Como de costume Isabella acordou cedo, o sol mal tinha dado o
ar da graça quando se viu de pé com a rosa nas mãos imaginando como ela
fora parar em seu quarto.
Deu
um suspiro resignado, colocou-a junto às outras em um jarro que se
localizava em cima de uma cômoda de mogno, seguiu até o lavatório e
verificou que lhe faltava água para seu banho matinal, entretanto a
pequena quantidade que possuía lhe era útil para sua higiene bucal.
Lavou seu rosto e quando estava pronta para buscar por auxilio leve batidas na porta chamou sua atenção.
Abriu-a e se deparou com uma das colaboradoras de lorde Cullen.
– Bom dia milady, trouxe água para sua limpeza! – lhe disse com um sorriso nos lábios.
Isabella avistou mais uma senhorita aparentemente mais jovem que a outra e sem dizer uma só palavra afastou-se da porta.
A duas adentraram em seu leito e seguiram até o lavatório, segundos depois a mais jovem se retirou.
– Milady, gostaria de minha ajuda?
Isabella encarou-a.
– Certamente, senhorita....?
– Judith Mayes, midady
[...]
Não
estranhou ao chegar à sala de jantar e descobrir a mesa transbordando
de comida, incluídos rins assados, presunto, ovos, pães-doces, bolos e
geléia. Havia um criado disposto a ajudá-la, e para seu grande alívio
não encontrou Edward.
Assim que o mordomo fez sua
aparição, sentou-se e começou a se servir, surpreendentemente estava
faminta, talvez fosse pelo fato de não ter se alimentado bem durante o
jantar.
- Lorde Cullen já levantou-se? – perguntou Isabella tentando parecer indiferente.
– Sua senhoria saiu cedo, pediu-me para avisá-la que voltará assim que possível para lhe dá atenção.
Quase Isabella se engasga com o pedaço de pão em sua boca.
Doce ilusão. Pensou que estaria livre do libertino.
– Obrigada.
Assim
que acabou seu desejum lady Swan seguiu até a biblioteca da residência,
se encantando com a grandiosidade e elegância do local.
Decidiu-se por poesias encontrando autores famosíssimos, como Edmund Spenser, Sir Philip Sidney, Andrew Marvell,
John Milton, etc. se perdendo no tempo e espaço, se questionando como
seria se Damien estivesse apreciando tanto conhecimento com ela, que nem
ao menos notou a presença de Sir Edward analisando-a.
– Ficas tão graciosa divagando!
Sua voz rouca e sedutora era quase como uma caricia intima, fazendo seu pulso acelerar e seu corpo ansiar por mais.
Fechou seus olhos com força, depois o encarou.
– Estas me olhando há muito tempo? – questionou Isabella
Um sorriso diabólico surgiu nos lábios de Edward.
– Saber que aprecio sua delicada beleza a encanta? – retrucou.
Isabella piscou os olhos diversas vezes para depois encará-lo firme.
– Estas me olhando há muito tempo? – repetiu sua pergunta.
– Tempo suficiente para apreciá-la. Isso lhe encanta?
– Não, me desconcerta!
Ambos travaram um duelo mental, ficaram se encarando por longos minutos até que Isabella enfim desistiu.
– Desisto, considera-se o vencedor!
– Oh! Já cedeu aos meus encantos?
Era nítido o tom divertido na voz de lorde Cullen.
–
NÃO, Milorde entendera errado... Estava me referindo ao duelo de
olhares... Não a nosso... Nosso... Acordo! – explicou-se visivelmente
atordoada.
Aproximou-se de
Lady Swan, colocou suas mãos em cada braço da poltrona, deixou sua face
tão próxima a dela que podia sentir a sua respiração acelerada batendo
de encontro a sua.
– Duelo de
olhares? Acredito que você tenha entendido errado... – sua voz rouca
deixou-a abobalhada – ...Estava somente apreciando cada detalhe de sua
linda e delicada face...
Seus
lábios roçaram-nos dela, deixando-a completamente rendida. Por puro
instinto e desejo crescente, os abriu desejando um contado maior, um
beijo mais profundo.
