Isabella estava encostada na parede com o olhar fixo na entrada
da casa, observando Sir Edward se despedir de sua irmã e do conde
Thompson.
Apesar da mesa de
mogno ser imensa, com um par de altos candelabros de prata enfeitando o
centro, jogos de cristal, porcelana da China, e uma comida divinamente
perfeita, a noite não fora nada animadora, não pelos cavalheiros, que
até tentaram com suas gargalhadas e assuntos leves alegrar a noite,
entretanto o olhar analisador de Rosálie sobre Isabella deixará a jovem
ainda mais perturbada, procurando forçar sorrisos e expressões amistosas
durante todo o jantar.
Quando
o casal resolverá deixar a casa, Lady Swan teve que conter um suspiro
de alivio, pois não poderia garantir nem a si mesma o controle de seus
atos se a condensa continuasse lhe olhando daquela maneira.
Com
o intuito de mandar embora este incomodo que sentira a noite toda
buscou em sua mente algo que pudesse ocupar-se, o que acabou sendo um
grande erro, pois a única coisa que se fixou em seus pensamentos fora o
quanto o belíssimo smoking azul que Sir Edward usava moldava sua
silhueta esbelta e musculosa.
Isabella
se sentia atraída por ele sem nem ao menos entender o que isso
significava, cruzou a elegante sala em silêncio, tentando evitar que
seus olhos o capturassem por mais alguns minutos, pois não poderia
garantir domínio de seus atos.
Como pôde se tornar manipulável em algumas horas?
Se havia algo que poderia se orgulhar, era de sua personalidade forte, porém agora fugia como uma gata medrosa e acuada.
Fechou
os olhos e suspirou pesado por alguns segundos, assim que os abriu virá
um lindo jarro com rosas brancas, deixando o local ainda mais
exuberante.
Aproximou-se, e
instintivamente inspirou o cheiro que emanava da linda planta, era um
perfume inebriante e a maciez das pétalas era melhor que a seda verde
que estava lhe cobrindo.
– Você gosta das rosas, Isabella?
A jovem levou um susto quando uma voz diabólica se apropriou do ambiente.
Assim que se recuperou encarou o ser a sua frente.
– Muitíssimo.
Isabella observou Edward se aproximando, seu pulso acelerou vergonhosamente.
– Talvez algum dia lhe mostre o quanto rosas são fascinantes!
O
silencio se instalou por mais alguns minutos, Lorde Cullen analisava-a
cuidadosamente, tentando capturar qualquer resposta ou sinal.
– Qual é sua avaliação sobre minha irmã? - Perguntou com uma despreocupação que parecia fingida.
Ela vacilou não desejando demonstrar seu desconforto.
– Muitíssimo requintada.
Edward
lhe sorriu como se lesse nas entrelinhas tudo que quisera esconder,
seguiu até a mesa e encheu duas taças de vinho, aproximou-se de Isabella
e lhe estendeu uma educadamente.
Isabella analisou a atitude de Sir Edward e se lembrou da conversa que ouvirá a algum tempo entre duas criadas em sua casa.
– O vinho é parte de sua emboscada para seus avanços?
Ele a examinou por um longo momento, segurando-se para não gargalhar.
– Lhe garanto belo cordeiro, quando chegar o momento não necessitarei de vinho para isso.
E sorriu terno e encantador dominou seus lábios o deixando ainda mais tentador.
–
Até porque desejo-te em pleno domínio de seus sentidos... – Levantou
sua taça e engoliu uma boa quantidade, para lhe sorrir e completar o que
estava lhe dizendo - É melhor para desfrutar o momento.
Um constrangimento dominou Isabella.
– Lhe diverte meu constrangimento, milord? Agrada-te zombar de mim?
Ela
pensou que o famoso libertino fosse se aproveitar de sua resposta para
lhe zombar mais uma vez, entretanto ele se aproximou da campainha para
chamar o mordomo que lhe recebera mais cedo.
– Tenha a bondade de fazer vir à senhora Wilson, Seth.
– Certamente milord – repôs o majestoso mordomo.
Isabella aguardou perguntando-se por que ele mandou chamar essa senhora, quem era ela, o que tinha haver com a conversa?
Assim que a senhora chegou parecia surpreendida.
– Chamou-me, milord?
– Milady está é Esme Wilson minha governanta – voltou-se para a senhora Wilson – Tem a chave do quarto de lady Swan?
– Sim, milord. - Tirou o gigantesco molho que carregava em sua cintura. – Levo as chaves de todos os aposentos da casa.
