No dia seguinte acordei com vontade de continuar na cama, afinal, não tinha
dormido muito bem.
– Hum, só mais cinco minutinhos... - resmunguei pra mim mesma.
Mas antes que pudesse me aconchegar melhor no travesseiro me lembrei do
motivo da minha insônia e sentei rapidamente na cama. “Será que vai dar
tudo certo? Será que saberei como agir? Será que vou demonstrar segurança?”, não
parava de me perguntar.
Sempre me saia bem em meus trabalhos porque me preparava muito para isso, eu
estava preparada para a entrevista de Edward...antes de conhecê-lo
pessoalmente. Depois disso fiquei insegura, simplesmente porque não estava
preparada para as reações que aquela pessoa causara em mim. Era como se não me
reconhecesse, nunca havia experimentado tamanha falta de controle sobre meu
corpo. Sem dúvidas, aceitar o fato de que estava sentindo certa atração pelo
publicitário era melhor do que tentar me enganar, assim seria mais fácil lidar
com a situação; podia preparar minha melhor máscara para não deixar que a cara
de boba se manifestasse na hora errada.
– Ok, Bella – disse pra mim mesma em um tom de voz confiante – Você achou o
Cullen interessante, não há nada de errado nisso! – tentava me convencer que
aquilo não era motivo para pirar - Tudo bem, foi diferente, esse desejo maluco
nunca tinha acontecido - “ainda mais por um cara que só riu da sua cara”,
refleti - Mas agora aconteceu, o que não é de se estranhar...ele é
lindo...muitas mulheres devem sentir o mesmo por ele! – não gostei desse
pensamento. – Mas é só! Você já vai sabendo que ele é uma pessoa tentadora, vai
preparada para sustentar o sorriso profissional e o ar de indiferença. Vai
falar apenas o necessário e não vai discutir se ele fizer piadinhas. Pronto, é
isso! Você é a dona da situação! – fiquei satisfeita comigo
mesma, agora a Bella estava de volta.
Tomei o café da manhã junto com Alice e fomos para a faculdade em seu
Peugeot preto. Ainda no caminho disse:
– Alice, ontem me esqueci de comentar com Jasper sobre a simpatia que Emmett
parece ter por ele. Cheguei a pensar que eles são mais amigos do que imaginava.
– com toda a loucura e preocupação do dia anterior não tinha mesmo pensado em
mais nada. Mas agora me dava conta de que Emmett falou de Jasper como se fossem
grandes amigos.
– Mas eu comentei! – afirmou Alice – Jazz me disse que os dois tem
conversado muito, suas salas são no mesmo andar, quero dizer, aquela sala que
fomos na verdade não é a sala de Emmett, ele só está lá porque sua verdadeira
está em reforma e fica no sétimo piso junto com a de Edward, mas então isso
acabou aproximando os dois que sempre se encontram pelo corredor. – deu de
ombros.
Visualizei a cena: Emmett, que era a simpatia em pessoa, e Jasper...só podia
virar amizade!
Alice deve ter pensado o mesmo que eu, porque imediatamente disse:
– Até parece que você não conhece Jazz, Bella! Nunca vi ninguém mais
agradável do que ele.
– Ah, tudo bem...namorada falando não soa nada suspeito! – rimos.
A faculdade sempre ocupava bastante a minha mente ainda mais com um trabalho
tão exigente para entregar em poucos dias, então foi fácil não pensar muito em
Edward. Mas estranhei o fato de que as vezes em que me lembrei dele não tive
aquela sensação descontrolada, o que sentia era diferente, mais calmo, não
sabia explicar. Talvez fosse a Bella voltando ao normal e eu estava muito grata
a isso.
Alice e eu fomos pra casa nos arrumar já era 15:30h, e verdadeiramente não
estava mais preocupada com as besteiras que antes me atormentavam, me senti até
ridícula por aquilo. Mesmo assim sabia que não ia ser fácil encarar aqueles
olhos novamente.
Depois de um rápido banho fui me aprontar para a bendita
entrevista. Fiquei olhando meu guarda-roupa decidindo o que vestir,“tenho
que estar mais do que apresentável”, pensei. Continuei procurando por algo
que me agradasse.
– Bella, pare com isso já! - me repreendi em voz alta - Se vista como
sempre!
Optei por uma skinny clara, uma camisete branca com um corpete preto por
cima e um sapato preto de salto alto. Deixei os cabelos soltos e fiz minha
maquiagem profissional. Pequei minha bolsa e fui esperar Alice na sala.
