A Despedida
Carlisle
Eu tinha aquela sensação estranha de que talvez não fosse bom ter contado a Emmett como matar um vampiro.
Por outro lado, eu me sentia melhor deixando-o saber do que os abandonando à própria sorte.
Voltamos
para casa, Esme deveria estar pensativa quanto a nosso sumiço. Meu
filho contaria a ela o que fizemos somente após nos mudarmos. Eu não a
queria sofrendo. Não seria o fim, ainda poderíamos revê-los.
Edward
e Emmett conversaram durante o caminho todo sobre caça e como nos
esconder de humanos. Não demorou para chegarmos em casa. No final da
floresta, diminuímos o passo e passamos a caminhar pela rua.
Pude notar na fisionomia de Edward que algo estava acontecendo naquela casa...
Edward
Lá
de fora eu podia ouvir claramente a conversa de Alice e Rosalie.
Enquanto Alice era meiga e entusiasta, Rosalie era arrogante e soava
como uma cretina. Minha irmã...
Como disse a Emmett há
pouco: ela era linda, mas não era apaixonado por ela. Quando se pode
estar na cabeça de alguém tão egoísta quanto Rosalie, você percebe o
quanto é bom se estar sozinho.
É como dizem: o conhecimento estraga o romance.
Amantes são amantes porque não possuem a turbulência do cotidiano entre eles.
Em
contra partida, eu sentia pena de Rosalie. Tudo o que ela almejava era
ser feliz, no entanto, ela tratava os demais com desprezo. Como ela
achava que construiria felicidade em cima da tristeza dos demais?
Entramos
em casa, Rosalie estava de costas para nós, e ficava encarando Alice. A
pequena Alice abriu um enorme sorriso ao nos ver chegar e correu para
perto de Emmett.
– Vocês demoraram.
– Desculpe. – Eu acho que ela ainda mandaria nele...
Rosalie
Eu
estava de costas, mas ouvi quando Edward, meu pai e o “pobre moço
ferido da floresta” chegaram. A pequena irritante correu para perto
dele.
Algo incontrolável me fez virar ao ouvir sua voz.
Aquela voz... Era tão, tão... Linda! Era quase como hipnótica, era a
mais bela melodia que eu já ouvi. E ele pedia desculpas de uma forma tão
singela.
Quando dei por mim eu o estava encarando, perdida em seus olhos vermelhos.
Foi aí que ouvi Edward pigarrear...
– Rosalie! – Ah, é... Ele pode me ouvir.
Edward
O
quê?! Rosalie está toda com pensamentos melosos quanto ao Emmett?! Não
era exatamente ela quem não queria vê-los?! O que ela pensa que está
fazendo?!
Eu a encarava depois de pigarrear para segurar sua atenção.
Eu queria matá-la, mas sabia que não seria uma boa opção.
– Rosalie! O que é isso?
Ela me fuzilou com os olhos.
– Não é da sua conta, Edward.
Emmett
Chegamos e a moça loira, Rosalie, conversava com Alice.
Alice,
agora eu poderia defendê-la de tudo e todos. Ela era tão frágil e ao
mesmo tempo foi tão forte por viver por aí sozinha. Eu não a queria mais
com medo daquele tal de Jasper. Ela deveria ter felicidade em seu
rosto, não preocupação.
Ela pareceu feliz ao nos ver,
embora tenha brincado que demoramos. Eu gostava de seu jeitinho
serelepe. Eu não conseguia imaginá-la perdida, sozinha e com medo. Ela
não teria mais de enfrentar nada sozinha no que dependesse de mim.
Foi
quando me peguei olhando para Edward que repreendia a irmã por algo.
Nesse instante, eu acabei olhando para ela e vi seu rosto.
Como Edward havia dito, ela era realmente linda. O que aquele cara tinha?
Era
como um anjo de longos cabelos loiros e olhos dourados, o vestido
branco que ela usava dava ainda mais a impressão de que ela era um ser
divino.
Mas ela estava brava...
Depois
de gritar com Edward, ela voltou a me olhar, senti Alice apertar meu
braço para chamar minha atenção. Alice estava com ciúmes? Do quê?
Está
bem, ela era linda, um anjo na terra, mas eu tinha Alice para proteger
daqui pra frente, e, bem, poderíamos nunca mais ver os Cullen.
Eu só estava curioso quanto a tão mencionada Rosalie...
Aliás, agora que pensei: Rosalie... Até seu nome era musicalmente belo...
Alice me apertou ainda mais...
Ok, eu parei...
Será que só de ficar perto do Edward, ela ouvia pensamentos também?!
Epa!!!
Olhei para Edward. Se pudesse, eu ficaria vermelho. Ele sabia exatamente tudo que pensei a respeito de sua irmã...
Emmett, você é um idiota!
Edward
A cena beirava o ridículo. Agora Rosalie ia dar em cima dele? O que deu nela? Há um segundo ela o desprezava... Afff...
Eu desisto!
Não quero entender a Rosalie, não mesmo!
Os pensamentos de Emmett também não ajudaram em nada.
Certo,
mas de qualquer jeito, eu me controlaria. Afinal, nos mudaríamos por
conta dos acontecimentos e Alice e Emmett só não nos acompanhariam por
capricho dela.
E não ia ser agora que ela bancaria a
arrependida. Se eles viessem juntos, eu temia que ela acabasse fazendo
com que Alice voltasse a vagar sozinha pelo mundo.