– ...És
tão linda Isabella – Disse enquanto distribuía beijos por sua mandíbula,
chegando ao lóbulo de sua orelha, mordiscando o local.
Um
gemido baixo saiu dos lábios de lady Swan, ela necessitava mais,
precisava de muito mais. Levantou seus braços para puxá-lo, desejava
senti-lo junto de si, entretanto encontrou somente o vazio.
Lorde Cullen já caminhava à saída “Estarei lhe aguardando” disse altivo, deixando-a confusa na poltrona, desejosa por mais.
Isabella passou as mãos nervosamente pelos cabelos, seu pulso ainda estava acelerado, e sua respiração entrecortada.
Deixou
que seu corpo amolecesse na poltrona, fechou os olhos e forçou-se a
pensar em outra coisa que não fosse os lábios do libertino que decidira
atormentar sua vida ou em como Damien agiria vendo-a entregar-se dessa
maneira.
Com muito custo, após alguns longos minutos sentiu-se calma novamente.
Levantou-se,
guardou o livro que segurava antes da aparição daquele ser diabólico,
passou as mãos pelo vestido e pela face algumas vezes até sentir-se
segura. Respirou fundo e retirou-se da elegante biblioteca.
Quando
chegou a sala o avistou apoiado na janela, olhando para seu lindo e
pequeno jardim, como uma estátua, lindíssimo com um smoking preto que
ajudava a deixá-lo ainda mais formoso.
Ele
não pareceu reparar sua presença de início, embora Isabella estivesse
segura de que era muito consciente. Quando falou em voz baixa, deixou-a
surpreendida.
– Adoraria que me acompanhasse ao Regent Street!
Isabella assustou-se com o convite.
–
Gostaria que me auxiliasse em algumas compras... Alice está chegando no
final da semana, gostaria de presenteá-la – lhe explicou quando Isabella permaneceu calada divagando por seu passado recente.
– Certamente, será uma honra auxiliá-lo milorde!
Sir Cullen virou-se e olhando em seus olhos sorriu fraco.
– Quando decidirá me chamar pelo nome?
Isabella
nada disse, somente o encarou firme, e agradeceu internamente quando o
mordomo adentrou ao salão, seria trágico perder a batalha mais uma vez.
– Milorde! A carruagem está ao seu dispor!
– Obrigado
Edward se aproximou de Isabella e olhou-a por inteiro.
–
Apreciaria que aproveitasse a viagem e escolhesse algo a sua altura –
Delicadamente acariciou a face de Lady Swan com as costas de sua mão
para em seguida colocar um fio de cabelo solto trás de sua orelha - Algo
que possa fazer justiça as suas preciosas curvas.
Isabella engoliu seco.
Edward
lhe presenteou com um sorriso torto deixando-a ainda mais nervosa, para
em seguida enlaçar seu pequeno e frágil braço ao seu, segurando-a
firmemente, conduzindo-a até a carruagem que os aguardava.
O
caminho foi silencioso, imagens do que ocorrerá na biblioteca passeavam
pela cabeça de Isabella, e tê-lo tão perto dela fazia seu coração
acelerar e seu cérebro puni-la.
Por que ele possuía o poder de desestruturá-la?
Antes
que pudesse inventar qualquer resposta – pois tinha consciência que não
encontraria argumento lógico para a questão – a carruagem parou e
Edward com toda elegância a conduziu até a loja desejada.
Pararam em frente à Bernstock Speirs, a loja que produzia os chapéus mais elegantes de toda a Londres.
– Alice possui uma coleção de chapéus incríveis, certamente irá se encantar com as novidades. – comentou Edward segurando-a.
Quando
pisaram na loja um jovem se prontificou a atendê-los, entretanto
Isabella sentiu a primeira conseqüência do que se tornará sua vida. Os
olhares em sua direção eram visíveis, assim como buchichos maldosos
entre as senhoras, que propositalmente eram indiscretas.
Respirou fundo e ajudou Lorde Cullen em suas escolhas, tanto para a jovem Alice como para si.
