Uma Pequena História de Amor - Capítulo 07

Tudo bem, quando acaba... perfeitamente.

Eram cinco da tarde, faltavam apenas duas horas para a cerimônia e tudo corria bem. Pelo menos, era o que Stanley dizia todas as vezes em que eu ligava para saber, por que é claro que eu não iria ao casamento!

Não o via desde aquele dia em meu apartamento e , mesmo assim, pensava cada vez mais nele, em sua risada e na maneira triste como ele me olhou, enquanto ia embora.

Por que eu disse que não o queria. Eu o mandei embora. Eu o machuquei. E nada me faria me perdoar por isso, mas o que poderia fazer?

- Quando a noiva chegar me ligue, e então quando ela estiver no altar,, quando eles saírem, quando começar a festa e quando terminar.

- Certo.

- Caso tenha problemas Heidi recebeu instruções e Lauren lhe dará todo o apoio possível, mas você não vai precisar disso Jess.

- Eu te amo.

- Eu também te amo Stanley.

- A família não para de perguntar por você. Alice está estranha e passou muito tempo conversando com o noivo na sacristia.

- Olho nela! Ainda acho que Alice vai aprontar!

- Ai meu Deus do céu!

- O QUE FOI JÉSSICA?

- Nada não, eu... não se preocupe, tenho que ir.

- Ok... boa sorte.

- Beijo para o tio Charlie!

- Ok.

Desliguei o telefone e peguei novamente as folhas que estavam ao meu lado no sofá, aquela que Edward havia deixado na mesinha do telefone. Eram duas fotos minhas. Uma do ensaio de divulgação da empresa com minhas habituais roupas de trabalho e a postura séria, a outra saindo de um café com Jess e rindo muito de algo que nem me lembro. Embaixo, com a letra dele, a frase: “Qual delas é a mais gata?”.

Edward não esquecia mesmo aquela coisa de roupas.Levantei e fui em direção a cozinha antes que chorasse mais uma vez. Na casa do meu pai não tem bebidas alcoólicas de modo que decidi afogar minhas mágoas no café que Charlie havia acabado de fazer.

- Bells, tudo bem mesmo ficar sozinha por algumas horas?

- Não precisa mudar seus planos por minha causa papai. Eu cheguei de surpresa, não se preocupe comigo.

Charlie sentou na cadeira que estava ao lado da minha e pegou minha mão esquerda, acariciando-a com seu velho sorriso no rosto. Meu pai me conhecia bem o suficiente pra saber que eu não estava bem, e desde que cheguei a sua casa essa manhã estava procurando um momento pra me perguntar o que estava acontecendo comigo.

- Quem é ele?

Soltei um longo e frustrado suspiro e depois ri, era impossível esconder algo dele.

- Você é único homem que me entende, também é o único que presta!

Charlie riu, mas então ficou serio de repente.

- Ele já aprontou com você?

- Não pai...

- E então?

- Ele vai... se casar hoje. Era um cliente.

- E a regra número um?

- Eu sei!

- Sinto muito querida...

- Eu também, eu o amo tanto pai!

Nem sei como fazer pra ficar bem com isso, ele é perfeito pra mim... é inteligente, seguro, charmoso, mas não vai ser meu. E eu nem consigo odiá-la, ela é maravilhosa!

- Oh querida...

E mais uma vez eu estava chorando por Edward Cullen, enquanto meu pai me colocava no colo com os olhos também marejados. Ele sempre sofria comigo todas às vezes, e eu me sentia mal por isso, mas Charlie uma vez me disse que só tínhamos um ao outro e que deveríamos dividir tudo, inclusive as dores das perdas e problemas. Eu me sentia assim em relação a ele também.

- Vou ficar em casa com você!

- Não precisa pai – solucei – se você não for pescar vai ficar deprimido e ai serão dois!

Nós rimos e eu me levantei pra pegar a maleta de pesca de cima da pia e a entreguei a ele.

- Vamos logo moço!

Charlie ficou de pé e pegando a caixa de iscas me deu um beijo na testa.

- O amor às vezes tem dessas, filha. Prega peças na gente, mas todo mundo tem o direito de mar... sua hora vai chegar, não duvide disso não! Eu perdi sua mãe, mas ela me deixou você, que é quem eu mais amo, e foi a melhor coisa que ela poderia ter feito por mim. Aposto que o amor está reservando uma grande surpresa pra você!

- Obrigada papai – o abracei – eu te amo muito ok?

- Eu também te amo filhota.

Quando Charlie foi embora à solidão e a tristeza ficaram ainda piores, mas não ia pedir que ele ficasse... os sábados eram seu dia favorito, quando ele ao lago pescar com os velhos amigos de sempre. Ele até mesmo havia me convidado pra ir, mas eu me sentiria muito deslocada.

Fui tomar mais um banho quente tentando imaginar que meus problemas e frustrações desceriam com a espuma pelo ralo. Vesti um shortinho de moletom e uma camiseta que encontrei em meu antigo guarda-roupas e desci pra ver televisão e esperar as ligações de Stanley.

Eram seis e meia e nada de ela me ligar!Decidi assistir ao canal de filmes da parabólica de Charlie, por mais que eu quisesse e oferecesse, ele nunca quis uma TV paga!

E no canal de filmes dele só passavam filmes artiguinhos, tipo sessão da tarde, e em sua maioria daqueles romances água com açúcar que nunca rolam na vida real, mas era isso ou o canal do boi e dos esportes.

