Ei, Jake, pensei que você disse que precisaria de mim ao amanhecer. Por que
você não fez Leah me acordar antes?
Porque eu ainda não precisava de você. Eu ainda estou bem.
Ele ainda estava na metade norte do círculo. Nada?
Não. Nada, mas nada.
Você fez a patrulha?
Ele tinha pegado o meu lado da floresta para patrulhar. Ele prestou atenção na
nova trilha.
Sim, eu corri um pouco. Você sabe, só para checar. Se os Cullens vão fazer
uma viagem de caça.
Boa idéia.
Seth olhou para o perímetro principal.
Era mais fácil correr com ele do que com Leah. Embora ela tentasse - tentasse
muito - havia sempre algo em seus pensamentos. Ela não queria estar aqui. Ela
não queria sentir a suavidade a respeito dos vampiros que se passava em
minha mente. Ela não queria lidar com a amizade que Seth tinha com eles,
uma amizade que a cada dia ficava mais forte.
Engraçado, porem, eu achei que seu único problema seria eu. Nós nunca nos
damos muito bem no bando de Sam. Mas não havia nenhuma inimizade contra
mim agora, apenas contra os Cullens e Bella. Eu me perguntava o porquê.
Talvez fosse apenas gratidão por eu não forçá-la a partir. Talvez porque eu
entendesse melhor sua hostilidade agora. Afinal, correr com Leah não era tão
ruim quanto esperei que fosse.
É claro que ela não tinha facilitado tanto as coisas. A comida e as roupas que
Esme mandara para ela corriam pela correnteza do rio neste momento. Mesmo
depois de eu ter comido minha parte - não porque o cheiro fosse irresistível
longe dos vampiros, mas para dar um bom exemplo de tolerância para Leah -
ela recusou. O pequeno alce que ela pegou mais ou menos ao meio-dia não
satisfez totalmente seu apetite. Isso fez seu humor piorar. Leah detestava
comer coisas cruas.
Talvez nós devêssemos fazer uma varredura pelo leste. Seth sugeriu. Ir mais
adiante, ver se eles estão lá esperando.
Eu estava pensando nisso. Eu concordei. Mas vamos fazer isso quando
estivermos todos acordados. Eu não quero abaixar nossa guarda. Porém nós
devemos fazer isso antes dos Cullens tentarem. Logo.
Certo.
Isso me fez ficar pensativo. Se os Cullens eram capazes de sair da área de
modo seguro, eles realmente deviam continuar tentando. Eles provavelmente
deveriam ter partido no momento em nós viemos avisá-los. Eles deviam ser
capazes de permitir outras escavações. E eles tinham amigos no norte, certo?
Peguem Bella e corram. Isso parecia ser uma solução óbvia para os problemas.
Eu devia ter sugerido isso, mas eu tinha medo que eles seguissem minha
sugestão. E eu não queria que Bella desaparecesse - e nunca saber se ela tinha
conseguido ou não.
Não, isso era estupidez. Eu teria dito a eles para partirem. Não fazia sentido
algum para eles ficar, e seria melhor - não sem dor, mas mais saudável - para
mim que Bella fosse embora.
É fácil dizer isso agora, quando Bella não estava lá, parecendo ansiosa para
me ver e também se agarrando à vida com unhas e dentes ao mesmo tempo.
Oh, eu já perguntei ao Edward sobre isso. Seth pensou.
O que?
Eu perguntei a ele por que eles ainda não haviam partido. Ido para a casa de
Tanya ou algo assim. Algum lugar muito longe onde Sam não os seguisse.
Eu tive que me fazer lembrar que eu dei aos Cullen esse mesmo aviso. Isso era
o melhor. Então eu não deveria ficar bravo com Seth por tirar essa obrigação
das minhas mãos. Não tão bravo.
E então, o que ele disse? Eles estão esperando uma brecha?
Não, eles não vão partir.
E isso não era uma boa noticia.
Por que não? Isso é burrice.
Não exatamente, Seth disse agora defensivo. Leva muito tempo para construir
o acervo medico que Carlisle tem aqui. Ele tem tudo que precisa para tomar
conta de Bella e meios para conseguir mais. Esse é um dos motivos para eles
quererem uma caçada. Carlisle acha que eles precisarão de mais sangue para
Bella daqui a pouco tempo.
Ela está usando todo o negativo que eles guardaram para ela. Ele não gosta de
esgotar a matéria-prima. Ele vai comprar mais. Você sabia que pode comprar
sangue? Se você for um médico.