– Pode entregar-me, por favor?
O que a governanta iria fazer? Fez o que sua senhoria pedira.
– É a única chave do quarto? – perguntou Lorde Cullen
– Sim, milord.
–
Obrigado, Esme, isso é tudo. – o sorriso meigo que saíra dos lábios de
Edward para a governanta não passou desapercebido por Lady Swan.
Será que a senhora Wilson era uma de suas amantes? Perguntou-se Isabella, entretanto duvidou quando analisou a governanta.
O que aconteceu entre eles? O porquê desse carinho estampado no olhar de ambos?
– Com licença! – disse Esme se retirando do salão.
Assim que ficaram sozinhos, Edward estendeu sua mão a Isabella com a chave dependurada.
– Guarde em seu poder belo cordeiro!
Ela
não estava acreditando no que estava acontecendo, buscou em seu rosto
algum indício de estivera enganando-a, mas não o encontrou.
Edward lhe sorriu amavelmente.
–
Será a ultima vez que repetirei isso. Não precisa temer nenhum ato
forçado de minha parte. Posso ter numerosos defeitos e alguns pecados,
entretanto nunca forçaria uma mulher que não me deseje.
Ainda receosa Isabella capturou a chave.
Edward
se aproximou para tocá-la, que por sua vez estremeceu-se diante de
contado singelo em sua bochecha, olhando-a intensamente.
–
Só sou um homem, não um monstro – murmurou roucamente – Chegara o dia
em que me aceitara, o dia em que não irá enxergar um lobo em meu lugar.
Deu-lhe um beijo rápido em sua bochecha rosada e com um suspiro pesado sentou-se em seu sofá.
– Vá dormir. – lhe disse enquanto analisava qual seria sua reação.
– Dormir? – perguntou alarmada.
Edward revirou os olhos.
–
Sozinha. É livre para ficar sozinha. Não te pedirei para compartilhar
seu leito. – lhe sorriu diabolicamente – Aguardarei até que me convide.
Temendo
que mudasse de idéia Isabella lhe desejou boa noite e seguiu até seu
aposento, certificando-se de fechar bem a porta, tudo o que não queria
era que algum mal entendido ocorresse.
Olhou
em volta, os abajures estavam acesos iluminando seu leito, os lençóis
bem arrumados eram um convite para abraçar seu sono, como se pudessem
mandar embora qualquer desconforto que sentia.
Entretanto,
a única coisa que conseguia fazer era tentar amenizar o calor que
estava sentindo. Seguiu até as cortinas, abriu-as deixando que a luz da
noite adentrasse o ambiente.
Durante
algum tempo permaneceu diante da janela, observando o silencioso jardim
lá em baixo e deixando que a paz acalmasse seus nervos.
Por fim se voltou e apagou os abajures.
Na
semi-escuridão tirou o vestido e vestiu uma camisola de cambraia,
perguntando-se secamente o que pensaria Damien de sua modesta camisola.
Com um balançar de cabeça buscou afastar esse pensamento.
Deitou-se
em sua cama e vagou no dia tumultuado que passou, sem ao menos perceber
o sono lhe envolveu da pior forma possível, pois a primeira imagem que
dominou o que era pra ser seu refúgio fora ele, Lorde Sir.
Edward
a olhava intensamente, como se pudesse apagá-lo fechou seus olhos,
porém assim que os abriu o viu tão perto que não pôde fugir de seu
beijo.
Era apaixonado, doce e ardente. Tinha o poder de deixá-la sem ar, fazer seu corpo amolecer como açúcar derretido...
Ao despertar, seu corpo pulsava com um desconhecido calor.
Colocou em sua face suas mãos tremulas por alguns minutos, escutando o som da madeira sendo queimada para aquecê-la.
Abriu
seus olhos e avistou a luz da lua entrando pela enorme janela aberta
iluminando o quarto, fazendo-a perceber algo jogado ao travesseiro ao
seu lado.
Analisou. Era uma linda rosa vermelha, com pétalas tão vivas que a fascinou. Sorriu incrédula, será que estaria dormindo?
Olhou em volta e nada encontrou a não ser o silencio dominador.
Tentou
dormir, entretanto os minutos se passaram e nada conseguirá. Olhou a
linda rosa que segurava firme em suas mãos e tentou imaginar como ela
fora parar ali.
Garantiu-se
que a porta estava fechada, olhou em volta e não encontrou nada que
deletasse outra entrada, avistou a altura das janelas, não havia
indícios de escadas ou qualquer outro instrumento que pudesse ser usado
para invadir seu leito.
