AVISO

Querido leitores de momento o Cold Blood Fanfics encontra-se em manutenção.

Voltaremos em princípio ainda este mês com mais novidades, colunas novas, entrevistas com autores de fanfics, etc..., provavelmente também com uma nova cara.

Por isso, se virem novos conteúdos no blog, não se "assustem" nem pensem que voltamos ao ativo.

Quando estivermos terminando postaremos uma mensagem.

Obrigada pela atenção.

A Equipa do CBF

Hang_onfic-por Stefani Banhete

A chuva batia no teto da cabana. Chuva era coisa rara por aqui. Eu sempre ficava admirado quando chovia... Claro, podendo ver cada cor do arco-íris em cada gota de chuva, era difícil não se deixar levar, principalmente quando se vivia em um ambiente sempre tão tenso quanto o meu. Guerra. Sempre pairando no ar. Guerra, morte e a fumaça doce dos corpos de meus irmãos imortais tanto quanto de meus inimigos. E tudo isso para que? Sangue e poder. Por muito tempo, foi só no que consegui pensar. Em sangue e no amor de Maria. Mas Maria já não era mais a mesma de antes. Tanto tempo se passou desde aquela noite nebulosa em que eu encontrei três anjos perdidos na estrada para Houston. Anjos? Não... não era anjos. Eram demônios. Monstros sedentos do mesmo sangue e poder que vinha regendo minha vida desde que Maria fizera de mim um vampiro. Um soldado para seu exercito de recém-criados. Ela costumava ser a razão de minha existência, Maria. Tão linda com seus cabelos castanhos e traços levemente indígenas. Os grandes olhos vermelhos me enfeitiçaram desde aquela noite. Fazia tudo o que ela mandava e com pericia o bastante para ela notar e confiar em mim. Eu dei minha vida à ela. Manchei minhas mãos com a morte de milhares apenas por meu amor por ela. Meu fascínio pelas criaturas mais lindas que jamais havia visto me manteve parado naquela fatídica noite e minha dependência de Maria me mantivera ali até agora. Mas eu sentia coisas. Sentia o ódio e o desespero pela sede constante em meus irmãos, sentia Maria reticente à minha volta. Tão diferente de quando nos conhecemos. Eu podia sentir que ela nunca me amara de verdade. Minhas mãos estavam manchadas com um amor que nunca fora verdadeiro. Queria poder me livrar disso. Lavar minhas mãos e fingir que nada daquilo era verdade. Acima de tudo, eu podia sentir o medo que exercia sobre minhas vitimas. Elas me lembravam de mim mesmo, tanto tempo atrás. _Está pensativo de novo, meu querido Jasper... Não gosto quando fica assim. – Maria deitou-se ao meu lado na cama e começou a acariciar meu peito, tentando me distrair das conclusões que, sem duvida, sabia que eu estava chegando. Maria era minha inimiga agora. E ela sabia disso e mesmo assim, me mantinha por perto. Ela tem o melhor de mim, pois já não existe mais nada do Jasper Whitlock que eu costumava ser, além do soldado. Me sinto entorpecido e gostaria de mudar isso. Mas não posso. Minha garganta está ardendo, pois já não caço a varias semanas. Gostaria de controlar a necessidade, mas fico fraco demais e cedo. Queria ser surdo e mudo, queria poder fingir. _Fale comigo, Jasper! _Não há mais nada a dizer, Maria. Eu lhe dei minha vida e você carregará isso para todo o sempre. _Não me arrependo de ter transformado você, Jasper. _Pois eu me arrependo... _Você é tão ingrato! Eu lhe dei poder e a imortalidade! _O que você me deu foi uma existência cheia de morte e ódio! Não quero mais matar, Maria. Chega! _Se nós não os matarmos, Jasper, eles nos matarão e a guerra continuará de qualquer jeito! Assim é o nosso mundo. Se partir, será morto por outro bando em um piscar de olhos. _Talvez você tenha razão... _É claro que tenho, meu querido guerreiro. Agora, pense comigo: Se ainda fosse humano, o que