Eu ainda não estava pronto para ser lógico. Ainda é estúpido. Eles podiam
trazer a maior parte com eles, não? E roubar qualquer coisa que eles precisem.
Quem liga para essa porcaria legal quando você é imortal?
Edward não quer se arriscar em movê-la.
Ela está melhor do que estava.
Sério, Seth concordou. Na cabeça dele, ele estava comparando a memória de
Bella ligada aos tubos com a última vez que ele a viu quando ele deixou a
casa. Ela tinha dado um sorrido e acenado para ele. Mas ela não pode se
mexer muito, sabe. A coisa está chutando muito.
Eu engoli o ácido estomacal em minha garganta. É, eu sei.
Quebrou outra costela dela, ele me contou sombriamente.
Minha caminhada vacilou e eu tremi com um passo atrás antes de recuperar o
ritmo.
Carlisle a deixou inteira de novo. Só outra fratura, ele disse. Então Rosalie
disse algo sobre como os bebês humanos normais são capazes de quebrar
costelas. Edward parecia que ia arrancar a cabeça dela.
Pena que lê não arrancou.
Seth estava com o modo “passar informações” ligado - sabendo que era tudo
vitalmente interessante para mim, embora eu nunca tivesse pedido para
escutar nada. Bella tem ficado com febre e sem febre por todo o dia. Poucos
graus acima do normal, só suor e calafrios. Carlisle não tem certeza do que
pode ser - ela pode só estar doente. O sistema imunológico dela está chegando
ao limite.
É, tenho certeza que é só uma coincidência.
Ela está de bom humor, apesar de tudo. Ela estava conversando com Charlie,
rindo e tudo…
Charlie! O quê?! O que você quer dizer, ela estava falando com Charlie?
Agora o passo de Seth vacilou; minha fúria o surpreendeu. Acho que ele liga
todo o dia para falar com ela. Às vezes a mãe dela liga também. Bella parece
tão melhor agora; então ela estava o tranqüilizando que ela estava melhorando.
Melhorando? Que diabos eles estão pensando? Deixar o Charlie todo
esperançoso para depois magoá-lo ainda mais quando ela morrer? Achei que
eles o estavam preparando para isso! Tentando prepará-lo! Por que ela o
animaria desse jeito?
Talvez ela não morra, Seth pensou calmamente.
Respirei fundo, tentando me acalmar. Seth. Mesmo que ela passe por isso, ela
não vai fazer como humana. Ela sabe disso, e o resto deles também sabe. Se
ela não morrer, ela vai ter que fazer uma imitação bem convincente de um
cadáver, garoto. Ou isso, ou vai ter que desaparecer. Achei que eles
estivessem tentando deixar isso mais fácil para o Charlie. Por quê…?
Acho que é idéia da Bella. Ninguém disse nada, mas o rosto de Edward meio
que combinou com o que você está pensando.
No mesmo termo que o sugador de sangue, mais uma vez. Nós corremos em
silencio por alguns minutos. Eu comecei por uma nova linha, me dirigindo ao
sul.
Não vá muito longe. Por quê? Bella me pediu para falar para você passar por
lá. Meus dentes se fecharam.
Alice quer você também. Ela diz que está cansada de ficar escondida como um
morcego no sótão. Seth escondeu uma risada. Eu estava revezando com
Edward antes. Tentando manter a temperatura de Bella estável. Fria para
quente, o que era preciso. Acho que se você não quiser fazer isso, eu posso
voltar lá…
Não, eu vou - repreendi.
Certo. Seth não fez mais nenhum comentário. Ele se concentrou muito na
floresta vazia.
Eu manti meu curso para o sul, procurando alguma coisa nova. Virei quando
tive algum sinal das primeiras habitações. Não estávamos perto da cidade
ainda, mas eu não queria criar o rumor dos lobos novamente.
Eu passei pelo perímetro no caminho de volta, indo para a casa. Mesmo
sabendo que era uma coisa burra a se fazer, não podia evitar. Devo ser algum
tipo de masoquista.
Não há nada de errado com você, Jake. Essa não é a situação mais normal que
existe.
Cale a boca, por favor, Seth.
Calando.
Eu não hesitei na porta dessa vez; só entrei como se fosse dono do lugar.