Como aquela rosa fora parar ali?
Cansada
de tentar imaginar abriu a porta de seu leito e com passos cuidadosos
passou pelo corredor e desceu as escadas, seu objetivo era seguir até a
cozinha e tentar lhe preparar um chá calmante, entretanto seu objetivo
fora quebrado.
- Deseja uma taça de brandy, cordeiro?
Isabella
estava tão preocupada em acalmar-se que não havia percebido Lorde
Cullen apoiado diante da lareira acesa da sala, com um roupão azul
escuro.
Sem deixar de olhá-la levou uma taça aos lábios, seus movimentos eram suaves e sensuais.
Isabella olhou-se percebendo que seu robe estava aberto, nervosamente o fechou.
– Não, somente desejava um chá ou um pouco d’água – suspirou – Desejas algo milord?
– Surpreender-te-ia se te dissesse que desejo companhia?
Ela olhou-o especulativa e ele lhe sorriu.
– Por que não vem aqui comigo junto ao fogo? Não quero que fique doente ou coisa assim.
Com certo cuidado aproximou-se dele.
Sir Edward sorriu fraco, tomou um pequeno gole de seu brandy.
– Costume cumprir minhas promessas Isabella. Não há nada que temer.
Olhou em sua face com um cuidado excessivo, se controlando para não lhe implorar pelo toque de seus lábios.
Desviou seu olhar e analisou seus atos:
Primeiro
ganhou o direito de tê-la até quando desejar, fazendo com que ela fosse
obrigada a aceitar aquela situação insustentável, fazendo jus a imagem
de libertino diabólico, porém desde que chegará em sua casa deixou que
ela escolhesse cada avanço.
Será que havia deixando escapar alguma coisa?
O olhou curiosa, buscando qualquer resposta nas duas pedras verdes que tinha em sua face.
– Não te temo – respondeu sincera.
– Mas não confia em mim – lhe deu um sorriso fraco, dando continuidade a conversa.
– O que esperavas? A forma como meu “ganhou” já diz tudo.
–
Tenho que te convencer do contrário. Por longos segundos o silêncio se
instalou no local – Enquanto isso...me fará companhia?- pediu
galanteador novamente
Isabella mordeu seu lábio inferior um tanto confusa
– Te prometo que esta noite não me sinto inclinado à sedução. Tudo o que quero de você é um pouco de conversa.
Ao ver que ainda vacilava, trocou de tática.
– Faz-me o favor ? – pediu com os braços estendidos.
Sentiu
o seu pulso acelerar, estavam muito próximos, e temia o que o contado
de sua pele poderia lhe causar. Respirou fundo e segurou sua mão.
Um leve tremor passou por seu corpo deixando-a desconcertada.
Edward
a guiou até uma poltrona com enfeites que estava em frente a ele, e por
alguns segundos esperou que lhe dissesse algo, porém tudo o que fizera
fora beber seu brandy em silêncio enquanto contemplava as chamas.
Isabella se encontrou olhando-o com cautela.
A luz do fogo iluminava sua face, destacando toda sua beleza, deixando-a alucinada por sentir a textura de sua pele.
Não
mentirá quando lhe dissera que não temia-o, entretanto estar com ele no
auge da noite, somente com a luminosidade da lua e da lareira, era como
testá-la ao limite, ou melhor, por em prova o resto de sua força de
vontade.
E o silêncio ajudava e muito a isso.
Mas
o que falaria? Nem ao menos conversar com ele fazia qualquer sentido.
Fora obrigada em ser sua amante, em ceder a tudo que ele desejasse, não
dialogar.
Suspirou pesadamente.
– Do que podemos falar? – perguntou cordial, porém tremula.
Ele levantou o olhar para ela.
– Por que não me fala de você? – disse serio.
– O que você gostaria de saber?
Deu de ombros.
– Algo que queira me contar. O que gosta de fazer?
– Para uma dama com um pai desregrado não resta muito do que gostar... – suspirou pesadamente.
Edward analisou-a por alguns segundos.
– Qual autor lhe agrada mais?
Isabella sorriu lindamente, de uma forma que o deixou fascinado.
–
Os sonetos de William Shakespeare são incríveis... Faz-me recordar de
minha mãe e do aroma das flores do jardim... – o encarou – Ela sempre
levava a mim e Victoria a passeios pelo jardim para ler...
