Com passos largos e apressados adentraram o aposento de jovem Alice, entretanto ambos estagnaram, ela estava em um sono profundo, com a belíssima irmã Rosálie velando-a apreensiva e carinhosa.
A condessa estava acariciando cuidadosamente os cabelos de sua irmã enquanto lágrimas silenciosas caiam por sua face.
Era visível sua dor.
Assim que a loira viu seu irmão correu para seus braços chorando copiosamente. Edward não soube como teve forças para consolá-la, mas o fez, e agora ambos conversavam no leito do libertino enquanto Isabella cuidava da jovem debilitada.
A sempre linda Alice possuía uma aparência cadavérica, em poucos dias já havia perdido peso em demasia, talvez uns 8 Kg, suas olheiras estavam tão fundas que debaixo de seus olhos o roxo era visível à distância.
Isabella suspirou culpada, se questionando se talvez ela não tivesse ajudado as coisas seriam diferentes.
Olhou para o lado tentando fugir da imagem deprimente de sua amiga e acabou visualizando uma bacia, certamente estava ali para facilitar quando a jovem vomitasse, ato que soube esta sendo corriqueiro.
Lágrimas escaparam de seus olhos, como ela pode ser condizente com tudo isso?
Deveria saber que essa historia teria um fim diferente do que a jovem Alice imaginara.
Levantou-se decidida, fora na cômoda bem trabalhada de mogno pertencente a sua amiga, vasculhou algumas gavetas para enfim encontrar um dos envelopes que ela mesma havia lhe entregado.
Fechou os olhos e mordeu seu lábio inferior, Alice poderia odiá-la por isso, entretanto era o momento de Edward saber a verdade.
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Alguns quartos à frente Rosália já havia desabafado com seu irmão, lhe contando cada detalhe do que fora “obrigada” a assistir sua irmã sofrer.
– Não acredito que ainda não saibam o que esta acontecendo com ela! – disse Edward escondendo sua face com suas mãos.
– Não... O senhor Whitlock ainda não tem certeza do que pode está acontecendo, porém disse que suspeita de algo, mas que necessitava de alguns dias para a resposta.
No mesmo dia em que Edward e Isabella viajaram, Alice deu a primeira crise com vômitos e desmaios, por sorte Rosálie estava ao seu lado tomando a decisão de chamar o médico de confiança da família, Jasper Whitlock.
Ele poderia ser um libertino conhecido, porém apesar de ser jovem sua fama na medicina era imensamente superior.
Ele examinou Alice e demonstrou-se preocupado com o quadro clinico da jovem, entretanto por todos esses dias não dissera nada do que suspeitava, enrolando a todos com discursos médicos que ninguém compreendia.
– Ele já esteve aqui hoje? – perguntou Edward.
– Não, desde ontem pela manhã que não o vejo. Acredito que ainda venha, me garantira que hoje voltaria para vê-la. – respondeu a condessa.
Lorde Cullen fechou os olhos em um instante analisando os fatos que tinha conhecimento e decidiu-se por esperar a chegada de seu amigo para tomar qualquer decisão. Até porque estava perdido, não havia como lutar sem saber exatamente o que sua jovem irmã tinha de tão grave.
– Tudo bem, o melhor a fazer é esperá-lo!
Rosálie estranhou a atitude de seu jovem irmão, ele nunca fora assim, em outros tempos teria saído desesperado atrás de Lorde Whitlock em busca de respostas.
– Porque estas me olhando dessa maneira? – a questionou Edward.
– Apesar da ruga visível de preocupação é nítido o brilho em seus olhos. – comentou Rosálie, deixando nasceu um sorriso singelo e amável em seus lábios – Suponho que isso é reflexo da jovem hospede desde casa. Estou errada?
Foi impossível para Lorde Cullen não sorrir.
Levantou-se e caminhou até a janela, olhou para o céu escuro e fora tão verdadeiro com sua irmã, que a surpreendeu.
– Pode parecer loucura Rose, pode ser castigo divino, ou qualquer outra coisa... – Suspirou – Na realidade, neste momento motivos não me importam, pois eu a amo...
Rosálie sabia disso, ele não precisava lhe dizer o que era perceptível, entretanto ouvi-lo confirmar fora um choque.
– Talvez a ame desde o primeiro dia em que olhei sua face, e tenha negado este fato alegado luxuria e vingança – fechou os olhos – Mas agora negar é absurdo... Eu a quero minha, somente minha...
Abriu os olhos e virou-se encarando sua irmã, olhando-a intensamente.