Achei que isso iria irritar a Rosalie, mas foi um esforço desperdiçado. Nem
Rosalie ou Bella estavam a vista. Olhei ao redor rapidamente, esperando que
alguém tivesse passado despercebido, meu coração espremendo contra minhas
costelas de um jeito estranho, desconfortável.
“Ela está bem” Edward sussurrou. “Ou na mesma, devo dizer.”
Edward estava no sofá com o rosto nas mãos; ele não olhou para cima para
falar. Esme estava perto dele, suas mãos envolvendo fortemente os ombros
dele.
“Olá, Jacob.” Ela disse. “Estou feliz que tenha voltado.”
“Eu também,” Alice disse com um suspiro profundo. Ela veio descendo as
escadas de nariz empinado, fazendo careta. Como se eu estivesse atrasado
para um encontro marcado.
“Uh, ei,”. Eu disse. Pareceu estranho tentar ser educado.“Onde está a Bella?”
“Banheiro,” Alice me informou. “Uma dieta composta predominantemente de
líquidos, você sabe. Mais a coisa da gravidez que também faz isso com você,
eu ouvi.”
“Ah.”
Eu estava de pé, sem jeito, andando de um lado para o outro.
“Oh, maravilhoso”, Rosalie murmurou. Eu virei minha cabeça ao redor e a vi
vindo de um corredor meio-escondido atrás da escada. Ela tinha Bela
embalada suavemente nos braços dela, fazendo uma careta severa para mim.
“Eu sabia que senti um fedor.”
E, como anteriormente, a face de Bella se iluminou como de uma criança em
manhã de Natal. Como eu tivesse trazido o maior presente para ela. Era tão
injusto.
“Jacob,” ela respirou. “Você veio”.
“Oi, Bells”.
Esme e Edward ambos levantaram. Eu assisti como cuidadosamente Rosalie
deitou Bella no sofá.
Eu assisti como, apesar disso, Bella ficou branca e prendeu o fôlego - como
ela se concentrasse em não fazer qualquer barulho, não importa o quanto doía.
Edward passou a mão dele pela testa dela e então a longo do pescoço. Ele
tentou fazer isto parecer como se ele apenas estivesse colocando para trás o
cabelo dela, mas se parecia com exame de um doutor para mim.
“Você está com frio?” Ele murmurou.
“Eu estou bem”.
“Bella, você sabe o que Carlisle lhe falou,” Rosalie disse. “Não subestime
nada. Isto não nos ajuda a tomar todo o cuidado necessário com você.”
“Certo, estou com um pouco de frio. Edward, você pode me dar aquele
cobertor?”
Eu revirei meus olhos. “Não tem alguma razão para eu estar aqui?”
“Você entrou há pouco,” Bella disse. “Depois de correr todo o dia, eu aposto.
Ponha seus pés para cima durante um minuto. Eu provavelmente me
esquentarei novamente num instante”.
Eu a ignorei indo sentar no chão próximo ao sofá enquanto ela ainda estava
me dizendo o que fazer. Àquele ponto, entretanto, eu não estava seguro
como… Ela parecia bem frágil, e eu tinha medo de movê-la, até mesmo pôr
meus braços ao redor dela. Assim eu apenas me apoiei cuidadosamente ao
lado dela, deixando meu braço descansar ao longo do comprimento do dela, e
segurei sua mão.
Então eu pus minha outra mão contra a face dela. Era difícil contar se ela
estava com mais frio que habitualmente.
“Obrigado, Jake,” Ela disse, e eu senti o calafrio dela uma vez.
“Sim,” Eu disse.
Edward sentou no braço do sofá aos pés de Bella, os olhos dele sempre
encarando ela. Era muito esperar, com toda a super-audição no quarto, que
ninguém notaria meu estômago roncando.
“Rosalie, por que você não pega algo para o Jacob comer?” Alice disse. Ela
estava invisível, enquanto estava sentada quietamente atrás do encosto do
sofá.
Rosalie encarou o lugar de onde a voz de Alice tinha saído com descrença.
“De qualquer maneira, obrigado Alice, mas acho que eu não iria querer comer
algo em que a Loira cuspiu. Eu apostaria que meu organismo não aceitaria
muito amavelmente o veneno”.
“Rosalie nunca envergonharia Esme exibindo tal falta de hospitalidade”.
“Claro que não,” A Loira disse em uma voz melosa que eu desconfiei
imediatamente. Ela se levantou e voou para fora do cômodo.
Edward suspirou.
“Você me falaria se ela envenenasse, certo?” Eu perguntei.
“Sim,” Edward prometeu.