– Alice, já estou pronta! – avisei enquanto passava pela porta de seu
quarto.
Logo minha amiga também já estava na sala.
– Bella... – me olhou com um sinal de aprovação – Você está lin-da! – já
estava acostumada com Alice me bajulando, era sempre assim, acho que até se
colocasse uma melancia na cabeça ela me elogiaria.
– Ah, tá – revirei os olhos - Se eu estou linda o que posso dizer de você? –
apontei para ela. – Fa-bu-lo-sa! – Alice estava com seu vestido cinza, mais
justo no peito e solto na saia.
– E então...preparada? – me perguntou despreocupada.
– Claro – dei de ombros simulando indiferença, mas sentia que estava mesmo
era ansiosa, não pela entrevista, queria apenas ver Edward, e rápido.
Não conseguia entender mais meus sentimentos, tentei me recordar de todas as
emoções sentidas até então. Primeiro uma surpresa e um choque por reconhecê-lo
de costas, depois um deslumbre por seus olhos, mesmo sentindo dor pelo
queimado, logo em seguida ira por ter tirado sarro da minha cara, então um
desejo descontrolado dentro do elevador e mais tarde em casa, e por fim um
sentimento novo, o qual não conseguia explicar, que me acompanhou o dia todo e
que agora me sugeria ansiedade...Por que eu estava tão ansiosa para ver
Edward Cullen se ontem mesmo temia pelo nosso reencontro?
Usamos mais uma vez o carro de Alice. Estávamos à caminho da E2C e eu
tentava encontrar respostas para a minha dúvida, mas não conseguia.
– Sabe qual é o meu mais novo sonho de consumo? – Alice sorria para mim.
– Jasper vestindo apenas uma capa do Drácula? – arrisquei, fazendo minha
amiga gargalhar.
– Não perguntei qual era minha fantasia sexual, Bella! – ri da resposta e
neguei com a cabeça.
– Qual é o sonho de consumo então?
– Um Porsche amarelo...terei um ainda, pode apostar!
– Você terá quantos quiser Alice, esqueceu que será a maior jornalista do
mundo? – sorri a incentivando.
– Uma das duas, você quer dizer, não é? Seremos juntas, as melhores
jornalistas do mundo. – assenti e continuamos o trajeto animadamente.
Quando avistei o prédio da E2C meu coração deu uma batida mais forte. Era a
hora!
– Alice! – segurei seu braço antes de entrarmos no elevador. – Como estou? –
apontei para mim mesma. Alice me olhou confusa.
– Você está insegura em relação a sua roupa? – assenti e ela me analisou,
parecia estar estudando mais a minha pergunta do que a minha roupa – Você está
ótima, linda! Te disse isso em casa! Você acha que menti?
– Claro que não Alice! – lá vinha ela com seus dramas.
– Hum – soltou um som desconfiado.
O elevador se abriu.
– Aja normalmente, não conheço outra pessoa melhor pra fazer essa entrevista
do que você, que aliás, é linda e está Divina hoje! – apertou meu braço
confiante me passando segurança, sorri para minha amiga. Ela pensava que era
medo da entrevista o motivo da minha pergunta. – Ótimo, agora vamos falar com a
secretária.
A recepção de Edward era tão linda quanto à de Emmett, as cores eram
diferentes e também a decoração, mas tinha mais ou menos o mesmo padrão.
– Boa tarde – Alice se adiantou cumprimentando a secretária. – Somos Alice
Brandon e Isabella Swan, temos uma entrevista marcada com Edward Cullen, ele se
encontra na empresa?
A secretária, uma moça muito bonita, nos observou dos pés à cabeça e
demonstrou certa insatisfação por nos ver ali. - Está sim – olhou para o
relógio e ainda faltavam 10 minutos para horário combinado. – Fiquem a vontade.
– apontou em direção às poltronas.
– Essa não é tão simpática quanto Carmen – falei baixo enquanto nos
sentávamos no sofá.
– Vai ver ela se acha “a tal” por ser a secretária “do Cullen” – deu uma
risadinha abafada e eu a acompanhei.
Comecei a suar ante a expectativa, não sabia o motivo, mas precisava vê-lo novamente.
Minhas emoções continuavam confusas, sabia do perigo que seria olhar em seus
olhos e mesmo assim eu desejava isso. Tive dificuldade para respirar e
novamente senti aquela corrente elétrica me puxando em sua direção, em direção
à sua sala.
Percebi uma luz piscando no telefone que estava na mesa da secretária, era
ele, eu sentia isso.
