AVISO

Querido leitores de momento o Cold Blood Fanfics encontra-se em manutenção.

Voltaremos em princípio ainda este mês com mais novidades, colunas novas, entrevistas com autores de fanfics, etc..., provavelmente também com uma nova cara.

Por isso, se virem novos conteúdos no blog, não se "assustem" nem pensem que voltamos ao ativo.

Quando estivermos terminando postaremos uma mensagem.

Obrigada pela atenção.

A Equipa do CBF

Umbra: Capítulo 14: Xadrez

Parece que naquele final de ano os meses se passaram tão rápido quanto meu desenvolvimento no xadrez...

Se minha família ficou intrigada pelo meu desejo e afinco em relação ao jogo, apenas demonstrou em entusiasmo. Naquela mesma manhã em que pedi que me ensinassem a jogar praticamente todos queriam explicar e demonstrar como funcionava:

Eu me sentei em uma cadeira que fora feita especialmente para mim, com um assento mais alto e uma pequena escada que me auxiliava a subir. Fiquei disposta ao lado do tabuleiro enquanto Jasper e Edward se sentaram um de cada lado das peças, os outros nos circundavam, observando.

O objetivo do jogo me era familiar, eu sabia jogar damas o que serviu de auxílio na aprendizagem.

- Primeiro você precisa identificar as peças. – começou Jasper, que parecia bastante concentrado

- Essas pequenas na frente são os peões. – continuou, enquanto levantava uma delas para eu ver direito – elas “andam” apenas para frente, uma casa por vez...

- Mas, quando saem da primeira fileira eles podem andar duas casas – informou Esme, em um tom que mais tarde eu poderia classificar como didático.

- Os peões tomam o lugar de outras peças movimentando-se na diagonal. – continuou Jasper, entendi isso como o jargão “comer”, que usava no jogo de damas.

Eu chacoalhei minha cabeça, demonstrando ter entendido.

- Essas daqui são as torres. – mostrou Edward do outro lado, parecendo realmente entusiasmado – elas andam em cruz, para frente e para trás, ou para o lado esquerdo e para o lado direito. Elas podem andar quantas casas quiserem. Ele demonstrou o movimento mexendo a peça no tabuleiro.

Eu assenti novamente e milhares de sorrisos dispararam em minha direção, talvez como encorajamento.

Quando terminaram de explicar o movimento de cada uma das peças, senti minha cabeça cheia. Jacob que havia permanecido em silêncio por todo o tempo explodiu em uma gargalhada no momento em que todos finalmente ficaram em silêncio. Eu encarei raivosa enquanto seu corpo todo sacudia e ele segurava a ponte do nariz com os olhos fechados.

Alice, se virando para mim, tentou me animar com um sorriso.

- Talvez seja mais fácil para ela se visse vocês jogando...

- Edward e Jasper não! – ouvi Bella, que começou a puxar meu pai da cadeira.

- Ela ia morrer de tédio esperando que um deles se mexesse!

Carlisle riu.

- Bella tem razão, ela está vendo pela primeira vez... – seus olhos cintilaram, talvez percorrendo na memória o momento em que ele havia aprendido o jogo. Há quantos anos teria sido?

Então Jasper e Edward se levantaram (pareciam um pouco decepcionados) e deram lugar a Bella e Emmett.

Eu percebi que provavelmente estavam no mesmo nível. Já que não tinham séculos de vida, como os outros, talvez a mente deles fosse mais compatível.

Depois que eles jogaram – Emmett ganhou a primeira e Bella a segunda rodada – Rosalie e Jasper se enfrentaram. Naquela hora os outros já tinham saído do meu lado, apenas Bella e Edward ficando às minhas costas, soltando comentários de vez em quando.

Passei a tarde toda apenas vendo-os jogar, com meus pais sempre às minhas costas. Os oponentes se alternavam assim que uma ou outra partida acabava, pacientemente, para demonstrar para mim como as regras funcionavam.

Quando começou a escurecer Jacob, que eu não pusera os olhos desde que havia rido de mim bocejou em algum lugar. Bella, então se inclinou em minha direção pela décima vez.