Quando vi o filme que estava passando quase cai pra trás. Ela se chama “O casamento dos meus sonhos” e contava a história de uma organizadora de casamentos que se apaixona pelo noivo!

Peguei o controle remoto pra mudar para os bois, mas algo, talvez a curiosidade de ver no que ia dar, me impediu de mudar. De modo que vi ate o final.

Em uma das cenas o personagem do Matthew McConaughey vai ate a casa da Jennifer Lopez pra se declarar e lá o manda embora, meu rosto estava lavado em lágrimas.

- Merda de filme.

Não me levantei nem sequer uma vez durante todo o filme, estava praticamente em transe.

A noiva do cara era loira, como a Rosalie, mas era uma chata de galocha! A mãe me lembrava a Helen e quase ri com suas cenas, mas foi no final, quando o noivo se decide pela JLo, que aconteceu...

- Não é um final bonitinho?

A voz me fez pular e cair de cima do sofá para o chão e bater com minha cabeça na mesinha de centro.

- Bella!

Senti suas mãos em minha cintura, mas não quis olhar pra trás, pelo contrario apertei meus olhos bem fechados e me endireitei no chão.

- Sabia que não deveria ter tomado tanto café!

Ouvi sua risada, aquela com a qual vinha sonhando acordada todos os dias e senti seu cheiro, quando suas mãos acariciaram minhas bochechas resolvi que deveria abrir os olhos. Mas ai eles se arregalaram.

- Ai Edward eu sou uma mulher adulta e esclarecida, não assisto comedias românticas!

Ele gargalhou muito com sua própria imitação idiota da minha voz, mas eu ainda não conseguia dizer nada e muito pior me mexer do lugar. Só fiquei olhando, com os olhos quase saindo das orbitas.

- Bella? Você está em choque?

Assenti piscando algumas vezes. Eu nunca havia tido alucinações com café, mas aquilo já era demais!

- Já sei o que fazer!

Edward ficou de pé, me levantando facilmente, e logo sentou no sofá comigo no colo. Sua mão quente acariciava minha perna, enquanto ele segurava meu rosto com a outra. Ele sorriu e me deu um beijo no pescoço, os arrepios me trouxeram a realidade.

- Edward! Você está aqui! Co-como?

- Seu pai me deu a chave, quando o encontrei lá fora. Eu estava pensando em como bater na porta e me apresentar a ele. Acho que ele gostou muito de mim!

Ele sorriu largamente e tentei me levantar antes que eu perdesse o controle novamente, mas Edward passou sua perna por cima das minhas me prendendo. Fiquei vermelha como um pimentão.

- Onde está Rosalie?

- Rose há essas horas deve estar a caminho de Londres com minha família.

- E você?

- Eu não fui não...

- Eu percebi seu engraçadinho, mas quero saber o porquê disso. Ou melhor, deixa pra lá!

- Se não quer conversar podemos fazer outra coisa...

- Ei Edward! Espere aí! – olhei o relógio – Você não se casou?

- Só me caso com você Bella!

- Não, espera. Estou falando serio, o que aconteceu?

- Eu repeti todas as coisas que eu havia dito na sua casa para Rosalie. Eu não estava sendo justo casando com ela. Eu não a amo. Eu amo... muito você. E ela acabou percebendo que não se sentia assim comigo também, então decidimos que estávamos pra fazer uma grande merda. Alice chegou na hora a que conversávamos e depois chamou Jessica pra comunicar nossa decisão. Acho que ela estava falando com você na hora. E eu, já estava a caminho.

Era muita informação pra uma pessoa só.

Eu me lembrava da maneira estranha como Stanley havia desligado o telefone, mas nunca imaginaria que o casamento havia sido cancelado naquele momento.

- Bella, eu disse que te amo e é verdade. Eu acabei de repetir isso ao seu pai lá fora, depois que ele me ameaçou de morte...

- Então... – meus olhos já estavam lacrimejados novamente – você...

- Eu vim aqui pra te dizer que você tem razão – Edward ficou de pé e passou os braços por minha cintura, para evitar que eu caísse – tivemos só uma semana juntos e não sabemos tudo um sobre o outro, mas eu amo você e quero conhecer tudo sobre sua vida, quero fazer parte dela. Bella eu te amo, demais, e não há nada que você possa fazer sobre isso.

Seu sorriso debochado me fez rir. Como fui boba em achar que poderia viver sem ele! Edward era tudo o que eu precisava, e não tinha medo de estar com ele. Passei meus braços por seu pescoço e ele me deu um beijo na testa.

- Vamos dizer que eu fique com você...

- Sim?

- Você vai tentar se meter em menos confusões?

- Você é quem me mete em confusão!

- Edward! Você promete?

- Prometo – rolou os olhos – e você? Promete também?

- Eu prometo – ri – e prometo também que vou te amar sempre, e vou estar com você enquanto você me quiser!

- Então se prepara – sussurrou no meu ouvido – por que eu vou sempre querer você!

E foi a primeira vez que nos beijamos estando juntos de verdade, pelo menos do nosso jeito maluco de ser. E foi a primeira vez que o amor venceu sua disputa contra mim. Mas, quer saber, se eu tiver Edward Cullen como consolo, eu não estou nem aí pro resto!

Fanfic escrita por Tamy Cullen.