– Cullen? – ela atendeu. Alice e eu nos entreolhamos confirmando o que
Jasper havia dito sobre Edward ser “o” Cullen da empresa, pelo menos ninguém o
chamava de Senhor, isso seria estranho demais para um publicitário tão jovem e
moderno. Queria pegar aquele telefone e escutar sua voz.
– Sim... – continuou a secretária que mais uma vez olhou o relógio. – É que
ainda faltam...tudo bem! – encarou-nos colocando o aparelho no gancho, se
levantou indo em direção à porta – Podem entrar.
Minha agitação piorou, tive vontade de correr rumo àquela porta, precisei me
conter para não atropelar Alice que ia à minha frente. Meu Deus, quem era
aquela pessoa dentro de mim? “Calma Bella, respire...você não está
entendendo nada, mas vai dar tudo certo, apenas respire”, sugeri
mentalmente para mim mesma durante o curto caminho que percorri.
Quando cheguei à entrada de sua sala ele já cumprimentava Alice, pude ouvir
sua voz e tive vontade de olhá-lo, mas fiquei só na vontade, porque uma das
pastas que segurava começou a escorregar por cima da outra e foi impossível
desviar meus olhos daquele fato que estava para acontecer. Eu desajeitadamente
deixei a pasta cair e quando me abaixei para pega-la, derrubei a outra também.
– Ah, droga! – soltei.
Percebi alguém se abaixando para me ajudar, pensei que fosse Alice, mas vi
mãos que jamais seriam dela se aproximando das minhas pastas.
– Será que sempre haverá uma tragédia entre nós? – aquela voz divertida
estava perto demais.
Levantei meu olhar e encontrei o de Edward, que me fitava intensamente, seus
olhos pareciam se derreter nos meus, seu semblante era terno e tranquilo e
atenta a seu sorriso de anjo percebi que minha agitação tinha se esvaído. Era como
se meu corpo reconhecesse naquele homem todas as minhas necessidades, como se
pelo simples fato de estar perto dele tudo estivesse correto, seguro, em seu
devido lugar! E diante seu rosto de anjo fiz a única coisa que desejava naquele
momento, dei-lhe o meu mais sincero sorriso e respondi:
– Espero que não, ou então nunca mais poderemos nos encontrar! Sabe-se lá o
que nos espera da próxima vez! – fiz cara de apavorada, brincando com a
situação. Ele deu um curto riso, olhou para baixo e depois cravou seus olhos
mais uma vez nos meus.
– Posso lidar com as tragédias. – não existia vestígio de brincadeira em sua
fisionomia.
Meu coração disparou e eu corei. É claro que a princípio havia entendido
errado seu comentário, cheguei a pensar que a intenção de suas palavras era a
de que ele preferia enfrentar qualquer tragédia a ter que deixar de me ver. Mas
é óbvio que ele apenas quis dizer que não era o tipo de homem que se
intimidasse com possíveis acontecimentos desagradáveis.
Ficamos ainda nos olhando, Edward me assistia, ainda com a mesma expressão,
e de repente pegou minhas pastas e se levantou.
Endireitei-me imediatamente, me recordando que não estávamos ali sozinhos.
Alice e a secretária estavam presentes.
– Não Jessica, obrigado. – Edward respondeu a uma pergunta que eu nem tinha
ouvido. A secretária saiu fechando a porta.
Alice me fitou com interesse.
– Desculpe, você estava se apresentando antes da sua amiga exigir minha
atenção. – apontou em minha direção com um movimento de cabeça mas olhando para
Alice. Estreitei minhas sobrancelhas percebendo que aquele Edward, debochado,
do estacionamento estava pronto para atacar.
– Ah, claro, já estou acostumada! Na maioria das vezes ela monopoliza as
pessoas. – Alice disse sorridente, entrando no clima e me atirando uma
piscadinha de olho. Era um complô contra mim? Retribui seu ato com um sorriso
irônico.
– Hum... – O Cullen me analisou com interesse, enquanto me devolvia as
pastas, e isso me deixou constrangida.
– Mas então... – minha amiga se manifestou - Sou Alice Brandon e é um prazer
conhece-lo! – os dois se cumprimentaram com um aperto de mãos.
– Espero ajudar no trabalho. – disse para Alice e parecia estar sendo
honesto. Ele não parecia ser aquilo que Jasper descreveu.