– Receio então que seu interesse pela leitura não tenha sido esquecidos pelas atitudes de seu pai – comentou Sir Cullen
Isabella ficou em silêncio, como se não pudesse concordar com ele, desviou seu olhar.
– Sim, herança de minha mãe! – lhe respondeu receosa.
– Sente falta dela? – questionou Edward instigando a conversa o máximo que podia.
– Muitíssimo...
Edward perceberá que ali era o ponto final e decidiu mudar o rumo sutilmente.
– Acho que lhe agradará a companhia de Alice, assim como você adora poesias.
Isabella olhou-o curiosa.
– Alice é minha irmã mais nova, tem 17 anos, irá ser apresentada a sociedade! – explicou-lhe Edward.
– E onde estas? – perguntou Isabella visivelmente curiosa e aliviada pela mudança de assunto.
– No interior, em uma de minhas propriedades, mas em alguns dias virá a cidade.
– Espero que lhe arranje um cavalheiro descente.
– Alguém diferente de mim? – perguntou Lorde Cullen sorrindo.
– Certamente é um bom começo.
Edward explodiu em uma gargalhada.
– Não faz rodeios, verdade?
–
Porque deveria? – suspirou – Lamento que esteja decepcionando-te, mas
não tenho prática nas artes do flerte e da paquera, sei ser apenas eu.
Edward riu abertamente.
– Doce cordeiro, não está me decepcionando, muito pelo contrário, sua ousada sinceridade é estimulante para uma lady.
– Sério? Humm... Isso significa que conhece muitas damas? Nossa como estou surpreendida.
Ele soltou uma nova gargalhada.
–
Vejo que estou sendo um péssimo anfitrião. Por isso além de te dar a
oportunidade de exercitar seu agudo talento comigo, pode fazer uso de
minha biblioteca quando quiser.
–
Obrigado. Aceitarei sua oferta... Sempre que não esteja utilizando-a. –
ainda sorrindo continuou o assunto – Não imaginava que gostasse de
leitura.
– Desfruto de muitos prazeres, querida.
– Assim o entendo... Conta com uma legião de prazeres. – respondeu irônica.
– O que ouviste exatamente?
– Por exemplo, que fundou com alguns colegas a Liga do Demônio, onde costuma praticar orgias e perversões.
– Concede-nos muito mérito... Não somos tudo isso, somente demos continuidade a liga fundada na época de nossos avôs.
– Então os boatos das orgias são falsos? – perguntou irônica
– Orgias? Um completo engano!
– Em seu caso acredito que não, milord.
Ele fez uma careta zombadora.
– Acredito que tenha te pedido para me chamar de Edward.
Isabella ignorou-o
– É certo que o custo de filiação é de quinze mil libras?
– Sim.
– Permitem que se façam sócias as mulheres?
Ele arqueou as sobrancelhas.
– No momento não, mas imagino que poderíamos fazer uma exceção. Está propondo ser convidada?
–
Certamente que não —respondeu com um misto de divertimento e
constrangimento. – Nunca me interessou a companhia de pervertidos.
– Será que nunca me imaginou como um homem normal? Sem a imaginem de um pervertido demoníaco.
– Não.
–
Creio então que a muito a aprender sobre mim. – Lhe sorriu amigável –
Irei adorar lhe ensinar a verdadeira face de Edward Cullen.
Isabella se perguntou em que sentindo ele se referia.
–
Talvez você o consiga, entretanto espero que esteja ciente que uma Lady
como eu fora ensinada a não cair nas mentiras de um pervertido como o
senhor .
Um brilho diferente iluminou os olhos de Edward.
– Ah estou desolado.
– Duvido. Se estivesse, não teria tanta lábia.
Edward
gargalhou por mais uma vez o que fez o pulso de Isabella acelerar. Era
um engano permitir-se brincar com ele, por muito que pudesse desfrutar
disso. Era muito vulnerável ao sensual encanto daquele libertino.
Rapidamente Edward ficou de pé.
Isabella ficou tensa ao ver que ele aproximava.
–
Poderia continuar dialogando sarcasmos contigo, mas devo me retirar...
Bem a menos que queira me convidar para passar a noite...
O intencionado silêncio deu a resposta.
– Muito bem. Foi um prazer, querida.
Beijou levemente sua mão e lhe deu as costas, deixando-a quente e ainda mais confusa.
Ela
imaginou tudo, menos essa crescente intimidade, esse jogo que Sir
Edward estava manipulando. Isabella era ciente, porém não era nem um
pouco imune aos galanteios do libertino, tornando essa proximidade um
perigo atraente.
Autora Vasquez
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