E por alguma razão eu acreditei nele. Havia muito barulho na cozinha, e -
estranhamente - o som de metal que protesta como se fosse maltratado.
Edward suspirou novamente, mas sorriu um pouco, também. Então Rosalie
estava de volta antes que eu pudesse pensar mais nisto. Com um sorriso
contente, ela colocou uma tigela prateada no chão próximo a mim.
“Desfrute, mestiço”.
Tinha sido provavelmente uma tigela de misturar grande, mas ela tinha
dobrado a tigela para trás de si até que tomou forma quase precisamente de um
prato de cachorro. Eu tive que ficar impressionado com a habilidade rápida
dela. E a atenção dela para o detalhe. Ela tinha arranhado a palavra Fido no
lado. Caligrafia excelente.
Porque a comida parecia muito boa - bife, nada mais, e uma batata assada
grande com todo os adornos - eu lhe falei, “Obrigado, Loira”.
Ela resmungou.
“Ei, você sabe como se chama uma loira com um cérebro?”
Eu perguntei, e então continuei com o mesmo fôlego, “um Golden Retriever.”
“Já ouvi esta também” ela disse, já não sorrindo.
“Eu continuarei tentando,” eu prometi, e então eu comecei a comer.
Ela fez uma cara de nojo e rolou seus olhos. Então ela sentou-se em um dos
braços da cadeira e começou a passar pelos canais da grande TV tão rápido
que não tinha jeito de ela realmente estar procurando por algo para assistir.
A comida era boa, mesmo com o fedor de vampiros no ar. Eu estava me
acostumando com aquilo. Hum. Não era algo que eu realmente quisesse me
acostumar, na verdade…
Quando eu terminei - apesar se eu começar a considerar em lamber a tigela
para dar alguma coisa para Rosalie reclamar - eu senti os dedos gelados de
Bella passando delicadamente pelos meus cabelos. Ela acariciou a parte de
trás de minha nuca.
“Hora de um corte de cabelo, hum?”
“Você está ficando um pouco emaranhado,” ela disse. “Talvez–”.
“Deixe-me adivinhar, alguém por aqui costuma cortar o cabelo em algum
salão de Paris?”
Ela riu. “Provavelmente.”
“Não, obrigado,” eu disse antes que ela realmente oferecesse. “Eu estou de
boa por mais umas semanas.”
O que me fez imaginar quanto tempo ELA ainda estaria de boa. Eu tentei
pensar em um jeito educado de perguntar.
“Então… hm…qual é, er, a data? Você sabe, a data certa para o monstrinho.”
Ela bateu na parte de trás da minha cabeça com tanta força quanto o pagear de
uma pena, mas não respondeu.
“É sério,” eu disse a ela. “Eu quero saber por quanto tempo eu vou ter que
ficar aqui.” Quando tempo VOCÊ vai ficar aqui, eu acrescentei na minha
cabeça. Eu me virei para olhar para ela. Seus olhos estavam pensativos; as
rugas de stress apareceram entre as suas sobrancelhas de novo.
“Eu não sei,” ela murmurou. Não exatamente. Óbvio que nós não estamos
seguindo o modelo de nove - meses aqui, e nós não conseguimos tirar um
ultra-som, então Carlisle está montando uma estimativa a partir de quão
grande eu estou. Pessoas normais supostamente atingem 45 centímetros aqui
“- ela apontou um dedo para o meio da protuberância no seu estômago-
”quando o bebê está totalmente crescido. Um centímetro por semana. Eu
estava com 30 hoje de manhã, e eu estou ganhando dois centímetros por dia,
às vezes mais…”
De duas semanas para um dia, os dias voavam. Sua vida passava em alta
velocidade. Quantos dias faltavam para ela, se ela estava esperando os 40?
Quatro? Levou-me um minuto para acreditar.
“Você está bem?” Ela perguntou.
Eu balancei a cabeça, sem certeza de como a minha voz sairia.
O rosto de Edward estava voltado para longe de nós como se ele tivesse
ouvido meus pensamentos, mas eu pude ver o reflexo de seu rosto na parede
de vidro. Ele era aquele homem em chamas novamente.
Engraçado como ter um marco de morte fazia mais difícil em pensar em ir, ou
ter que deixá-la. Eu estava feliz que Seth trouxe aquilo consigo, então eu que
eles ficariam aqui. Isso seria insuportável, imaginando se eles estavam prestes
a partir, levando um ou dois ou três ou os quatro dias. Meus quatro dias.