– Não faz idéia do quanto ajuda nos dando essa entrevista. – ela devia estar
se lembrando da nossa entrega à esse trabalho e o quanto foi duro admitir que
precisávamos abandoná-lo, pois parecia impossível esse contato com o Cullen.
– Na verdade, ontem Isabella se esforçou bastante para me fazer acreditar
nisso. Ela estava me prometendo uma surra, sabia disso Alice? – riu e minha ex-amiga
o acompanhou. Que raiva, ele não podia esquecer aquela minha ceninha do dia
anterior? Fiz cara de poucos amigos.
– E você se preocupou com isso? – zombou Alice – Bella é fraca e desastrada,
não conseguiria bater nem em uma criança.
Alice sabia, pela minha cara, que o pescoço dela corria sérios riscos depois
que saíssemos dalí. Eu a enforcaria.
– Pena que ele não soube disso antes! Agora não pode mais voltar atrás Cullen.
– me interpus, sem saber com qual dos dois eu falava.
– Cullen? – Edward perguntou espantado. – Então devo chamá-las de Brandon e
Swan? – ele se lembrava do meu nome que havia sido mencionado durante minha
crise histérica. Fiquei surpresa com sua boa memória.
– Como assim? – fiquei confusa. Não era assim que todos o chamavam?
– Me chamem de Edward. – disse apontando para as cadeiras enquanto se
sentava na sua que se localizava atrás da mesa.
– É que todos te chamam de Cullen... – tentei me explicar.
– Nem todos. – me interrompeu. – Mas prefiro Alice e Isabella, portanto, me
chamem de Edward. – ele estava nos oferecendo direitos iguais.
– Bella. – falei simplesmente. Ele arqueou uma sobrancelha, então prossegui.
– Prefiro que me chamem de Bella.
Edward me olhou sorrindo e perguntou:
– Sabia que em alguns idiomas “Bella” é sinônimo de beleza? – ele tinha
que me deixar sem graça até com isso? Não era por esse motivo que preferia ser
chamada pelo apelido.
Ele percebeu meu ar de constrangimento e com um sorriso estupidamente lindo
falou:
– Você combina com Bella! – piorou. Se vergonha matasse estaria morta
naquele momento. – Mas como conseguiram a entrevista com Emmett? – perguntou
para Alice como se não tivesse acabado de tirar o meu chão. O que será que minha
amiga estava achando de suas piadinhas?
– Através de Jasper Hale – Alice respondeu e Edward tentou encontrar Jasper
em algum lugar de sua memória. – Ele trabalha aqui – ela tentou lhe ajudar, mas
percebi que o Cullen não sabia quem era o Hale.
– Jasper Hale é o namorado da Alice, meu amigo-irmão e seu melhor redator. –
fiz a apresentação sem demora.
– Hum...Jasper! Se é o meu melhor redator então sei quem é.
– Sabe? – perguntei desconfiada.
– Claro! – deu de ombros – Ele está aqui há quase dois meses, não é isso? -
eu estava incrédula, o Cullen não era tão alheio assim aos seus funcionários
como Jasper pensava.
– Exatamente - Alice confirmou com uma carinha satisfeita. – Assim que
terminou a faculdade.
– Quer dizer, então, que ele é mesmo o seu melhor redator? – fiquei curiosa,
afinal foi com esse comentário que Edward localizou Jasper em sua mente.
– Está duvidando da capacidade do seu amigo? – me interrogou com o olhar
estreito e um sorriso desafiador.
– Claro que não. – disse convictamente.
– Falando em faculdade, vocês não deveriam estar de férias agora? – mais uma
vez se voltou para Alice com um ar agradável, cortando o meu assunto.
– Sim...se não estivéssemos na reta final! – respondeu Alice e Edward
entendeu perfeitamente o que ela quis dizer.
Ainda estávamos no final de agosto, e o ano letivo normalmente iniciava em
setembro, mas isso não valia para quem estivesse no último ano universitário se
preparando para sair pro mercado de trabalho. Pelo menos na minha faculdade era
assim.
– E o que pretendem fazer depois que concluírem o curso? – ele queria mesmo
saber ou apenas tentava ser educado?
– Bom...eu espero conseguir alguma coisa por aqui mesmo, em Chicago – e eu
na verdade sabia que Alice queria dizer: “aqui mesmo na E2C”. – Já Bella,
pretende voltar pra Phoenix.
– Você é de lá? – parecia interessado. Não queria explicar minha trajetória,
então apenas assenti.