- Não quer parar agora, Renesmee?

Dessa vez eu concordei. Levantei-me da cadeira e estiquei os braços, espreguiçando, minhas pernas estavam apenas levemente incomodadas com tantas horas na mesma posição.

- Ah, finalmente cansou baixinha? – Jake virou a cabeça em minha direção sentado no sofá.

Uma pergunta me atravessou. Peguei na mão de Bella que estava próxima a mim. Ela piscou, recebendo a indagação.

- Nós decidimos que vamos após o aniversário de vocês. – Edward respondeu por ela, na metade das imagens. Os outros apesar de estarem dispostos separadamente, prestaram atenção mudando de posição para nos olhar.

O nosso primeiro ano – o de Bella como vampira e meu de vida – tinha apenas três dias de diferença. Bella nascera como vampira no mesmo dia em que comemorara seu aniversário de 19 anos: 13 de setembro. Eu havia nascido no dia 10. Alice estava do nosso lado de repente. Um largo sorriso em seu rosto pequeno.

- Apesar da sua mãe não me deixar dar uma festa apropriada, eu prometo que você vai adorar! – ela disse, empolgada, enquanto Bella pareceu tremer.

- É só por que o seu senso de apropriado seria convidar metade de Forks para comemorar com a gente!

Alice balançou a cabeça parecendo desapontada.

E então, a partir daquele momento, tudo ao meu redor foi guiado por três fatos: aprender a jogar xadrez, os preparativos para a mudança e a proximidade de nossa festa.

O final do mês de Maio eu basicamente passei assistindo aos jogos, me atrevendo apenas a disputar contra Bella – Jake quis jogar comigo apenas uma vez, e para seu desprazer eu ganhei. De novo. Estava começando a gostar disso.

Os Cullen se ausentavam alternadamente para encontrar um local compatível com o nosso modo de vida. Bella havia decidido adiar a faculdade enquanto eu estivesse em “fase de crescimento”, Edward ficou na dúvida se minha mãe agüentaria voltar para o Ensino Médio agora que tinha acabado de se formar.

- Eu nunca fui como vampira, vai ser completamente diferente. – respondeu em tom teimosamente decidido e ao mesmo tempo inconformado. Meu pai tinha chacoalhado a cabeça com um sorriso torto que eu aprendera a identificar como amoroso e unicamente para ela.

- E depois o que vão ser mais três anos? Até lá talvez Nessie esteja tão grande que possa ir com a gente! Imagina acompanhar minha própria filha na escola...

Ela meio que bufou com a idéia.

- Queria ver que cara Reneé faria se soubesse disso... – ela pareceu realmente incomodada então, meu pai gargalhando a puxou de repente para um beijo que eu me virei com uma careta para não ver.

Finalmente o Canadá foi o escolhido como a região mais compatível, sua parte mais ao Norte. O mês de Junho nos surpreendeu trazendo as chuvas.

Bella decidiu apenas contar a Charlie sobre a mudança quando esta tivesse mais próxima, então continuamos a visitá-lo semanalmente. Além disso, eu apenas saía de casa durante nossas breves excursões de caça, que se alternavam entre a companhia freqüente de meus pais e Jacob.

Eu me alimentava com comida “normal” praticamente a cada dois dias, fora alguma guloseima que me atraísse pelo paladar quando íamos até Charlie e Sue estava com ele, ou quando Bella ou Esme tinham vontade de preparar alguma coisa para me testar (a primeira para não se esquecer como costumava fazer e a segunda para descobrir como se fazia).

Pelo menos três vezes por semana, no entanto, eu tinha que me alimentar com sangue de animais. Conforme o tempo passava, apesar de eu não sentir fome exatamente, ia ficando fraca e precisava de sangue para me recompor, era como se eu ficasse sem energia. Quando eu tinha acabado de nascer eu bebia sangue todos os dias, mas a opinião de Carlisle pelas conversas com Nahuel é de que ambas as minhas necessidades de alimentação iriam diminuir conforme eu fosse crescendo. Meu crescimento físico havia obviamente se desacelerado já que eu continuava com a aparência de uma criança de quatro anos e alguns meses.

