Capitulo 12: Surpresas

POV BELLA

Sentia-me completamente feliz... enfermeira chefe! Nunca me imaginei comandando uma UTI com apenas dois anos de formação. Isso não era comum, Deus me havia concedido um milagre. Um não, dois. Meu paciente, Edward Cullen, havia despertado do coma, se recuperado quando o médico o havia condenado, lutou pra retornar a consciência e tudo isso por mim.

Vesti-me apressada pensando no meu novo emprego, Jasper providenciara tudo, até o meu novo crachá estava pronto. Ele já desconfiava de Aro por isso atendeu prontamente meu pedido de socorro em plena madrugada quando compartilhava a cama com Alice, mesmo eu tendo atrapalhado alguma coisa, né. Ainda bem que havíamos chegado a tempo de salvarmos Edward. A dor pela perda de minha mãe ainda me incomodava, mas eu tinha certeza de que Aro pagaria por tudo o que fizera, ele e Victória.

Entrei no hospital com enorme sorriso de satisfação no rosto.

- Parabéns Bella! Você merece!

Era a frase que eu mais ouvia dos diversos funcionários que cruzavam meu caminho enquanto eu dirigia-me á UTI. Todos estavam ali, vendo minha exaltação. A justiça tarda, mas não falha. Sorri para todos e agradeci cordialmente, mas meu pensamento estava apenas em uma única pessoa. Edward.

Eu não o via desde aquele momento em que Jasper me concedeu o direito de visita pela manhã, mas ele estava dormindo feito um anjo, o semblante tanto lindo e suave. Será que ele estava acordado?

- Boa noite, Bella! Seja bem vinda ao turno da noite! – Rosalie, uma das enfermeiras chefe me cumprimentou. Ela logo me passaria o plantão.

- Boa noite, Rosalie! Alguma novidade?

- Bom... os pacientes estão na mesma. – ela olhou alguns papéis dos pacientes. – Menos esse. Edward Cullen. – meu coração disparou. O que acontecera com ele? – Ele teve alta da UTI.

- Foi transferido para a Clínica Médica? – perguntei tentando manter o profissionalismo na voz.

- Não. O médico fez todos os exames nele esta tarde e inacreditavelmente ele estava totalmente recuperado. Uma leve mialgia (dor muscular), um leve desconforto, um pouco de astenia (fraqueza), mas os exames revelaram que ele não precisaria mais de nossos cuidados. O médico o liberou pra ir embora.

Ela falava mais alguma coisa, mas eu não conseguia entender o que era. Ele havia tido alta, foi embora e nem ligou pra avisar que estava tudo bem, que estava fora do hospital. Simplesmente sumira da minha vida tão subitamente quanto entrara.

- Bella? – a voz de Rosalie me fez despertar de meu devaneio.

- Desculpe, eu estava longe. – dei um sorriso amarelo e tentei focar no que ela me dizia a respeito do andamento da UTI.

O plantão pareceu arrastar-se por uma eternidade. Tentei ser gentil e simpática com minha equipe, mas minha mente teimava em vagar até as lembranças mais doces de minha vida. O rosto que mais parecia uma máscara de sofrimento transformara-se em um lindo rosto de anjo com um perfeito sorriso de alegria, iluminando minha vida sombria. Ele me chamara de seu anjo... por que havia partido sem ao menos me dizer adeus?

Toda a alegria e a euforia desapareceram, minha alma estava na mais completa escuridão, assim como uma negra noite de lua nova. Ele fora meu eclipse, mas passou tão rapidamente pela minha vida que deixou um vazio imenso.

Edward... cheguei a pensar que... mas que tola eu era? Quem quereria alguém como eu? Tão sonsa e sem sal. Eu servira ao meu propósito, auxiliara na sua recuperação e ele me era grato por isso. E mais nada. Tudo não passara de um mal entendido. Um doloroso mal entendido.

Tentei passar um bom plantão para James, não via a hora de sair dali e encontrar o repouso da minha cama onde enfim eu poderia chorar minha tristeza, minha solidão.

Saí para o ar fresco da manhã... o dia já estava amanhecendo. Olhei para o céu colorindo-se de um leve tom dourado. Crepúsculo e amanhecer sempre me lembrariam meu anjo sorridente.

- Ei! – uma voz rouca e conhecida chamou ás minhas costas e virei-me lentamente, não acreditando que o que estava acontecendo fosse real.