Sentia-se
constrangida, pois além de pagar por chapéus, vestidos e jóias, Edward
não escondia seus comentários embaraçosos diante dos diversos
espectadores.
Porém o momento
mais delicado fora quando estavam no Fortnum & Mason, não soube
dizer se Edward quisera adentrar o local propositalmente ou se fora uma
simples coincidência.
Respirou
nervosamente e abaixou a cabeça, era demais, dias antes estivera ali
com seu pai a pedido de seu noivo, fora apresentada aos colaborados como
futura dona do estabelecimento, e hoje não passava da amante de um
libertino.
Sentiu que lágrimas traiçoeiras queriam sair por seus olhos, porém seu orgulho ajudou-a a resistir à tentação.
Edward
parecia alheio a tudo, e como estava no local com o intuito de escolher
perfumes, borrifava uma generosa quantidade em sua pele afim de
escolher um que lhe agradasse.
–
Hum... adorei este... misturado a sua essência natural... – sussurrou
em seu ouvido após inspirar o cheiro doce que havia colocado em seu
pescoço.
Sentiu seu rosto esquentar e em uma tentativa de se esconder dos olhares desviou sua face, para em seguida se arrepender.
Damien Mason os observava de longe, sua face parecia retorcida de ódio e Isabella sentiu-se suja e envergonhada.
Sem
dizer uma palavra sairá em disparada para o carro de Edward,
segurando-se para não chorar, entretanto seu orgulho próprio acabou
sendo vencido, deixando que as lágrimas presas caíssem como enxurradas.
Edward
com toda sua elegância comprou o perfume e ao longe cumprimentou o
jovem Mason, para em seguida adentrar o carro e acalentar a jovem
Isabella, que de tão fragilizada aceitou seu abraço de bom grado.
– Leve-nos para casa! – ordenou Cullen a Sebastian.
[...]
Havia acabado de passar as coordenadas de como gostaria que tudo estivesse para a chegada de Alice.
Quando se tratava de suas irmãs Edward era no mínimo exigente.
Isabella
assistia a tudo com atenção. Por mais que ao longo dos dias Edward
demonstrava-se um homem totalmente diferente do pervertido que
imaginava, vê-lo preocupado com as acomodações de sua irmã mais nova a
deixava intrigada.
– Quero muitas flores amarelas em seu leito. Alice as adora, e isso fará com que se sinta acolhida.
–
Pode deixar Milorde. Cuidarei de tudo pessoalmente. E não esquecerei de
abrir as janelas para deixar o aposento mais arejado. – lhe respondeu
Esme.
Edward lhe passou mais algumas recomendações antes que a governanta pudesse enfim, fazer seu trabalho.
Um
pouco agitado lhe serviu um vinho tinto, tomando um considerável gole
para em seguida sentar-se de frente para Isabella, encarando-a com uma
intensidade mortal.
– Não imaginava que o senhor fosse um irmão tão afetuoso! – comentou Isabella.
Ele lhe sorriu torto.
– Libertinos também tem sentimentos!
– Nunca achei que fosse diferente... Entretanto quais seriam os mais dominantes.
Isabella questionou-o sarcástica.
Edward se inclinou um pouco pra frente.
– Só há um jeito de descobrir...
Lorde Cullen levantou-se, tomou todo o vinho que continha em sua taça e voltou seu olhar para a jovem Isabella.
– ... Se quiser conhecê-los estarei em meu aposento!
Edward
seguiu rumo ao seu leito, saiba que Isabella não iria procurá-lo, ainda
havia uma enorme desconfiança dentro de si, ainda mais depois das
compras que fizeram dias atrás, entretanto deixá-la intrigada fazia
parte de seu jogo.
Seu jogo...
Até quando agüentaria? Fazia dias que Isabella estava em sua
propriedade, dias que não saciava seu desejo de homem, e podia jurar que
a qualquer momento invadiria seu leito e iria lhe impor seu desejo.
Aos poucos começou a tirar cada peça de roupa até ficar completamente nu.