Durante esse mês os Cullen finalmente acharam uma casa na cidade de Whitehorse, estado de Yucon. Esme tinha afirmado que era linda, um casarão de cinco quartos com uma pequena construção nos fundos do terreno que originalmente servia para abrigar os empregados, e que serviria perfeitamente como moradia para os Lobos.

Bella pediu para que Esme ocultasse a primeira função da construção do conhecimento de Jacob. Eu também tinha a certeza de que ele não ficaria assim tão empolgado se soubesse disso.

Eu comecei a ganhar de Bella no xadrez exatamente no dia 23 de Junho. Depois da primeira vez que a venci, não perdia mais, não conseguia. Eu simplesmente sabia o que fazer, como se meu cérebro tivesse captado a essência de Bella em estratégia... O que ela não gostou muito. Joguei com ela exatamente dez vezes, ganhando todas, antes de Emmett finalmente pedir para disputar comigo. Quando joguei contra ele perdi.

Desci com raiva da cadeira para dar uma volta pela vegetação fora da casa, notei um pouco de alívio nos rostos endurecidos de meus parentes, mas sequer adivinhei o motivo. Agora que eu tinha achado que pegara o jeito da coisa! Mas eu não desistiria tão fácil.

Demorei, no entanto, menos tempo do que tinha demorado com minha mãe para “entender” Emmett. Depois de só duas semanas (da mesma forma que havia acontecido quando jogara com Bella) ganhei repentinamente a primeira partida. Após isso era como se houvesse um estalo na minha cabeça e eu descobrisse uma fórmula mágica, não conseguia mais perder. Bella me enfrentou mais uma vez e perdeu, descobri que eu ainda sabia como ganhar dela. Deduzi de repente que meu entendimento das estratégias deles seria algo gradual e fiquei ambiciosa cogitando um dia ganhar de Carlisle, Edward ou Alice. Aquilo sim seria fascinante...

Quando olhei em volta eu percebia nitidamente a descrença nos olhos deles, Rosalie chacoalhou a cabeça e pediu para jogar e eu logicamente perdi. Ao invés de me sentir mal um choque de entusiasmo tomou meu cérebro, o desafio estava me impulsionando como um tipo de vício. O sol começou a se atrever mais por entre as nuvens, era Julho e nossos passaportes foram providenciados:

Esme e Carlisle teriam o sobrenome Masen, era uma homenagem que às vezes faziam à mãe de Edward. Bella se incomodou, disse que seria estranho trocar o sobrenome Cullen, ela explicou que pensava no nome como uma entidade. Meu pai pacientemente e com uma cara engraçada demonstrou que era muito arriscado usar o mesmo sobrenome nos registros falsos enquanto estávamos em uma mesma década. Ela então deu de ombros resmungando algo como “mais uma coisa de vampiros” e “na mesma década, háha” acabando o assunto com um pequeno suspiro exasperado.

Edward e Emmett seriam Masen também, iam ser apresentados como sobrinhos naturais de Esme e Carlisle; Rosalie e Jasper adotariam o nome Whitlock (original de Jasper) e Alice e Bella ficariam como Cullen, todos seriam “adotados” pelo jovem casal Masen, que pareciam muito novos para terem filhos daquela idade. Bella pareceu satisfeita, afinal.

Eu achei divertida a idéia de mudar de nome, mas não precisaria de nenhuma alteração no meu, por que até então eu não tinha sido “registrada” com nenhum nome em nenhum lugar e eu ficaria escondida o tempo todo, de qualquer forma. Apesar de meu crescimento estar mais devagar do que nos meses após meu nascimento eu ainda crescia rápido demais para ficar próxima à sociedade. Ninguém queria outra visita dos Volturi...

Eu só consegui ganhar de Rosalie no xadrez quase no final do mês de Agosto. Jacob soltou um som estranho com a garganta diante de meus gritinhos de vitória. – ele já havia se acostumado tanto com meu costume que agora tinha uma posição fixa ao meu lado, sentado em uma cadeira embaixo da janela (para ter alguma distração quando ficasse entediado).

