AVISO

Querido leitores de momento o Cold Blood Fanfics encontra-se em manutenção.

Voltaremos em princípio ainda este mês com mais novidades, colunas novas, entrevistas com autores de fanfics, etc..., provavelmente também com uma nova cara.

Por isso, se virem novos conteúdos no blog, não se "assustem" nem pensem que voltamos ao ativo.

Quando estivermos terminando postaremos uma mensagem.

Obrigada pela atenção.

A Equipa do CBF

Umbra - 10: O Velho Quil.


Quando estávamos próximos a uma pequena casa Jacob me pôs no chão. Eu olhei inquisitiva
enquanto ele se abaixava até o tornozelo para pegar uma camiseta enrolada que havia estado
presa por uma tira negra e grossa.
Enquanto ele vestia a camiseta, que eu sabia que ele tinha ganhado de Bella limitei meu sorriso
cobrindo-o com minha mão direita. Estava acostumada a sempre encontra-lo semivestido (“na
moda dos cães semipelados” como diziam tia Rosalie e tia Alice nas suas costas) e vê-lo colocar
uma camiseta não foi menos do que hilário, a única peça dos Lobos costumeira era uma bermuda
ou uma calça – excetuando-se Leah, obviamente.
Ele se virou para mim com uma expressão falsa de zanga.

- O que foi?
- Nada...
- Não, é sério...
- Ele deve ser muito importante para você ter que se vestir...
Agora ele me olhou realmente incomodado enquanto bufava.
- Queria ver se fosse você que arrebentasse todas as roupas...
Eu sacudi a cabeça, concordando com um absurdo imponderável.
Ele então segurou minha mão enquanto de dentro da casa uma jovem saiu pela porta.

Ainda ao longe senti sua fragrância de flores, ela usava um vestido dois centímetros acima do
joelho de mangas compridas e enquanto se encaminhava em nossa direção, Jacob reparando
em meu olhar sempre inquisitivo, respondeu num sussurro:
- Ela é Joyce Oldbear, a mais velha dos filhos de Jeff (você sabe Hawik e Joseph). Foi
designada para tomar conta do velho Quil.
Eu sacudi minha cabeça em compreensão.
Enquanto ela se aproximava, acho que Jake ainda viu algo em minha expressão, por que
disse em seguida:
- Embry, hum, se “apaixonou” por ela quando a conheceu há uma semana. Ela veio visitar
a família com o noivo, estava vivendo no Canadá.
Eu fiquei mistificada.

- E o que aconteceu com o noivo dela?
- Foi embora. – respondeu Jacob com as sobrancelhas levantadas.
- Nunca vai saber o que aconteceu... – completou, num volume de voz mais baixo.
- Mas ela gosta do Embry? – perguntei ávida, enquanto a moça ainda percorria o espaço
entre nós.
- Acho que sim, ou não tinha se livrado do noivo. – Jacob respondeu, mas senti que ele
deixava algum tipo de tensão de fora.
Aguardamos enquanto a moça se aproximava.

O sol bateu em suas feições exatamente sete passos antes dela nos alcançar.
Ela era linda. O rosto redondo na tez acobreada. Os olhos negros despontavam perceptivos,
porém tímidos perante a nossa presença, redondos de pestanas longas. O nariz era fino em
comparação aos Quileutes, a boca grande de lábios largos impetrava certa atração central em
seu rosto. Seu corpo esguio dentro do vestido de flores simples emanava certa inocência.
- Olá – disse eu, ante o silêncio de Jacob
- Olá Srta. Cullen. – respondeu ela, me encarando. Percebi automaticamente que ela se
incomodava com minha presença
Jacob apertou minha mão entre a sua.
- Jovem Sr. Black – ela continuou - O Senhor Ateara aguarda sua presença.

Ele assentiu enquanto Joyce se voltava de costas, a fim de nos levar até a casa. Nós seguimos
silenciosamente.
Enquanto adentrávamos pela porta da cozinha, Joyce se encaminhou até a sala para comunicar
nossa chegada. A casa era bastante simples, como a de Jacob não havia muitos móveis, mas
mesmo assim passava algo de confortável.
Joyce fez sinal para nos aproximarmos, o idoso estava sentado em uma poltrona próxima a uma
lareira feita de pedras que estava acesa.
Joyce erguia seus cobertores enquanto ele murmurou um desajeitado “Obrigado”, quando
terminou ela se virou para nós:
- Deixarei que vocês conversem com privacidade – e se virando para o velho Quil,
acrescentou - Qualquer coisa, por favor, avise.
Nós estávamos em pé em frente à poltrona, então ele sinalizou para sentarmos em duas cadeiras
à sua frente.