E era também engraçado que, mesmo sabendo que isso estava quase no fim, a
influência que ela tinha sobre mim ficava mais difícil de quebrar. Quase como
se fosse ligado à expansão do tamanho da sua barriga - quando maior ela
ficava, mais força gravitacional ela tinha.
Por um minuto eu tentei olhar para ela de longe, para me separar da atração.
Eu sabia que não era minha imaginação que a minha necessidade por ela
estava maior do que nunca. Por que isso? Porque ela estava morrendo? Ou
sabendo que mesmo que ela não morresse ainda - o melhor cenário de caso -
ela se transformaria em alguma outra coisa que eu não conheceria ou
entenderia?
Ela passou seu dedo pelo osso de minha face, e minha pele ficou úmida onde
ela tocou.
“Tudo vai ficar bem,” ela sussurrou. Não importava que essas palavras não
significassem nada. Ela dizia isso de uma maneira como as pessoas cantavam
aqueles ritmos sem noção para os jovens. Rock-a-bye,baby (referência a uma
música)
“Ok,” eu murmurei.
Ela se enroscou ao redor do meu braço, descansando a sua cabeça no meu
ombro. “Eu não achava que você viria. Seth disse que você viria, assim como
Edward, mas eu não acreditei neles.”
“Por que não?” eu perguntei bruscamente.
“Você não é feliz aqui. Mas você veio de qualquer forma.”
“Você me queria aqui.”
“Eu sei. Mas você não tinha que vir, porque não é justo que eu queira você
aqui. Eu teria que entender.”
Eu fiquei quieto por um minuto. Edward recompôs a sua expressão. Ele
olhava para a TV enquanto Rosalie ficava passando de canais. Ela estava
passando por entre os 600. Eu fiquei imaginando quanto tempo levaria para
recomeçar.
“Obrigada por vir,” Bella sussurrou.
“Posso te perguntar uma coisa?” Eu perguntei.
“Claro.”
Edward não parecia que estava prestando atenção em nós, no fim das contas,
mas ele sabia o que eu ia perguntar, então ele não me enganou.
“Por que você me quer aqui?” Seth pode te deixar quente e provavelmente é
mais fácil para ele ficar por aqui, pequeno punk alegre. Mas quando eu entro
pela porta, você sorri como se eu fosse a sua pessoa favorita no mundo todo.”
“Você é uma delas.”
“Isso é uma droga, você sabe.”
“É” Ela suspirou. “Desculpe.”
“Por que, então? Você não respondeu aquilo.”
Edward estava olhando para longe de novo, como se estivesse encarando para
fora das janelas. O resto dele estava vazio no reflexo.
“Fica… Completo quando você está aqui, Jacob. Como se toda minha família
estivesse unida. Quer dizer, acho que a vida é assim - nunca tive uma família
grande antes. É bom.” Ela sorriu for meio segundo. “Mas não é inteira quando
você não está aqui.”
“Eu nunca serei parte da sua família, Bella.”
Eu poderia ter sido. Eu ficaria bem lá. Mas isso era um futuro que havia
desaparecido muito antes de ter uma chance para viver.
“Você sempre foi parte da minha família.” Ela discordou.
Meus dentes rangeram. “Que porcaria de resposta.”
“E que resposta é boa?”
“Que tal, ‘Jacob, vou mandar sua dor para longe’?”
Eu a senti encolher.
“Você gostaria mais dessa?” ela sussurrou.
“É mais fácil, pelo menos. Minha cabeça podia se acostumar com isso. Eu
podia lidar com isso.”
Eu olhei para o rosto dela então, tão perto do meu.
Seus olhos estavam fechados e ela estava franzindo a testa. - “Não saímos do
trilho, Jake. Fora do balanço. Você devia ser parte da minha vida - eu sinto
isso, e você também”. - Ela fez uma pausa por um segundo sem abrir os olhos
- como se estivesse esperando que eu negasse. Quando eu não disse nada, ela
continuou. - “Mas não desse jeito. Nós fizemos algo errado. Não. Eu fiz. Eu
fiz alguma coisa errada, então nós saímos do trilho…”
A voz dela sumiu, e seu rosto relaxou até que só ficassem rugas no canto de
seus lábios. Eu esperei para ela colocar mais suco de limão nas minhas feridas
e então um leve ronco veio da garganta dela.
“Ela está exausta” Edward murmurou. “Foi um dia longo. Eu acho que ela
teria dormido antes, mas ela estava esperando você.”