Era meu anjo e estava ainda mais lindo do que eu me lembrava. Em pé, apoiado em uma leve bengala, vestindo uma calça jeans e uma camisa pólo, ele sorria pra mim, o rosto iluminado pelos primeiros raios de sol da manhã fazendo com que duas lágrimas que lhe caíam dos olhos brilhassem como dois diamantes, até que desapareceram em seu pescoço. O vento agitava seus cabelos que reluziam ao sol. Fiquei ali, parada, deslumbrada com tal visão. Eu estava delirando, enlouquecendo, só podia ser isso.

- Você não me parece muito bem. – ele disse com voz trêmula. – Bom dia, meu nome é Edward Cullen e vou cuidar de você... para sempre!

Meus olhos se encheram de lágrimas ao recordar-me da primeira vez que eu o vi. Ele se lembrava da primeira frase que lhe disse. Ele ouvira tudo, desde o começo. Olhos nos olhos, fomos nos aproximando um do outro lentamente como se tivéssemos medo de que tudo aquilo não passasse de um sonho e que algum movimento brusco pudesse fazer tudo sumir no ar como fumaça..

- É a primeira vez que te vejo de uniforme. Se parece ainda mais com o anjo que é. – ele comentou já muito perto de mim, seus olhos cravados nos meus.

- Há um pequeno equívoco aqui. – eu disse e vi seus olhos piscarem, confusos. – Se existe um anjo aqui, esse anjo é você.

- Minha Bella. – ele disse rindo, e estendeu-me uma pequena caixa. – Abra.

Peguei a caixa de sua mão, curiosa, abrindo-a. Um bombom descansava sobre um monte de pétalas de rosas. Olhei pra ele, confusa.

- Coma. – ele pediu suavemente.

Coloquei o bombom na boca e mordi. Tinha recheio de morango.

- É assim que você é pra mim. Doce, intensa, revigorante, inesquecível,.. chocolate em seus olhos, morango em seu cheiro. – seus lábios estavam realmente muito próximos aos meus agora. – Não sabia que haviam mudado você de turno. Estava esperando você chegar quando te vi sair, tão triste. O que houve, meu anjo?

- Pensei que você tinha me deixado! – eu disse, engolindo um soluço, as lágrimas me queimando os olhos.

- Como poderia deixá-la? – ele sussurrou acariciando meu rosto com a ponta dos dedos. – Você é minha vida agora, Bella. Meu coração só bate quando estou com você. Foi por você, somente por você que eu voltei. Sem você, não existe vida pra mim.

Nossos lábios se encontraram no beijo mais perfeito da minha vida. O gosto de chocolate com morangos se misturando ao gosto de hortelã da boca dele tornou tudo ainda mais intenso, mais especial. Sem Edward nada fazia sentido, mas agora, com ele eu iria a qualquer lugar, faria qualquer coisa, seria qualquer coisa.

Ele riu durante o beijo, e eu interrompi o mesmo, olhando seu rosto.

- O que foi? – perguntei curiosa.

- Sou o homem mais feliz do mundo por que tenho a melhor das mulheres em meus braços. – ele disse ainda sorrindo com aquele sorriso torto que me tirava o chão. – Minha Bella, meu anjo, minha vida.

Abraçados, caminhamos pela calçada rumo ao meu carro, que estava no estacionamento ao lado.

- O amanhecer e o crepúsculo são lindos não? – comentei feliz.

- Sim, ver é um dom de Deus. Mas eu achava tudo mais bonito quando eu via tudo através dos seus olhos. – seus olhos dourados transbordavam de amor quando encararam os meus. – Você, durante todo esse tempo, foi meus olhos, minha boca, minhas mãos, minhas pernas. Meu mundo. Aprendi a reparar nos detalhes de tudo o que me cerca através da sua voz, que me descrevia todos os dias, o crepúsculo, o amanhecer, o desabrochar das flores, o canto dos pássaros, a chuva, o vento. Tudo era mais perfeito quando você via por mim. Você, Bella, você é meu amanhecer. Você é a razão de eu estar aqui. Nunca te deixarei ir, nunca mais estará sozinha.

Lágrimas de felicidade caíam de meus olhos e misturavam-se as dele em mais um beijo perfeito sob os raios de sol de Seattle que já nascera, iluminando aquela cena que seria inesquecível para nós dois. E isso era apenas o começo de uma vida cheia de amor ao lado do homem de quem eu cuidara e que agora cuidaria de mim.