- Eu agradeço a Jeff pela menina, mas às vezes é estranho... Ter companhia – explicou
como se estivesse embaraçado.
Ouvimos o som de Joyce subindo as escadas e logo depois fechando uma porta. Ele sacudiu a
cabeça morena com os cabelos estranhamente escuros e nos dirigiu um sorriso.
- Eu agradeço por virem me visitar...

Algo estranho então aconteceu, o sorriso que tinha nos lábios morreu e seus olhos se abriram
estalados.
Jacob se levantou com um estralo da velha cadeira, provavelmente pronto para buscar por ajuda,
porém o velho senhor ergueu a mão esquerda, antes que ele saísse do lugar.
Seus olhos ainda estavam arregalados e fora de foco, como se estivesse surpreso e um pouco
assustado. Então ele moveu vagarosamente a cabeça de modo a poder alcançar os olhos de Jacob
enquanto o corpo tremia ligeiramente, havia um visível esforço contido naquele simples
movimento.
-Por favor, Jacob, eu preciso que você saia. – disse a ele, a voz entrecortada.
Jacob não deu sinais de se mexer, o velho Quil virou então apenas os seus olhos para mim.
- Eu não estou morrendo Jacob. – sua voz agora tinha autoridade, meu olhar preso no dele.
- Preciso ficar a sós com a menina. – justificou.
Jake se voltou para mim, parecia estar em grande conflito e eu devolvi sua olhar tão surpresa
quanto curiosa.
- Pode ir – disse a ele.
- Fique longe, não é permitido escutar o que direi para ela. – ele acrescentou, enquanto engolia várias vezes em seco – Isso é uma ordem.
Jacob hesitou levemente.
O velho Quil tremeu mais uma vez e então Jacob já não estava lá.
Passaram-se exatamente três segundos antes que o velho senhor se dirigisse a mim.
- Agora, me dê sua mão. – ele então ergueu suas duas mãos grandes e enrugadas.

Eu lentamente ergui as minhas e depois de hesitar um pouco finalmente as toquei. Suas mãos se
fecharam fortemente sobre as minhas enquanto seu corpo chacoalhava. Houve um silêncio
enquanto eu continuava encarando confusa e atordoada sua cabeça que havia caído para frente.
Algumas respirações se passaram em silêncio e então o seu rosto redondo se levantou seus olhos
assustadoramente entreabertos não deixava entrever a íris, apenas o branco dos olhos. A boca de
lábios finos repentinamente se abriu o que me fez quase soltar suas mãos, mas elas estavam
firmemente presas. Nada aconteceu até que, finalmente, uma voz se fez ouvir.

A voz era cava e profunda, totalmente diferente da do velho senhor que parecia gasta pela idade,
essa não tinha nenhuma rouquidão e apesar de soar com um volume baixo emanava uma
imponência que impediu que eu piscasse:
- O deus terá de ser criança
E terá de ser um mostro
Por que Eles virão;

Outro tremor sacudiu o corpo e a voz grossa foi substituída por uma mais anasalada que puxava
as sílabas como se as estivesse cantando, eu encarava sua boca e tinha a absoluta certeza que
dela é que partiam os diferentes tons que agora me assaltavam.
- A esperança apenas gargalhará
Se os bispos forem ouvidos,
Os peões cegos,
As torres tomadas,
E os cavalos mantidos a distância

- Até que seja a hora – ouvi, como se as duas vozes se juntassem. Meus pêlos dos braços se
arrepiaram, minhas mãos ainda seguras pelas dele forçavam-me a observar o grande rosto
estático.
- Só assim a rainha – continuou a primeira voz, sua profundeza estranha aos meus ouvidos.
- Levará até o rei
Ou eles virão

Eu me manti congelada enquanto o corpo do velho Quil relaxou e suas mãos se soltaram das
minhas, que permaneceram erguidas. Eu me esqueci de abaixá-las até que novamente o corpo
dele se levantou, dessa vez lentamente, de volta para a postura original. Depois de abrir os olhos
ele fez um som com a garganta, enquanto piscava algumas vezes.
- Você poderia me trazer um copo de água, por favor? – perguntou enquanto massageava o
pescoço.