– A quero com tanta força que não me importo que tenha o sangue sujo, simplesmente a quero do meu lado, carregando meu nome, gerando meus filhos, sendo a minha legitima e amada senhora!
A condessa paralisou diante da força das palavras ditas por seu irmão, porém aos poucos se sentiu refeita, pelo menos o suficiente para lhe dizer o que sonhou lhe falar algum dia.
– Certamente Isabella é uma mulher de sorte inimaginável, terá o melhor marido do mundo!
– Então não és contra?
– Contra? Oh meu irmão porque seria contra a algo que te faz bem? Chega de sofrimento, chega de magoa e dor, creio... Creio que nossos pais onde quer que estejam querem nossa felicidade e devem estar comemorando por enfim você ter encontrado a sua.
Rosálie seguiu de encontro a seu irmão, o abraçou carinhosa, depositou um beijo em sua bochecha e olhou em seus olhos.
– Entretanto tenho algo a acrescentar.
– Imagino o que seja, não te preocupes, irei lhe contar tudo, cada detalhe da cruel verdade da família Swan.
Rosálie estava prestes a lhe dizer que não era exatamente isso, porém batidas na porta interrompeu o momento familiar e confidencial que estavam vivendo.
– Milorde, perdoe-me mais o senhor Whitlock deseja lhe ver!
Era Esme, até porque ninguém mais naquela residência teria a audácia de interromper uma conversa sua com Rosálie.
– Obrigado Esme, estamos descendo em alguns segundos.
Mesmo fragilizado por dentro e querendo o conforto do abraço de sua irmã por mais alguns segundos, decidiu-se por enfrentar de uma vez o que quer que fosse, podendo ser incerteza ou qualquer certeza cruel.
Sem saber que seu destino mudaria drasticamente seguiu com Rose de encontro a seu amigo.
Isabella estava segurando a maçaneta da porta quando escutou um gemido, assustada virou-se, encontrando uma Alice com olhar perdido e a mão no estomago.
Ela iria vomitar!
Desesperada deixou o envelope no chão e fora socorrer a jovem Alice, apoiando-a com seu braço e colocando o balde a sua disposição.
Assim que seu corpo havia exposto qualquer traço de comida pra fora Isabella limpou sua boca e a deitou confortavelmente em seu leito.
– Isabella...? – disse sussurrando.
– Sim?
–Sinto ter estragado seu passeio... – disse em meio às lágrimas
– Não! Não diga isso! Eu que deveria pedir desculpas, não deveria ter aceitado o convite de seu irmão, assim como deveria ter o investigado antes de aceitar ajudá-la!
Alice fechou os olhos, não, ela ainda tinha esperanças.
– Você se mostrou uma amiga prestativa e leal... Lhe fiz um pedido, e você o atendeu, assim como sempre soube que meu desejo poderia trazer-me conseqüências desagradáveis... Certamente depois da tempestade as coisas iram se caminhar.... Adequadamente...
– Alice... – antes mesmo de Isabella terminar a frase a jovem Cullen a interrompeu.
– Não, não me venha com esse tom de piedade, nada demais esta acontecendo, sempre soube que corria o risco...
– Não entendes, já foi longe demais, já fomos longe demais, logo seus irmãos iram descobrir!
– Que seja, é a minha vida, minha decisão, por favor, Isabella não pense em me trair desde maneira!
Alice começou a chorar com um desespero angustiante, soluçando altivamente, sentia-se ainda mais perdida do que de costume, até porque, agora ela temia que seus atos fizessem dela um fardo eterno para seus irmãos.
Como estava debilitada, assim que Isabella conseguiu acalmá-la a jovem Cullen adormeceu.
Lady Swan respirou profundamente por alguns segundos, caminhou lentamente até a porta e pegou o envelope, colocou em seu decote sem qualquer cuidado e saiu do aposento de Alice.
Estava decidida a seguir até o leito de Edward, não sabia o que faria, temia em trair sua amiga, porém temia ainda mais em perdê-la.
Gritos assustados deixaram suas dúvidas pra depois, levando-a até o salão principal, deixando-a assustada, jamais imaginou ver Lorde Cullen descontrolado da maneira que estava.
A acompanhante de Alice, a Sra. Sara estava com o pescoço sendo esmagado pelas mãos do libertino, enquanto Rosálie desesperada era controlada por Emmett.
Um rapaz loiro tentava argumentar com Edward, mas ele parecia não ouvir nada, estava em uma redoma de dor e ódio que era nítido em suas feições.
Como se estivesse acordando de um transe Isabella correu de encontro a seu amado impudico, segurando seu braço com uma delicadeza amável.
