Alice
Estava apenas de passagem pela floresta do Apalache. Aqui eu podia ficar mais à vontade do que nas cidades. Caso alguém cruzasse meu caminho, eu não ficaria tão desesperada para me esconder como acontecia nas cidades.
Eu gostava de correr por entre as árvores. Assim, eu podia ser confundida facilmente com um animal sem deixar que minhas vítimas soubessem que eu iria atacar. De certa forma, era menos desconcertante.
Eu gostava dos animais... Pena que eles não gostavam de mim... Esse é o lado ruim de ser um vampiro: o caçador nunca tem a caça perto por muito tempo.
Eu gostava de vê-los de perto, mas só podia fazer isso em duas ocasiões: quando eles dormiam ou se alimentavam. Pois, ocupados, eles não ficavam prestando muita atenção ao seu redor, em especial, em mim.
O monte Apalache era famoso por seus ursos. E como eu estava por perto, decidi tentar ver algum deles. Seria emocionante se eu pudesse os ver, mesmo que de longe!
Pulando de alegria só em pensar, tive a sorte de ouvir algum urso, que estava muito furioso, ao longe. Ele devia estar atrás de sua presa. Parei para ouvir de qual lado vinha o som. Em segundos, eu estava correndo em sua direção toda entusiasmada.
Eu veria um urso de perto!!!
Hei... Espere...
Parei de correr ao perceber algo... Havia algo a mais do que apenas um urso por perto. Havia a presa! É claro! Como sou boba!
Retomei a corrida.
Comecei a ouvir uma respiração ofegante, e ela não era a minha. Parecia a... parecia a de um humano. Ok, isso não é de acontecer sempre... Eu podia ainda ouvir o fraco ‘tum tum tum’ de seu coração. Essa pessoa não estava bem, disso eu me garanto!
Será que era um urso caçando o caçador? Uau! Logo na primeira vez que vejo um urso de perto, o verei em uma situação diferente! Esse é um dos raros momentos na vida que eu...
Pensando bem... Coitadinho!!!
Fechei os olhos forçando a minha mente a ver se havia alguma decisão sendo tomada ali por perto. Não havia nada!
Decidi então ir até o barulho. Era um moço que aparentava ser bem alto e forte. Ele queria... enfrentar o urso, e não fugir dele! Isso me deixou confusa!
Ele era, digamos, bem corajoso, mas de certa forma, bem estúpido também. Ele acreditava mesmo que tinha alguma chance de vencer o urso? Mas por que diabos ele estava tentando lutar contra um urso?
Cheguei mais perto. O urso estava mesmo nervoso. Ele atacou o moço que tentou se desviar dele. Até que deu certo, mas na segunda vez, ele não foi rápido o bastante, então tentou se defender. Foi inútil, pois já estava bastante ferido.
Eu tinha de fazer algo... Qualquer coisa que fosse...
Obriguei meu corpo a tomar a frente da situação. Eu era mais forte do que o urso, disso eu não tinha dúvidas, então fui até lá tentar ajudar o pobre rapaz no chão.
Cheguei bem perto dos dois, não deixaria aquele urso machucar aquele pobre rapaz ferido. Parti pra cima do urso e o ataquei. Ele não esperava achar alguém tão forte como eu.
Emmett
Havia uma garota...O urso iria me matar... Não foi justo, eu deveria ter outra chance...Eu havia caído no chão... Foi quando vi uma garota...Eu devo ter apagado...
Alice
Eu olhei para o rapaz e percebi que ele havia desmaiado de tanta dor.
Olhei mais furiosa ainda para o urso! Ele havia matado o pobre rapaz e isso eu não o perdoaria! Eu nunca havia provado sangue de urso em toda a minha vida, mas definitivamente eu queria o sangue daquele urso! Eu o mordi violentamente. Ele tentava fugir com movimentos bruscos e urrando bem alto, mas eu o drenei todinho em pouco tempo. Com a raiva que eu estava, aquele urso até que durou muito tempo!
Deixei o que sobrou de seu corpo cair no chão. Eu fiquei preocupada que, talvez, o rapaz pudesse ter visto o que fiz, mas... Ele ainda estava imóvel no chão.
- Não... não... não... Pobrezinho...
Corri até ele, ele estava perdendo muito sangue e seu coração batia cada vez mais fraco.
O olhei por alguns segundos... Ouvi alguns passos ao longe, mas eu não fugiria e o deixaria ali. Não sou assim...
Sentei ao seu lado e toquei sua pele. Era quentinho... Os humanos eram quentinhos, mas ele estava esfriando rapidamente... Pobrezinho, eu pensava o que poderia fazer para salvá-lo.
Eu imaginei que talvez ele tivesse família e pessoas que procurassem por ele, mas os passos que ouvi sumiram... Era uma moça tomando a decisão de fugir, era tudo o que distingui...