Ela era uma Swan.
Porque infernos ele não agia descortês e rude com ela?
Uma voz distante o fazia lembra de tudo o que lhe aconteceu. Tudo o que aconteceu a sua família... Alice...
Como seria quando ela chegasse? Será que conseguiria ser cortes com Isabella?
Suspirou pesadamente, desejando escolher um futuro digno para a caçula dos Cullens.
Isabella ainda não conseguia sair da poltrona, estava imóvel se perguntando quais sentimentos dominavam Lorde Cullen.
Os segundos se passaram, tornando-se longos minutos...
Não
soube dizer ao certo quanto tempo ficou paralisada na poltrona, porém
em um determinando momento seu corpo exausto pediu por descanso.
Isabella
adentrou seu quarto, assim como todas as outras noites verificou a
fechadura, certificando-se que estava devidamente trancada. Para em
seguida avistar a flor branca que havia encontrado naquela manhã.
Desde que chegará sempre que despertava havia uma rosa no travesseiro ao lado.
Como
ela iria parar ali ainda era um mistério, entretanto sempre que
acordava e avistava a flor ao seu lado sentia algo enigmático e mágico
dentro de si.
Poderia parecer estranho, mas as rosas a deixavam bem.
Retirou sua roupa, fez sua higiene e vestiu-se com sua camisola de seda.
Sorriu
ao lembrar-se do dia quem fora com Edward às compras. Havia vestidos
que jamais se imaginou dentro, eram tão justos e decotados que a deixava
envergonhada.
Um nó se formou
em sua garganta, Damien a vira ao lado do libertino, havia tanto ódio
em sua face que a deixava amedontrada, do que ele seria capaz?
Antes
mesmo de tentar imaginar algo acabou desistindo de entender seu
ex-noivo ou seu futuro amante para se entregar aos braços do sono.
Quando
finalmente despertou-se guardou mais uma flor depositada em seu leito,
cuidou de sua higiene e com ajuda de Judith optou por um vestido rendado
com um decote quadrado da cor verde, fez um coque simples e desceu para
o desejum.
Hoje a jovem Alice chegaria, por isso não estranhou encontrar a condensa sentada a mesa do café junto ao Lorde Cullen.
– Bom dia!
Isabella
os cumprimentou e sentou-se a mesa, Edward retribuiu o cumprimento e
lhe presenteou com um belo sorriso nos lábios, entretanto Rosálie nada
lhe disse e continuou agindo como se não a tivesse visto.
A
manhã passou lenta, quase não falou e deixou-se vagar no que a chegada
de Alice iria interferir em sua estadia forçada á propriedade de Edward.
Algo dentro de si temia a chegada da jovem...
Fora então que um barulho de cavalos chamou sua atenção, deixando Isabella em alerta.
Edward
e Rosálie ansiosos apressaram-se em seguirem até a entrada, Isabella
timidamente os seguiu analisando tudo o que ocorria. Avistou o mordomo
junto ao cocheiro ajudarem a bela jovem a sair do carro.
Linda!
Não havia adjetivo melhor.
Mas o que poderia esperar?
Era uma Cullen, e pelo que já virá, a beleza se fazia presente em qualquer linhagem daquela curiosa família.
Usava
um vestido rosa, simples e comportado, seu cabelo negro estava muito
bem penteado com um coque feito por tranças e sua sutil maquiagem a
deixava ainda mais bela.
Havia uma senhora bem vestida ao seu lado, segurava com certa delicadeza e pôde perceber que lhe sussurrava algo.
Após alguns segundos Alice chegara até a porta principal onde fora recebida com abraços calorosos de seus dois irmãos.
– Deixe-me vê-los! – pediu Alice.
Sua voz era tão delicada, que a tornou mais bela.
A jovem se afastou de seu irmão e com as pontas dos dedos tocava sua face, enquanto seus lindos olhos azuis vagam distantes...
Oh!
Ofegou Isabella internamente para o óbvio.
Era impressão sua ou a pequena Alice era cega?
Autora Vasquez
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