Edward poderia estar com seus sentidos distantes, entretanto reconhecia o toque de sua amada, o que o fez recuar.
Envolvendo-o carinhosamente com seus braços Isabella viu o que jamais imaginou em sua vida, aquele homem altivo estava chorando em seus braços como um menino amedrontado.
Como se estivesse perdido suas forças seu corpo recaiu sobre as curvas femininas, fazendo ambos desabarem no chão.
– Não tive culpa... Não sei de nada.... Juro que não sei – sussurrava Sara chorando com as mãos no pescoço sendo amparada por Jasper.
O que afinal estava acontecendo? Era o que se perguntava.
Consolou Edward até que ele se acalmasse.
– O que esta acontecendo? – perguntou sussurrando no ouvido de Edward.
– O que ela fez de mal... Porque queriam matá-la...? – respondeu o libertino.
Isabella sentiu-se confusa, a resposta de Edward não fora esclarecedora.
– Edward não estou entendendo – disse Isabella.
Entretanto ele nada disse.
Frustrada ela emoldurou seu rosto com suas delicadas mãos e tentou fazer com que ele a encarasse, sem sucesso, ele não agüentaria olhar em seus olhos depois do que ela o viu fazer.
Entretanto esse gesto mudara todo o curso dos acontecimentos, ao fugir do olhar reprovador que provavelmente Isabella lhe lançaria, o libertino acabou baixando a vista para seu colo, percebendo ali pequenos farelos negros e a ponta de um papel.
Engoliu seco paralisado, lembrando das palavras que seu amigo, minutos antes.
“- Pelos sintomas que ela apresenta e pela investigação que iniciei posso afirmar que a jovem Alice fora ludibriada por um homem que se considera um curandeiro. Ele costuma enganar pessoas com problemas de saúde, receitando produtos sem qualquer cuidado em troca de uma boa quantia em dinheiro.
– Certamente aproveitou-se da fragilidade da jovem no que diz respeito a sua debilidade na visão fazendo-a acreditar numa provável cura.
– Creio que ele não agira sozinho, como vocês mesmos me garantiram, ela não sai sozinha e a erva normalmente é ingerida através dos alimentos. Portanto alguém intencionalmente ou não estava ajudando-a a si matar, já que a erva da *mandrágora é maligna”
Sua cabeça dava voltas, sentia seu coração acelerar temeroso, porém decidiu por acabar de uma vez com a dúvida, levou seus dedos até o decote de Isabella e puxou de vez o papel que descobriu ser um envelope, fazendo cair no chão o pó do veneno que matava sua irmã pouco a pouco.
Em sua mente os misteriosos passeios de Isabella vieram à tona, como um quebra cabeça que somente necessitava de uma peça chave para ser desvendado.
Ela fingiu ser amiga de sua irmã para enganá-la e vingar-se dele!
Todos na sala viram, todos menos Isabella sabia o que isso significava realmente e todos menos ela entendeu a forte bofetada que levou na face, fazendo-a cair no chão.
– Sua rameira inescrupulosa!
Isabella sentia seu rosto arder para logo em seguida sentir-se sendo levantada por seus cabelos.
– Não nega o sangue pobre e sujo que tens! – gritou para jogá-la forte de encontro à parede. – Estou curioso, a idéia foi sua ou de seu amado pai? – perguntou, porém ela nada disse, acabou levando outra bofetada.
– PARA, para, por favor, eu não sei do que estas falando.... – disse chorando compulsivamente.
Ou vê-la chorando, encolhida, visivelmente amedrontada, ele sentiu uma dor forte em seu peito, jamais havia batido em uma mulher, e fizera isso justamente com a mulher que amava, que inexplicavelmente ama.
Mas como ele poderia agir diferente diante de tanto cinismo e maldade?
Alice era sua irmã!
Ele fechou os olhos, desejou que nada disse fosse real.
Rosálie surpreendendo a todos caminhou de encontro a Isabella, abraçando-a carinhosamente.
– Como conseguiu esse envelope? – perguntou com a jovem soluçando.
– Alice... Ela me pediu... Eu só fiz o que ela me pediu!
– Mentirosa! – gritou Edward.
Agitada Lady Swan saíra dos braços de Rosálie e encarou o libertino de frente.
– Se pelo menos a enxergasse de verdade saberia o quanto ela sofre em não poder ver a luz do dia, se ao menos a escutasse saberia o quanto ela gostaria de olhar em sua face novamente, se a protegesse realmente com todo amor que diz possuir, saberia da verdade, mas não, porque a única coisa que sabe enxergar, escutar e proteger e essa prepotência cruel que carregas!
