cobra; suas mãos eram tão certeiras, tão fortes, tão completamente incapazes de deixar escapar; seus lábios cheios eram perfeitos enquanto eles se abriam sob seus dentes resplandecentes. Ele era glorioso. Eu senti um súbito choque de orgulho e desejo. Ele era meu. Nada poderia me separar dele agora. Eu era forte o suficiente para ser arrastada do seu lado.

Ele era muito rápido. Ele se virou para mim e encarou curiosamente a minha expressão de desejo.

“Não está mais com sede?” ele perguntou.

Eu dei de ombros. “Você me distraiu. Você é tão melhor que eu.”

“Séculos de prática.” Ele sorriu. Seus olhos eram uma desconcertante sombra amorosa com cor de mel agora.

“Só um” eu o corrigi.

Ele riu. “Você acabou por hoje? Ou quer continuar?”

“Acabei eu acho.” Eu me senti cheia, e meio enlameada, também. Eu não tinha certeza de quanto mais líquido era necessário para me encher. Mas a queimação de minha garganta estava sossegada, Então, de novo, eu tive certeza de que a sede era uma parte sem saída dessa vida.

E de muita importância.

Eu me senti no controle. Talvez meu sentido de segurança fosse falso, mas eu me senti bem em não matar ninguém hoje. Se eu podia resistir totalmente aos humanos estranhos, eu não seria capaz de lidar com o lobisomem e com uma criança meio-humana que eu amava?

“Eu quero ver Renesmee,” eu disse. Agora que a minha sede estava domada (mas não perto de estar apagada), as minhas preocupações de mais cedo foram dificilmente esquecidas. Eu quis conciliar que a estranha que era a minha filha com a criatura que eu amava há três dias atrás. Isso era tão estranho, tão errado não a tê-la em meus braços. Abruptamente, eu me senti vazia e preocupada.

Ele ofereceu sua mão para mim. Eu a peguei, e sua pele pareceu mais quente do que antes. Seu rosto estava levemente corado, as sombras debaixo de seus olhos tinham sumido completamente.

Eu era incapaz de resistir a acariciar seu rosto de novo. E de novo.

Eu meio que tinha esquecido de que eu estava esperando uma resposta ao meu pedido enquanto eu encarava seus olhos dourados cor-de-whisky.

Isso era quase tão difícil quanto tinha sido manter distância da essência de sangue humano, mas eu de alguma forma mantinha firmemente em minha cabeça que eu necessitava ser gentil enquanto eu me colocava na ponta dos pés, esticava meus braços e os enrolava ao redor dele. Gentilmente.

Ele não hesitou em seus movimentos; seus braços se prenderam ao redor de minha cintura e me puxou perto de seu corpo. Seus lábios se encontraram com os meus, mas eles pareciam suaves. Meus lábios não mais se moldaram aos seus; eles estavam se segurando.

Como antes, era como o toque de sua pele, seus lábios, suas mãos, se afundavam diretamente pela minha superfície, pela minha pele dura e iam direto para os meus novos ossos. Bem para o centro do meu corpo. Eu não conseguia imaginar que eu seria capaz de amá-lo mais do que eu amava.

Minha antiga mente não era capaz de suportar todo esse amor. Meu coração antigo não era forte o suficiente para agüentar isso.

Talvez essa era a parte de mim que se intensificou com a minha nova vida. Como a compaixão de Carlisle e a devoção de Esme. Eu provavelmente nunca seria capaz de fazer nada de interessante ou especial como Edward, Alice e Jasper conseguiam fazer.

Talvez eu somente iria amar Edward mais do que qualquer pessoa na história do mundo tenha amado outra pessoa.

Eu podia viver com isso.

Eu me lembrava de partes como essa - entrelaçando meus dedos em seu cabelo, traçando a superfície de seu peito - mas as outras partes eram novas. Ele era novo. Era uma experiência completamente nova com Edward me beijando sem medo, tão fortemente. Eu respondia a sua intensidade, e então subitamente nós estávamos caindo.

“Oops,” eu disse, e ele riu debaixo de mim. “Eu não queria te atacar assim. Você está bem?”

Ele acariciou o meu rosto; “Um pouco melhor do que bem.” E então uma expressão perplexa através seu rosto. “Reneesme?” ele perguntou de maneira incerta, tentando se certificar do que eu mais queria naquele momento. Uma pergunta difícil de ser respondida, porque eu queria tantas coisas ao mesmo tempo.

Eu podia dizer que ele não estava exatamente averso a adiar nosso retorno da viagem, e era difícil de pensar muito sobre isso com a sua pele debaixo da minha - não havia sobrado quase nada da minha roupa. Mas a minha memória da Renesmee, antes e depois do nascimento, estava virando mais e mais como um sonho. E isso não era bom. Todas as minhas memórias dela eram memórias humanas, uma aura artificial sobre elas. Nada parecia real se eu não tivesse visto com esses olhos, tocado com essas mãos.

Cada minuto, a realidade sobre aquela pequena estranha estava cada vez mais distante.

“Renesmee,” eu concordei, lamentando, e me coloquei novamente em pé, puxando ele comigo.

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