estaria fazendo agora? A guerra acabou, seu exército perdeu e os Estados Unidos da América são um só país. – como eu não respondi de pronto, ela continuou. – Você provavelmente teria sido ferido em batalha e estaria mendigando nas ruas por sustento, já que não poderia trabalhar... _Jamais faria tal coisa, Maria! Eu... _Sim, eu sei que não. Mas graças a mim, você nunca precisará sequer pensar nisso! Pois eu lhe transformei em um Deus entre os homens, Jasper. E você deveria apenas me agradecer. Meus instintos de soldado, juntamente com meu sexto sentido me avisaram que era melhor lhe dar razão, pois Maria poderia se virar contra mim com a mesma facilidade que Nettie e Lucy haviam se virado contra ela, anos atrás. Então eu lhe sorri, tentando tranqüilizá-la e então saí da cabana. A chuva mal havia parado e varias fogueiras já apareciam aqui e ali, aumentando o sempre presente cheiro doce. Mais a frente, uma mão decepada remexia-se nervosamente com os últimos espasmos de dor. Peguei-a e atirei no fogo. Estava realmente cansado de tudo aquilo. Teoricamente eu não poderia me incomodar com a morte. Eu sou um soldado, afina de contas. O mais jovem major do grande estado do Texas. Ironicamente, alcancei o posto sem nunca ter entrado em uma batalha. Mais irônico ainda era o que eu me tornara agora. Nada mais do que um soldado ou mesmo um escravo. Escravo da sede de sangue e de Maria. Era estranho como quando era humano eu defendia a escravidão tão ferrenhamente, como fora criado para fazer e agora, que experimentara na pele como era ter sua personalidade, sua liberdade tolhida por outra pessoa, ela me parecia tão abominável. Ou talvez nem fosse tão estranho assim... Naquele momento, um movimento chamou minha atenção nos arbustos próximos à cabana que os novatos dividiam. Coloquei-me em posição de ataque e rosnei, avisando o que quer que estivesse à espreita, que eu o tinha escutado. Mas então eu farejei e senti um cheiro familiar. Um cheiro que eu não sentia há anos. _Peter? _Olá Jasper! – meu amigo Peter, que eu permitira fugir com seu amor, uma recém criada prestes a ser descartada chamada Charlotte, apareceu na orla do bosque, sorrindo de orelha a orelha. _Que faz aqui? Se Maria o vir, matará os dois! _Não se preocupe com isso. Viemos buscar você, Jasper! _Me buscar? _Sim! Há todo um mundo fora do acampamento de Maria, amigo. No Norte civilizado! _Não me venha você também com essas idéias, Peter! – Mesmo sabendo que a guerra acabara, meus instintos sulistas se revoltaram perante as palavras dele. _Não é disso que estou falando! No norte não há guerras, Jasper! Nossa espécie convive pacificamente! Podemos sair à luz do dia e ninguém percebe. E se formos cuidadosos, podemos nos alimentar todas as noites! _Espere! Que disparates está dizendo? Sair durante o dia... _Não é disparate, Jasper! – Charlotte apareceu ao lado de Peter e segurou sua mão. Estava bem vestida e sua pele cheirava a limpeza. – No extremo norte, o céu é tão nublado e tão constantemente, que podemos viver em meio aos humanos sem que eles percebam! Além disso, os vampiros do Norte são principalmente nômades e, portanto não existe a noção de território. Eles vão e vem, de dia e de noite, alimentando-se quando querem. _Sem matança... _Sem matança, Jasper. – Peter me olhou nos olhos e eu vi que ele estava dizendo a verdade. Senti sua preocupação comigo e a felicidade em que viviam “no Norte civilizado”. – Venha conosco! Olhei para trás, para minha vida. A única vida de que podia me lembrar. Eu não podia mais fingir que somos as mesmas pessoas que éramos antes, por isso, dei as costas a Maria e parti com Peter e Charlotte.

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