- Sua namorada não era muito valente, não? Você queria protegê-la?
Eu sabia que ele não deveria estar me ouvindo. Acariciei seu rosto e ele abriu os olhos por alguns segundos, ele queria pedir por ajuda, mas não podia.
- Calma, aquele urso não lhe fará mais mal...
Ele voltou a fechar os olhos. Eu sabia que ele estava morrendo, pois ele não tomava decisões...
Eu queria poder confortá-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas não era verdade. Eu o abracei. Foi nesse momento que seus ferimentos ficaram muito próximos de mim... Seu sangue tinha um cheiro muito bom... Sem querer, eu acabei o mordendo também... Ele se contorceu e eu o soltei.
Eu não poderia ter feito isso, o coitadinho estava sofrendo... Eu era um mostro sem coração...
- Me desculpe, me desculpe, me perdoe moço, por favor....
Emmett
Aquela luz... Havia uma luz... Eu a via...
Eu sentia a presença de alguém... Deveria ser a garota...
O urso poderia matá-la e eu deveria estar de pé a defendendo... Ela parecia indefesa, partindo para cima de um urso enorme... Mas eu estava no chão.
Eu precisava me mexer, mas não conseguia, com muito esforço pude abrir meus olhos. Alguém muito frio havia tocado em mim... Eu pude ver seu rosto, ela estava toda suja de sangue... O urso devia tê-la ferido também...
Eu queria levantar, mas não conseguia... Fechei meus olhos, eu estava perdendo a consciência de novo?
Eu senti algo me morder... Provavelmente o urso voltou para terminar seu trabalho e também deveria ter matado a pobre garotinha indefesa...
Começou a doer, a doer muito forte e queimava, no começo parecia uma picada de cobra, mas tudo foi ficando mais e mais dolorido.
Deus, será que nem morrer eu poderia em paz?
Alice
Ele começou a gritar e a se contorcer, o que eu tinha feito? Eu não queria machucá-lo ainda mais! Não, eu não queria!
Eu não sabia o que fazer, mas não podia vê-lo agonizar mais e mais.
Eu tinha que fazer algo, mas não poderia deixá-lo ali. Ele poderia ser o almoço de outro urso. Eu nunca me perdoaria por isso!
Me lembrei que havia passado por uma cabana um pouco antes de chegar ao urso. Eu poderia deixar o rapaz lá e procurar por ajuda! Sim, eu procuraria por um padre, ninguém poderia morrer sem ter a chance de receber um último perdão, não é?! Ainda mais um pobre rapaz tão novo...
Eu o peguei no colo e o levei rapidamente para a cabana. Carregá-lo até lá foi estranho, ele ficou um pouco desajeitado, mas não porque ele era pesado, apenas era grande demais para mim.
Ainda bem que a cabana estava abandonada. Ela estava caindo aos pedaços, mas pelo menos ele estaria protegido dos ursos. Havia uma cama, toda cheia de poeira, mas eu daria um jeito nisso. Coloquei-o no chão e sai com o lençol e o bati bastante lá fora. Arrumei rapidamente a cama e o coloquei lá.
Eu peguei um pouco de água para me limpar. Não poderia aparecer em uma igreja suja de sangue... Não no rosto... Ou perceberiam quem eu era.
- Eu voltarei rapidinho! Eu prometo moço. Por favor, espere... Não morra.
Eu corri para a cidade mais próxima. Aliás, era um pequeno vilarejo com poucas casas. Eu precisava achar um padre... Eu não devia, mas teria que chamar a atenção, só assim eu acharia quem eu precisava.
Entrei cambaleando em uma rua – tudo encenação – e gritando por socorro.
- Socorro! Por favor, me ajudem... – eu caí no chão de terra batida e duas senhoras e um senhor vieram me ajuda.
- Querida, o que houve? Você está toda suja de... O que é isso? – uma das senhoras disse.
- É sangue! Você foi ferida? – era o senhor me levantando.
Eu teria que atuar, e não podia deixar que reparassem em meus olhos...
- Um urso me atacou! Ele atacou o meu irmão também... Deus... Eu preciso de ajuda, meu irmão ainda esta lá!
Os três olharam para a floresta.
- Por favor, me ajudem! Eu acho que ele vai morrer, está muito ferido... Eu preciso de um padre..
- Também precisam de um médico, querida – a outra senhora disse. – Vamos Willian, chame o doutor Cullen, e Sabrina chame o reverendo. Eu ficarei com essa mocinha...
Os dois saíram e eu atuei um choro para ter motivos de estar com os olhos tão vermelhos assim. Eu esfregava meus olhos sem parar e soluçava de forma encenada, e então a senhora me abraçou.
- Se acalme querida, como é seu nome?
- Alice... – eu respondi.
- Seu irmão poderá ficar bem, minha querida. Tome – ela me deu sua echarpe, – você está fria como gelo!
- Obrigada...