Edward aproximou-se, pegou-a pelo braço com força e olhou fundo em seus olhos.
– Oh a doce, pura e inocente Isabella! Que belo discurso, pena que para você não serve, não é mesmo? És como seu pai, manipula a todos, faz-se de vitima enquanto és tão culpada quanto ele pela dor que ela sente!
Isabella nunca tinha visto tanto ódio no olhar do libertino, seu braço doía devido ao seu aperto e quando pensou que nada poderia ser pior, Edward a surpreendeu mais uma vez.
Com força a arrastou até a porta principal, retirando-a da casa, jogando-a no meio da rua, sem ao menos preocupar-se com a chuva que caia. Deixando-a jogada na lama.
– Lama, é esse o verdadeiro lugar de uma rameira!
Não dissera mais nada, simplesmente lhe deu as costas e voltou a sua residência.
– Esme providencie para que nada que pertença a ela fique nesta casa, essa rameira não pisa mais em minha propriedade!
Com passos largos trancou-se em seu quarto, para enfim poder usufruir da dor de ter sido enganado!
Rosálie ainda assustada continuou assombrando a todos.
– Esme arrume as coisas de Isabella, pelo menos o que seja necessária por hora!
– Perdoe-me, mas as ordens do senhor Cullen... – antes que Esme pudesse terminar seu discurso a condessa a interrompeu.
– Não irei repetir, sabes tão bem quanto eu que quando a verdade aparecer ele irá arrepender-se! Ou irá dizer-me que acredita que Isabella jogou baixo desta maneira?
A contra gosto Esme seguiu ao aposento que a jovem ocupava e fez o que Rosálie lhe pedira, enquanto a loira seguia pra fora da residência à procura de Isabella.
Lady Swan ainda estava jogada na rua, o frio a envolvia cada vez mais e os soluços era seu único companheiro e amigo.
O conde Thompson seguiu sua senhora, pra ele, era inadmissível que Rosálie quisesse ajudar Isabella.
– Rose, você pode ficar doente! – disse Emmett segurando-a pelo braço.
– Eu não posso deixá-la! – gritou com a água fria descendo por sua face.
– Porque não, você viu, ela não presta!
– Não, sei que ela estava falando a verdade!
– Ela é uma Swan, seu sangue não nega sua verdadeira face!
– Por isso mesmo acredito em sua inocência!
Sem lhe dizer mais nada a loira saíra do aperto de seu marido e fora de encontro a jovem.
Com cuidado aproximou-se e segurou firme a sua mão.
– Venha comigo, deixe-me te ajudar!
Isabella perdida como estava nada disse. Entretanto se deixou ser guiada pela loira que a colocou em sua carruagem.
As duas tremiam de frio, porém logo começaram a se aquecer com um cobertor que Emmett levou.
Após alguns segundos Esme apareceu com uma pequena bagagem, entregando a Isabella.
– Amanhã encaminho o restante!
– Mandarei que busquem! – respondeu Rosálie. Fechando a porta do veiculo – Podemos ir. – olhou pra Isabella – Não se preocupe, ficara em minha casa até resolvermos tudo.
– Ótimo, tudo o que queria, uma rameira em minha residência! – comentou Emmett fazendo sua esposa olhá-lo enojada.
Isabella sentiu mais uma lágrima descendo por sua face e decidida tomou a decisão que surpreendeu o Conde.
– PARE O CARRO!
– Isabella!
– Condessa, tens a minha gratidão eterna pela ajuda, mas ela deve parar por aqui!
– Não, não ligue para meu marido, ele às vezes fala coisas sem propósito algum.
– Certamente nesse caso em especifico ele falou consciente. – disse abrindo a porta – Obrigada e cuide da pequena Alice!
Sem deixar que a condessa lhe dissesse mais nada Lady Swan distanciou-se aos poucos. O carro ainda permaneceu parado por alguns minutos, o casal discutia intensamente, entretanto o conde ganhou, o carro partira, deixando-a sozinha no meio da rua, com sua pequena bagagem nas mãos.
Perdida e sem dinheiro Isabella caminhou pelas ruas da cidade por logos e dolorosos minutos, os relâmpagos ecoavam no céu na medida em que a chuva aumentava.
Completamente derrotada, a jovem sentou-se encolhida na calçada, esperando que a morte viesse lhe buscar. E de fato ela viria, se uma carruagem trazendo uma pessoa amiga não tivesse aparecido.
Fanfic escrita por Vasquez

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