Assustei-me quando de repente minha família toda nos circundou, interrompi minha empolgada comemoração com um calafrio. O que era aquilo afinal? Fiz cara feia.

- Nessie, você pode jogar de novo contra Rosalie, por favor? – pediu Carlisle.

Um pressentimento estranho me tomou, eles estavam claramente analisando nosso jogo e comecei a ficar ansiosa. No entanto no minuto em que Rosalie mexeu seu bispo em uma posição aparentemente defensiva meu cérebro mergulhou na resposta para seu movimento e esqueci que estavam nos olhando.

Agora podia avaliar claramente o processo: a sensação era de que meus pensamentos de repente entrassem em contato com a energia emanada por ela, pelo cérebro dela, a reação era automática. Não era nenhum tipo de poder, só como se meu intelecto aprendesse e se acostumasse com meu oponente, mas era tudo muito rápido, como em uma pequena explosão eu sabia.

Eu venci novamente e tia Rose fez uma cara inconformada.

Eu olhei para cima e percebi que todos agora encaravam Edward que olhava fixamente para a parede.

- É incrível... – murmurou finalmente – a concentração dela e análise de jogo são perfeitas, parecem completamente instintivas...

Ele se virou para Bella e Carlisle a seu lado direito.

- Ela praticamente não precisa pensar em nada, pelo menos não em uma velocidade que eu consiga entender.

Eu pisquei totalmente surpresa.

- Como se durante certo tempo apenas coletasse sem perceber dados sobre o oponente e então sua cabeça montasse o quebra-cabeça sem que ela se esforce. Eu quase não consigo alcançar essa parte...

Ele então voltou a me encarar, eu ouvia com os olhos arregalados. Estavam realmente falando de mim?

- Provavelmente ela apenas está começando a exercitar essa parte de sua mente, é algo natural dela...

- Isso é extremamente interessante. – disse Carlisle com a mão segurando o queixo. Ele ficou em silêncio por um segundo.

- Hum... – fez Edward acompanhando os pensamentos dele, Bella e Jacob emitiram sons de evidente curiosidade.

- Talvez essa parte do cérebro dela começou a se manifestar no momento que Nessie nasceu. Como posso explicar facilmente?

Ele olhou para as próprias mãos um momento.

- Talvez seja como um esconderijo, figurativamente como se fosse uma casa, uma parte inteira de sua mente ativa, mas de um modo novo e diferente.

Ele parecia empolgado, olhava agora os outros e gesticulava dando ênfase a cada palavra.

- Primeiro começou apenas absorvendo imagens e memórias, podia devolvê-las quando fosse provocado, como se tivesse aberto um tipo de porta. Porém era tão poderoso que ela conseguia transmitir as informações quando queria alcançando outras mentes pelo tato, como uma conexão. Não há nada de físico no processo, apenas uma energia criada por uma parte incrivelmente impressionante de seu cérebro.

Ele passou mais um milésimo de segundo em silêncio. Olhei ao redor e todos pareciam beber suas palavras, impressionados.

- Agora que ela está trabalhando mais seu intelecto, essa parte além de armazenar imagens também armazena as reações, está aprendendo a interpretá-las, assim pode aprender com elas e depois apenas devolve-las processadas, adquirindo conhecimento com elas.

Eu estava atônita, talvez essa parte da minha cabeça tivesse acabado de pifar. Eu tinha certeza de que não tinha entendido nada do que acabavam de falar.

- Então ela é uma espécie de supergênio? – perguntou Emmett, que pareceu surpreso demais.

- Pode ser encarado deste modo. Um cérebro tão poderoso... – Carlisle parou de falar Bella e Edward olharam pra mim um pouco preocupados.

- Mas... a cabeça dela é tão pequena! – disse Jacob totalmente incrédulo, enquanto colocava a mão em cima dos meus cabelos, cobrindo uma parte do meu rosto também.

E é claro que todo mundo riu dele e de mim enquanto eu sentia o sangue correndo para o meu rosto.

Ouvi, porém, Carlisle murmurar absorto.

- Imagine as possibilidades...
Fanfic escrita por Nina

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