Eu não olhei para ele.
“Seth disse que a coisa quebrou outra costela.”
“Sim, está ficando difícil para ela respirar.”
“Que ótimo.”
“Deixe-me saber quando ela ficar com calor de novo.”
“Está certo.”
Ela ainda tinha arrepios no braço que não estava tocando o meu. Eu mal tinha
levantado minha cabeça para procurar um cobertor quando Edward pegou um
do braço do sofá e o jogou para o alto, para que a cobrisse.
Ocasionalmente, a coisa de ler mentes poupava tempo. Por exemplo, eu não
teria que fazer um escândalo da acusação sobre o que estava acontecendo
quanto a Charlie. Que bagunça. Edward iria escutar exatamente quão
furioso…
“Sim” Ele concordou. “Isso não é uma boa idéia.”
“Então por quê? - Por que Bella estava dizendo a seu pai que estava
melhorando quando isso só o deixaria mais chateado?”
“Ela não agüenta a ansiedade dele.”
“É muito melhor…”
“Não. Não é melhor. Mas eu não vou forçá-la a fazer qualquer coisa que a
deixe infeliz agora.”
O que quer que aconteça, isso a deixa feliz. Eu vou cuidar do resto depois.
Isso não pareceu certo. Bella não iria adiar a dor de Charlie para depois, para
alguma outra pessoa lidar com ela.
“Ela tem bastante certeza de que vai sobreviver”, Edward disse. “Não, não
como humana. Mas ela espera ver o Charlie novamente, de qualquer jeito.”
Ah, isso ficava cada vez melhor.
“Ver. Charlie.” Eu finalmente olhei para ele, meus olhos saltando. “Depois de
tudo. Ver o Charlie quando ela está toda brilhante, pálida e com os olhos
vermelhos. Eu não sou um sugador de sangue, então talvez esteja deixando
algo escapar, mas Charlie não parece à escolha certa para a primeira refeição
dela.”
Edward suspirou. “Ela sabe que não será capaz de ficar perto dele por pelo
menos um ano. Ela acha que consegue adiar as coisas com Charlie. Dizer a ele
que tem que ir a um hospital do outro lado do mundo. Manter contato pelo
telefone…”
“Isso é maluquice.”
“Sim.”
“Charlie não é burro. Mesmo se ela não o matar, ele vai notar alguma
diferença.”
“Ela meio que está contando com isso.”
Eu continuei a encarar, esperando que ele explicasse.
“Ela não vai envelhecer claro, então isso vai dar um limite de tempo, mesmo
que Charlie aceite qualquer desculpa que ela invente para as mudanças.” Ele
sorriu fracamente. “Você lembra quando tentou contar a ela sobre a sua
transformação? Como você a fez adivinhar?”
Minha mão livre se fechou em punho. “Ela lhe contou sobre isso?”
“Sim. Ela estava explicando a… Idéia. Você vê, ela não pode falar para
Charlie a verdade - seria muito perigoso para ele. Mas ele é um homem
esperto, prático. Ela acha que ele vai inventar sua própria explicação. Ela
pensa que ele vai entender errado.” Edward rosnou. “Depois de tudo, nós não
demos pistas de vampiros. Ele vai presumir alguma coisa equivocada, como
ela fez no começo, e nós vamos conviver com isso. Ela acha que será capaz de
vê-lo… de tempo em tempo.”
“Maluquice” Eu repeti.
“Sim.” Ele concordou outra vez.
Era fraco da parte dele deixar que ela fizesse as coisas do jeito dela nisso, só
para deixá-la feliz. Não terminaria bem. O que me fez pensar que ele
provavelmente não estava esperando que ela vivesse para tentar seu plano
louco. Tranqüilizando-a para que ela pudesse ser feliz mais um pouco.
Como mais quatro dias.
“Vou lidar com o que quer que venha.” Ele sussurrou e virou o rosto para
baixo e para longe para que eu não nem pudesse ler o reflexo. “Não vou
causar dor a ela agora.”
“Quatro dias?” Eu perguntei.
Ele não olhou para cima. “Aproximadamente.”
“E então o quê?”
“O que você quer dizer exatamente?”
Eu pensei no que Bella tinha dito. Sobre a coisa estar bem e fortemente
amarrada em algo forte, como pele de vampiro. Então como isso funcionava?
Como saia?