- E está descalça também... Com pés tão delicados assim... – ela estava com piedade de mim. Mas onde estavam esses dois? Eu precisava ajudar o pobre rapaz!
- Esta aqui na frente é minha casa. Irei pegar um par de sapatos para você. Não saia daqui, ok?! Parece que calçamos o mesmo número. – Ela entrou correndo na casa.
Carlisle
Quando Willian me chamou para socorrer uma pessoa ferida na selva, eu tive que me apressar. Havia ursos naquela região. Provavelmente, alguém havia sido atacado por eles... Porém, Rosalie havia contado para meu filho Edward que havia visto uma vampira na selva. Eu me preocupei que ela fosse o problema.
Rapidamente corri com Willian até a garota que nos mostrariam onde o irmão, que fora atacado, estava.
Ao chegar lá fiquei chocado, ela era uma vampira. Ela deveria estar ludribiando a todos para levá-los a floresta. Eu usaria o medo do reverendo a meu favor... Se ela queria uma briga justa, seria comigo. Eu mostraria para ela que por aqui não atacamos os humanos... Ela deveria ir embora o mais rápido possível.
Alice
Em alguns minutos a moça voltou com o padre, o senhor com o médico e a outra senhora com os sapatos para mim.
O médico me encarava assustado.
- Acho que é melhor que apenas eu vá com a garota, não é aconselhável pessoas andarem pela floresta...
O senhor Willian se opôs:
- É claro que as senhoras vão ficar, mas eu irei com o doutor de qualquer forma... O senhor irá reverendo?
O padre me parecia bem medroso...
- Como o doutor disse, pode não ser seguro e já está escurecendo...
Deus, eu não podia deixar o pobre rapaz lá! Eu me virei, pronta para correr para a floresta, mas o médico segurou meu braço.
- Ok, se há alguém ferido, me leve até ele.
Carlisle
Eu nunca havia visto aquela garota antes... Em todos os anos que estive com os Volturi, sozinho ou com meus, agora, familiares. Ela nunca havia cruzado nosso caminho.
Eu teria que tomar o máximo de cuidado até descobrir suas intenções.
Ela dizia ter uma pessoa ferida na floresta, se ela realmente existia, eu iria até lá.
- Acho que é melhor que apenas eu vá com a garota, não é aconselhável pessoas andarem pela floresta...
Mas o Willian era cavalheiro demais para deixar uma menina “indefesa” sem ajuda:
- É claro que as senhoras vão ficar, mas eu irei com o doutor de qualquer forma... O senhor irá reverendo?
Eu agradecia aos céus pelo padre ser medroso demais...
- Como o doutor disse, pode não ser seguro e já está escurecendo...
Ela quis seguir em frente, mas eu não a deixaria ir, não antes de saber tudo o que estava se passando de fato. Eu não poderia correr riscos, não poderia deixar minha família em apuros...
- Ok, se há alguém ferido, me leve até ele.
Alice
Eu não poderia correr muito, os senhores eram humanos, mas eu os levaria o mais rápido que pudesse.
- Sim, vamos!!
Eles me seguiam. Willian estava escorregando algumas vezes e era um pouco lento, mas o doutor corria bem atrás de mim.
Chegamos a cabana e o rapaz havia voltado a gritar de dor.
- Ele está aqui!!
Os dois entraram. O doutor olhou para ele e me encarou, depois foi em direção ao rapaz na cama.
Carlisle
Ela nos levou a uma cabana que estava na floresta há tempos.
Se Willian descobrisse o que eu era, minha família teria que fugir para longe. Eu precisava saber exatamente no que estava me metendo...
Entrei primeiro na cabana, pronto para atacá-la caso ela tentasse algo. Mas havia cheiro de sangue. Realmente havia um rapaz ali e ele estava muito ferido.
Eu corri até ele sem pensar... Talvez ele ainda estivesse bem, embora seu coração soasse diferente...
Alice
Willian levou a mão à boca.
- Querida, não devia ver isso... – ele queria me levar para fora?
- Não, eu não vou deixá-lo...
- Você é uma criança. Fez o melhor que pode... Deixe o doutor cuidar dele...
- Eu prometi que ficaria com ele... – eu tentei argumentar...
Willian olhou para o moço na cama, que estava coberto de sangue e com feridas enormes... Aquilo deve tê-lo enojado, pois ele correu para fora vomitar. Eu corri ao lado do médico.
Carlisle
Willian era corajoso, mas tinha estômago fraco. Uma sorte e tanto para mim. Se tivesse que me revelar, pelo menos Willian não veria isso.
Examinei o rapaz. Achei a mordida que a garota havia dado nele, ele estava se transformando... Ele estava morrendo de dor...
Alice
- Por favor, senhor, diga que ele ficará bem...
- Não devia ter feito o que fez com ele, se iria se arrepender depois! – ele sussurrou para mim.
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