Na verdade eu tinha nascido em Forks, mas depois que meus pais se separaram
minha mãe e eu fomos para Phoenix, quando ela se casou novamente voltei a morar
com meu pai na minha cidade natal, queria deixar Renée e Phil curtirem a vida
de recém-casados.
Gostei muito do tempo que vivi com meu pai, sentia por ele um imenso amor, e
realmente Forks me agradava mais do que Phoenix, o que foi estranho pra mim já
que sempre detestei lugares frios e chuvosos. Mas aquela cidadezinha me fazia
tão bem, sem contar que eram de lá meu grande amigo Jacob Black e meu
ex-namorado Mike Newton, com quem perdi minha virgindade e que continuou meu
amigo mesmo depois que terminei nosso relacionamento.
Ainda assim queria voltar pra Phoenix, não por lá ser maior do que Forks e
oferecer mais oportunidades de trabalho, mas sim porque minha mãe precisava de
atenção, ela parecia uma criança inconsequente e eu me preocupava muito com
suas atitudes.
– Phoenix tem muitas oportunidades na sua área. Se você for realmente boa
não lhe faltará trabalho. – Edward comentou. Percebi que ele pretendia
continuar com suas perguntas, então tratei de mudar de assunto.
– Mas então, podemos começar a entrevista? – não queria continuar falando de
mim, além do que, não estava a fim de testar a paciência de Edward. Tudo bem
que ele estava sendo super gentil, mas não queria ver até onde ia sua
tolerância.
– Claro! – me olhou surpreso. – Como pretendem fazer?
Enquanto Alice explicava nossas intenções e mostrava à Edward nossas pastas
com algum material do projeto já impresso, tratei de montar a câmera e
localizar qual seria o melhor lugar naquela sala para a gravação. Foi aí que me
toquei que ainda não tinha reparado naquele ambiente, que era enorme e
maravilhoso, porque simplesmente só tinha prestado atenção em Edward. “Pelo
menos não estou fazendo cara de boba e nem gaguejando em sua frente”,
pensei orgulhosa de mim mesma, eu tinha me preparado para não fazer feio diante
àquele homem tentador. Não estava sendo fácil, principalmente quando seus olhos
se encontravam com os meus, mas estava conseguindo.
– Vejo que vocês são muito detalhistas – disse em tom de aprovação – Esse
material está muito bom! – certamente se referindo ao layout, porque nem tinha
dado tempo de ler o que continha alí.
– Muito melhor é o que está escrito nele. – falei incentivando-o a ler.
Ele me olhou e sorriu libidinosamente, aquilo me fez tremer, suei. “Bella,
não caia agora!”, alertou minha consciência.
– Então você acha minha vida interessante? - levantou as pastas, insinuando
que o “muito melhor” a que tinha me referido era por ter escrito sobre ele.
Ruborizei.
– Sua vida profissional, sem dúvida, é interessante! – isso
eu não podia negar, tanto que ele era o meu trabalho. - Mas ficou ainda melhor
depois que Alice e eu a colocamos no papel. – apontei em sinal para que ele
lesse.“Acho que me saí bem”, pensei. Edward rolou os olhos, deve ter
sido pela minha “modéstia”.
– Vou ler com calma. Posso ficar com isso até o dia que vierem me mostrar o
vídeo editado?
Alice e eu nos entreolhamos surpresas e ele percebeu.
– Qual o problema?
– Nenhum – Alice respondeu, e ele continuou esperando algo mais convincente.
– Só não imaginávamos que quisesse ver o vídeo pronto. – falei.
– Como não? Vocês estão falando sobre mim, nada mais natural que queira ver
o trabalho antes de ser apresentado, não me estudaram o suficiente para saber
que sou exigente?
Levantei uma sobrancelha ainda absorvendo suas palavras, e a resposta era
“sim”, estudamos o suficiente para saber que ele não dava a mínima para
entrevistas ou para qualquer matéria que publicassem sobre sua vida.
Olhei para Alice, que imediatamente se manifestou:
– Claro! Provavelmente o vídeo ficará pronto na próxima semana, traremos
para que o veja.
– Mas pode ficar tranquilo, Edward – foi a primeira vez que o chamei pelo
nome. – Não especulamos nada além da sua trajetória profissional, garantimos
que não existe fofoca alguma, se é isso que lhe preocupa. – acabei entendendo o
medo de Edward, e ele estava certo em se preocupar, afinal, éramos duas jovens
universitárias para as quais o grande empresário, premiado e famoso, tinha
aberto uma tremenda exceção aceitando participar do nosso projeto. Ele me
encarou, e depois de um tempinho meditando, sorriu e consentiu com a cabeça.