“Pela pouca pesquisa que pudemos fazer, parece que a criatura iria usar os
próprios dentes para escapar do útero.” Ele sussurrou.
Tive que parar para engolir a saliva.
“Pesquisa?” Perguntei fraco.
“É por isso que você não tem visto Jasper e Emmett por aí. É o que Carlisle
está fazendo agora. Tentando decifrar histórias e mitos antigos, o máximo que
podemos com o que temos aqui, procurando por qualquer coisa que nos ajude
a prever o comportamento da criatura.
Histórias? Se existissem mitos, então…
“Então essa coisa não é a primeira de sua espécie?” Edward perguntou,
prevendo minha questão. “Talvez. Tudo é muito vago. Os mitos podem muito
bem ser produtos do medo e da imaginação. Embora…” Ele hesitou “os seus
mitos são verdadeiros, não são? Talvez esses sejam também. Eles parecem
estar localizados, ligados…”
“Como você achou…?”
“Tinha uma mulher que encontramos na América do Sul. Ela foi criada de
acordo com as tradições de seu povo. Ela já ouviu avisos sobre essas criaturas,
histórias que foram passadas.”
“Quais eram os avisos?” Eu murmurei.
“Que a criatura deve ser morta imediatamente. Antes que possa ganhar muita
força.”
A mesma coisa que Sam pensou. Ele estava certo?
“Claro, as lendas deles dizem o mesmo sobre nós. Que devemos ser
destruídos. Que somos assassinos desalmados.”
Dois por dois.
Edward deu uma risada dura.
“O que as histórias deles diziam sobre as… Mães?”
Agonia tomou conta do rosto dele, e, enquanto eu me desviava de sua dor, eu
soube que ele não ia me responder.
Foi Rosalie - que estivera tão parada e silenciosa desde que Bella havia
dormido que eu quase a esqueci - que respondeu.
Ela fez um som de deboche no fundo de sua garganta. “Claro que não houve
sobreviventes” ela disse. Sem sobreviventes, grossa e sem se preocupar. “Dar
à luz em um pântano infestado de doenças enquanto um médico preguiçoso
cuspia na sua cara nunca foi um método seguro. Mesmo os partos normais
davam errado na metade das vezes. Nenhum deles tinha o que esse bebê tem -
carregam uma idéia do que o bebê precisa, quem tenta satisfazer essas
necessidades. Um médico com um conhecimento único da natureza vampírica.
Um plano para fazer o parto de o bebê ser o mais seguro possível. Veneno que
repara qualquer coisa que dê errado. O bebê ficará bem. E aquelas outras mães
provavelmente teriam sobrevivido se elas tivessem tido isso - se elas
existissem, num primeiro momento. Isso é algo de que não estou convencida.”
Ela fungou desdenhosamente.
O bebê, o bebê. Como se fosse isso que importasse. A vida de Bella era um
pequeno detalhe para ela - fácil de livrar. O rosto de Edward ficou branco
como a neve. As mãos dele viraram garras. Totalmente egoísta e indiferente,
Rosalie se virou na cadeira para que ficasse de costas para ele. Ele se inclinou,
agachando.
Permita-me, eu sugeri.
Ele parou, levantando uma sobrancelha.
Silenciosamente, eu levantei minha tigela de cachorro do chão. Então, com um
movimento rápido da minha cintura, eu atirei na parte de trás da cabeça da
Loira, tão forte, com barulho ensurdecedor se chocou rápido antes de
ricochetear para o outro lado da sala e cair ao pé da escada.
Bella e virou, mas não acordou.
“Loira burra.” Eu murmurei.
Rosalie virou a cabeça lentamente, e seus olhos estavam em chamas.
“Você. Jogou. Comida. No. Meu. Cabelo.”
Foi isso. Eu levantei instantaneamente. Afastei-me de Bella para que não a
sacudisse, e ri tanto que lágrimas correram pelo meu rosto. Atrás do sofá, eu
ouvi a risada fina de Alice se juntar à minha.
Perguntei-me porque Rosalie não revidou. Eu meio que esperava. Mas então
eu percebi que minha risada tinha acordado Bella, embora ela tivesse dormido
durante o barulho propriamente dito.
“O que é tão engraçado?” Ela resmungou.
“Joguei comida no cabelo dela” Eu disse a ela, gargalhando outra vez.
“Não vou esquecer isso, cachorro.” Rosalie sibilou.
“Não é tão difícil apagar a memória de uma loira.” Eu reagi. “Só sopre em seu
ouvido.