Eu demorei alguns segundos, então conseguindo me mexer novamente obedeci.
Quando ele terminou de beber dois copos eu insinuei uma pergunta, mas ele me interrompeu
antes que qualquer palavra saísse de meus lábios.
- Há muito tempo isso não acontecia – informou ele parecendo cansado enquanto colocava
o copo na mesinha ao seu lado.
- O que foi isso?
- Eu acredito que tenha sido uma profecia. – respondeu, com humor.
Eu fiquei sem fala, já tinha ouvido falar em profecias em algum dos livros que Bella lia pra
mim antes de eu dormir.

- Com o tempo eu acabei sabendo identificar quando elas chegam, como quando estamos
com ânsia de vômito... – acrescentou enquanto gesticulava com a mão esquerda.
Eu nunca havia sentido ânsia de vômito e apesar de não entender o queria dizer continuei
encarando seus olhos, que ao contrário dos sinais no rosto não tinham humor algum.
- Já aconteceu outras vezes, então?
- Oh sim. Muitas. Mas fazia anos que eu não tinha nenhuma.
Eu abaixei minha cabeça tentando conter minhas emoções.
- Espero que não tenha sido muito assustador... – sua voz frágil soou, rompendo meus
pensamentos.

Eu o encarei novamente.
- O senhor não se lembra...?
- Não. Eu nunca me lembro.
Pisquei meus olhos de surpresa, enquanto ficávamos alguns segundos em silêncio.
- Por que pediu para Jacob sair? – estava curiosa, com ele ali teria sido muito menos
impressionante.
- Era melhor que ele não estivesse. Às vezes em que outras pessoas ouviram a profecias
alheias houve muitos problemas.
Eu provavelmente pareci confusa, por que ele deu um estralo com a língua, que eu identifiquei
como impaciência.

- O que foi dito foi apenas para você. Se outras pessoas escutassem tentariam interferir,
poderiam interpretar As Palavras de maneira incorreta. Já vi acontecer. Não foi nada
agradável...
Eu capturei o significado da informação e tentei digeri-la
- De qualquer modo Edward saberá. – afirmei, compreendendo ser impossível evita-lo
Ele encarou meus olhos com uma nova urgência.
- Eu acredito que se você realmente não quiser que ele tome conhecimento disso, ele não
poderá mesmo se tentar. – disse, lentamente.
Eu fiquei extremamente confusa.

- Como o senhor poderia saber disso?
Ele então deu de ombros, o sorriso ainda preso em seu rosto agora emanava por seus olhos um
pouco baços.

- Eu apenas sei. – disse em tom confiante.
Eu chacoalhei minha cabeça. As palavras da Profecia tinham se gravado em minha mente
vividamente, eu não acreditava na possibilidade que Edward não pudesse lê-las.
- Os espíritos ancestrais utilizam meu corpo às vezes para passar informações importantes
ao meu povo. Mas foi a primeira vez que tive uma Profecia com alguém de fora...
Eu o encarei, novamente surpresa. Isso era estranho.
- Se algumas pessoas da tribo soubessem disso ficariam muito assustadas. Tentariam forçála
a contar-lhes o que acabou de acontecer.

Ele parecia muito sério agora.
- Tome cuidado com isso. – finalmente disse, abaixando a cabeça em minha direção.
- O senhor não quer saber...
- Por favor, não! – exclamou de repente, me sobressaltando.
- Apenas para você. Por favor, entenda, isso é muito importante. Pode afetar o resto da sua
vida, pode traçar seu destino...

Eu não fazia idéia do que ele estava falando, do quanto suas palavras se tornariam verdadeiras.
Interrompendo meus pensamentos ele ergueu a voz novamente.
- A senhorita poderia fazer o favor de ir agora? Eu estou esgotado e aposto que Jacob está
quase a ponto de destruir minha porta para checar você.
Eu me ergui de imediato, ele tocou de leve minha cabeça que chegava apenas nos seus joelhos.
- Adeus, senhorita Cullen.
- Obrigada – respondi, sentindo a obrigação de fazê-lo, mesmo sem entender o porquê.
Ele sorriu novamente, os olhos calorosos.

- Faça o favor de tocar a campainha antes de sair sim? Acho que vou precisar de algo
quente para a garganta.
Eu assenti e me guiei rapidamente para a cozinha, puxando uma corda gasta que fez badalar um
sino no andar de cima. Então saí correndo em direção a vegetação ao encontro de Jacob.

Nina





















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