– Ótimo! Então vamos começar – Alice estava toda alegre apontando para o
local preparado por mim.
Sentamos no mesmo sofá, isso ajudaria a dar um ar menos formal para a
entrevista, senti que Edward estava bem à vontade. Vesti minha cara
profissional e, graças às minhas preces, não fiz feio por sua presença. Iniciei
com as apresentações – tanto do projeto quanto do entrevistado, Edward Cullen –
e no decorrer do nosso bate papo que estava sendo gravado, o chamei de Cullen.
– Então é isso...agradeço muito Cullen, por ter participado deste
trabalho – falei encerrando a entrevista.
– Eu não tive escolha, Swan! – deu um sorriso debochado – Você me
prometeu uma surra se eu não participasse, lembra? – falou divertidamente me
deixando incrédula, era a primeira vez na entrevista que ele fazia algum tipo
de gracinha, aliás, era a primeira vez que via Edward brincando diante as
câmeras. Comecei a me perguntar se a sua intenção era mostrar para as pessoas
que eu era algum tipo de piada.
Dei um sorriso não tão animado e Alice parou a gravação.
– Ficou excelente! – ela dizia toda feliz, só faltou dançar na frente do
Cullen. – Muito obrigada Edward, muito obrigada mesmo! – Alice estava eufórica.
Edward riu da cena.
Como ele era lindo! Fiquei observando sua figura, deslumbrada, até ser pega
em flagrante. Droga! Ele me viu analisando-o e se bem me conheço estava com
cara de tonta. Tinha me esforçado tanto, mas vacilei no final.
Edward me lançou um sorriso torto, satisfeito pelo meu constrangimento e
perguntou:
– Deseja alguma coisa?
– Não obrigada – falei sem pensar, feliz por não ter dito
"você". Ele ainda sorria e me fitava, mas depois se virou para
Alice.
– Alice? Uma água, um suco, ou alguma outra bebida?
– Obrigada, mas temos um compromisso na faculdade agora e já tomamos muito
seu tempo, fica para a próxima. – minha amiga tinha razão quanto ao tempo, mas
compromisso na faculdade? Não me lembrava disso.
Edward nos acompanhou até a porta, apertou a mão de Alice se despedindo e
logo se virou estendendo-a para mim. Então tudo parou, a cena congelou, pois
foi aí que me dei conta de que nunca tínhamos tocada um no outro, porque
mesmo naquele desespero do meu queimado quando ele tentava me acalmar, não chegou
a encostar realmente em minha pele. Aquela seria a primeira vez que sentiria
sua temperatura e textura em minhas mãos e a sensação de eletricidade começou a
me puxar para Edward.
A cena pausada foi liberada, levei minha mão direta em direção à de Edward
que me aguardava e quando senti seus dedos em minha pele, estremeci, me
controlei para não demonstrar, mas a corrente elétrica ficou insuportável, meu
corpo clamava por mais contato, parecia castigo lutar contra aquela
necessidade. E com isso, tudo aquilo que tinha sentido no elevador despertou em
mim novamente. Senti minha cabeça girar e meu coração se chocar contra o
peito. Quando nossas mãos se apertaram por fim, minha vontade era de ter meu
corpo junto ao dele, queria um abraço forte e meus lábios nos dele.
Edward estremeceu e eu percebi, olhei em seus olhos surpresa. Era exatamente
o que não podia ter feito, pois ali estava a minha prisão, minha perdição, não
conseguia mais parar de encará-lo. Seus olhos ficaram escuros nos meus, seu
semblante era tenso e para minha surpresa, ele fez o que jamais pensei que
pudesse fazer. Abaixou-se e beijou meu rosto, fechei os olhos sentindo o toque
quente e macio de seus lábios e quando ele se afastou sussurrou em meu ouvido,
com uma voz rouca:
– Até logo, Bella. – não conseguia respirar, e antes que ele se endireitasse
e me olhasse novamente, abri os olhos. Eu estava aturdida, não parava de fitar
sua boca.
Puxei o ar vertiginosamente quando Alice me puxou pelo braço e começou a
tagarelar:
– Tchau então, muito obrigada mais uma vez e até a semana que vem! – Edward
a mirou, deu um sorriso sem emoção e se virou indo para sua mesa sem me olhar
novamente.
Minha amiga abriu a porta e me levou para fora, falou qualquer coisa com a
secretária, que honestamente não escutei, me enfiou no elevador e quando vi já
estávamos dentro do carro.
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