“Arrume algumas piadas novas.” Ela revidou.
“Vamos, Jake, deixe a Rosalie em p…” Bella parou no meio da frase e
respirou com dificuldade. No mesmo segundo, Edward estava inclinado por
cima de mim, tirando o cobertor do caminho. Ela pareceu ter uma convulsão,
suas costas arqueando no sofá.
“Ele só está” Ela ofegou, “se esticando.”
Os lábios dela estavam brancos, e seus dentes cerrados, como se ela estivesse
tentando conter um grito.
Edward colocou as duas mãos no rosto dela.
“Carlisle?” Ele chamou em uma voz baixa e tensa.
“Aqui.” O médico disse. Eu não o tinha escutado se aproximar.
“Certo” Bella disse, ainda respirando com dificuldade e superficialmente.”
“Acho que acabou. A pobre criança não tem espaço suficiente, é isso. Ele está
ficando tão grande.
Era muito difícil engolir aquele tom carinhoso que ela usava para descrever a
coisa que a estava destruindo. Especialmente depois da frieza de Rosalie. Deume
vontade de jogar algo em Bella também. Ela não desconfiou do meu
humor.
“Sabe, ele me lembra você, Jake.” Ela disse - naquele tom amoroso - ainda
sufocando.
“Não me compare com essa coisa.” Eu atirei por meus dentes.
“Eu só quis dizer seu crescimento acelerado” Ela disse, como se eu a tivesse
magoado. Ótimo. “Você cresceu muito depressa. Dava para ver você ficando
mais alto a cada minuto. Ele também é assim. Crescendo tão rápido.”
Eu mordi a língua para não dizer o que eu queria dizer - forte o suficiente que
eu senti gosto de sangue na boca. Claro que cicatrizaria antes que eu pudesse
engolir. Era disso que a Bella precisava. Ser forte como eu, ser capaz de se
curar…
Ela respirou mais calmamente e relaxou no sofá, seu corpo ficando mole.
“Hmm” Carlisle murmurou. Eu olhei para cima e os olhos dele estavam em
mim.
“O quê?”, perguntei.
A cabeça de Edward virou para o lado enquanto ele refletia o que quer que
estivesse na cabeça de Carlisle.
“Sabe que eu estava me perguntando sobre a composição genética do feto,
Jacob. Sobre os cromossomos dele.”
“O que tem?”
“Boom, levando as seus similaridades em consideração…”
“Similaridades?” Rosnei.
“O crescimento acelerado, e o fato de que Alice não pode ver nenhum de
vocês.”
Eu senti meu rosto ficar vazio. Eu tinha esquecido dessa outra coisa.
“Bem, eu me pergunto se isso significa que temos uma resposta. Se as
similaridades estão no gene.”
“Vinte e quarto pares” Edward resmungou baixo.
“Você não sabe disso.”
“Não. Mas é interessante investigar.” Carlisle disse numa voz suave. “É,
realmente fascinante.”
O ronco leve de Bella começou de novo, dando ênfase ao meu sarcasmo.
Então eles começaram a discutir, com as palavras da conversa genérica tão
rápidos que as únicas palavras que eu consegui distinguir foram os “as” e os
“e”. E meu próprio nome, claro. Alice se juntou a eles, comentando uma vez
ou outra em sua voz fina de passarinho.
Mesmo que eles estivessem falando sobre mim, eu não tentei entender as
conclusões a que eles estavam chegando. Eu tinha outras coisas em mentes,
alguns fatos que estava tentando compor.
Fato um, Bella tinha dito que a criatura estava protegida por alguma coisa tão
forte quanto pele de vampiro, alguma coisa que era impenetrável para os ultrasons,
dura demais para agulhas. Fato dois, Rosalie tinha dito que eles tinham
um plano para fazer o parto de modo seguro. Fato três, Edward tinha dito que
- em mitos - outros monstros como esse iriam mastigar para poder sair das
próprias mães.
Eu tremi. E isso deu uma noção doentia, porque, fato quatro, não havia muitas
coisas capazes de cortar uma pele de vampiro. Os dentes da coisa - de acordo
com o mito - eram fortes o suficiente. Meus dentes eram duros o suficiente. E
dentes de vampiros eram fortes o suficiente. Era difícil deixar escapar o óbvio,
mas com certeza eu queria ter deixado. Porque eu tinha uma boa idéia de
como a Rosalie planejava tirar aquela coisa de modo seguro.
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