Sabe, minha irmã é bem persuasiva quando quer...
E Emmett estava bem suscetível a aceitar.
Carlisle
Os ânimos estavam exaltados na sala.
Rosalie
parecia estar com intenções nem um pouco nobres, digamos assim. Edward
concordou com a cabeça assim que tive esse pensamento. Céus, o que ela
queria?
– Rosalie, por que não vai ajudar a Esme?
– Tudo está pronto, papai.
– Filha, por favor – era quase um suplica para evitar algo ruim.
Ela me encarou com cara de perdida, sorriu uma última vez para Emmett e aceitou subir.
– Tudo bem, eu irei...
Olhei para Edward, que fazia cara de inconformado. Alice segurava o braço de Emmett como se tivesse medo de perdê-lo.
Em que parte as coisas desandaram mesmo?
Rosalie
Subi para avisar minha mãe que a hora da partida estava próxima.
Eu tinha uma pequena ideia em minha mente agora.
Eu
me sentia necessitada do olhar daquele rapaz. Ai, ai! Eu suspirava em
lembrar a simples existência dele. Por onde ele se escondeu esse tempo
todo?
Eu poderia falar com Esme. Quem sabe ela não convencia os outros a deixarem que eles fossem conosco?
Eu teria mais tempo.
Eu poderia fazer com que aquela garota voltasse a vagar sozinha. Eu o teria para mim, eu conseguiria! Ele era tão perfeito!
Hmmm... Amei a ideia!
Minha mãe estava terminando de fechar as portas no segundo andar.
Esme
Iríamos partir, mais uma vez...
Eu
não queria deixar esses dois novos vampiros vagando sozinhos, mas
também não poderia ir contra a realidade dos fatos. Talvez Rosalie não
quisesse continuar conosco se eles nos acompanhassem.
Eu temia por minha filha. Apesar de ela ser cruel às vezes, ela só tenta se enquadrar nesta nova vida.
Eu nunca a abandonaria, ela precisava tanto de mim. E eu jurei aos céus que não a deixaria só!
Eu
terminava de fechar as portas. Estava encarando o chão entre meus
pensamentos quando Rosalie me chamou da forma mais bela do mundo:
– Mamãe! - sorri com aquela simples palavra, eu sabia que Rosalie poderia mudar. – Vim lhe avisar, papai disse que vamos partir.
Eu respirei fundo, então esta era a hora em que teríamos que deixá-los para trás.
– Obrigada.
– Mas, mãe – ela pegou delicadamente minha mão, – eu queria lhe pedir uma coisa.
–
Mas é claro querida, você pode me pedir o que quiser. – Eu estava feliz
por estarmos nos dando bem, aquilo era a realização de um sonho para
mim.
Edward
– Rosalie está tramando...
– O que ela está tramando? – era meu pai, e só então percebi que eu havia falado alto.
Olhei para Alice que estava com cara de preocupação.
– Ela fará o que eu acho que fará?
Alice olhou para Emmett e depois encarou o chão.
– Sim... Eu não gostaria de voltar a andar sozinha...
Emmett olhou para ela assustado.
– Isso não vai acontecer, Alice!
Eu respirei fundo.
– É, não vai, Alice.
Eu subi os degraus. Sabia que meu pai entenderia o que se passou sem que eu tivesse de explicar.
Rosalie
estava conversando com Esme quando cheguei. Minha mãe era tão boa e tão
suscetível a enxergar só o bem nas pessoas, que era presa fácil para
ser manipulada por Rosalie.
– Mas, mãe, eu queria lhe pedir uma coisa.
– Mas é claro querida, você pode me pedir o que quiser.
– Eu queria que você conversasse com o Edward e com o papai a respeito... – eu a cortei.
– Não dê ouvidos para Rosalie, Esme.
– Edward, não seja rude com sua irmã! – Certo, eu era o ruim da história. Sempre o errado.
– Mãe, a Rosalie só quer pedir para que Alice e Emmett venham conosco.
O que eu temia aconteceu, Esme abriu um sorriso enorme e se preparou para dizer que sim.
– Mas ela quer separá-los! – tratei de consertar o problema.
– Filha! – A fisionomia dela mudou. Esme estava frustrada! – Rosalie, como pode ser tão cruel?!
– Mãe, o Edward está inventando tudo! – Rosalie esbravejou. – Ele tem ciúmes de mim!
Alice
Podíamos
ouvir os três conversando no corredor do andar superior. Emmett estava
acariciando meus cabelos e Carlisle tentava encarar o chão. Se ele
pudesse, garanto que estaria com vermelho de vergonha...
– Alice...
– Sim? – eu olhei para Emmett meio perdida.
– Acho que deveríamos ir.
Carlisle olhou para nós.
– Acho que ele tem razão. Eu direi para Esme que precisaram sair, ela entenderá.
– Eu não queria chateá-la...
– Ela entenderá, Alice. É melhor sairmos...
–
Espere – Carlisle tirou um papel do bolso, – nós estaremos neste
endereço. Se precisarem de qualquer coisa, procure-nos. Ele entregou o
papel para Emmett.
Nós nos despedimos de Carlisle e saímos. Era tão triste saber que não os veríamos mais...
O que havia acontecido com a minha visão? Rosalie deveria ser minha amiga... O que mudou? Eu não entendia...
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