Capítulo 27 – Planos de Viagem
Eu levei a mitologia muito mais a sério depois que me transformei em vampira.
Freqüentemente, quando eu olhava para trás nos meus primeiros três meses como imortal, eu imaginei como a linha de minha vida pôde olhar nos destinos, mas isso existiu realmente? Certamente minha linha da vida havia mudado de cor; pensei que provavelmente tinha começado com um bege agradável, algo concreto e não inseguro algo que seria bom, no fundo. Agora senti como ele deveria ser carmim brilhante, ou ouro talvez.
A tapeçaria dos familiares e amigos que imaginei juntos em torno de mim foi uma linda e brilhante imagem, cheia de cores complementares.
Fiquei surpresa por algumas das linhas que eu consegui incluir em minha vida. Os lobisomens, com suas cores profundas das florestas, não eram algo que eu tinha esperado; Jacob, naturalmente, e Seth, também. Mas meus velhos amigos Quil e Embry transformaram-se parte da tela quando se juntaram ao bando de Jacob, e mesmo Sam e Emily faziam parte. As tensões entre nossas famílias relaxaram, na maior parte devido a Renesmee. Era fácil amar.
Sue e Leah Clearwater foram entrelaçadas a nossa vida, eu não havia previsto que isso fosse acontecer com as duas.
Sue parecia ter ela mesma decidido apoiar a mudança de Charlie do mundo do faz-de-conta. Veio com ele a maioria dos dias nos Cullens, embora nunca parecesse verdadeiramente confortável aqui, da maneira que seu filho e a maioria do bando de Jake fizeram. Não falava muito; apenas ficou perto de Charlie, como se estivesse protegendo-o. Era sempre a primeira pessoa que olhava quando Renesmee fazia algo incomodo como avançar, o que era freqüente. Em resposta, Sue olhava significativamente para Seth como se fosse dizer: Yeah, me diga sobre ela.
Leah ficava bem menos confortável do que Sue e era a única parte de nossa recente família que era abertamente hostil à fusão. Entretanto, ela e Jacob tiveram um companheirismo novo que a manteve perto de todos nós. Eu perguntei-lhe sobre ele uma vez que ela estava hesitante; Eu não quis levantar, mas o relacionamento era tão diferente da maneira que se usava que me deixou curiosa. Deu ombros e me disse que era uma coisa do bando. Ela era seu número dois agora, seu “beta,” de como ele era chamado, há muito tempo atrás.
“Eu imaginei contanto que eu fosse fazer realmente esta coisa alfa,” Jacob explicou, “eu devo extinguir as formalidades.”
A responsabilidade nova fez Leah sentir a necessidade de sempre verificar com ele, e desde que isso sempre envolvia Renesmee…
Leah não estava feliz de ficar perto de nós, mas ela era a exceção. Felicidade era o componente principal da minha vida agora, o padrão dominante da tapeçaria. Tanto que minha relação com Jasper estava muito mais estreita do que eu nunca pensei que seria.
No começo isso realmente me incomodava, entretanto.
“Argh!”, eu reclamei com Edward uma noite depois que tínhamos colocado Renesmee no seu berço de aço. “Se eu não matei Charlie ou Sue ainda, provavelmente não vai acontecer. Eu queria que Jasper não ficasse em volta o tempo todo!”
“Ninguém duvida de você Bella, nem um pouco”, Edward me assegurou. “Você sabe como o Jasper é - ele não pode resistir a um clima emocional bom. Você está tão feliz o tempo todo, amor, que ele gravita na sua direção sem perceber.”
E então Edward me abraçou forte, porque nada o deixava mais feliz que esse meu incrível êxtase sobre essa vida nova.
E eu estava eufórica na grande maioria do tempo. Os dias não eram grandes o suficiente pra satisfazer minha vontade de adorar a minha filha; as noites não tinham horas suficientes pra satisfazer minha necessidade por Edward.
Havia um lado ruim na felicidade, porém. Se você virasse a fabrica (tecido) das nossas vidas, eu imaginava que o design seria um entrelaçado exposto e cinza de medo e duvida.
Renesmee falou sua primeira palavra quando tinha exatamente uma semana de idade. A palavra foi mamãe, o que teria feito meu dia, exceto que eu estava tão aterrorizada pelo seu progresso que mal podia forçar meu rosto congelado a sorrir de volta pra ela. Não ajudou quando ela continuou da sua primeira palavra pra primeira sentença no mesmo fôlego. “Mamãe, cadê o vovô?”, ela perguntou num alto e claro soprano só se incomodando em perguntar alto porque eu estava do outro lado da sala. Ela já tinha perguntado para Rosalie com seu jeito normal (ou absolutamente anormal, de outro ponto de vista) de comunicação. Rosalie não sabia a resposta, então Renesmee se virou pra mim.
Quando ela andou pela primeira vez, estourando três semanas depois, foi parecido. Ela simplesmente encarou Alice por um longo período, assistindo intensamente enquanto sua tia arrumava buquês nos vasos espalhados pela sala, dançando pra frente e pra trás com os braços cheios de flores. Renesmee se apoiou nos pés, não do jeito antigo e tremulo, e cruzou o lugar quase graciosamente.
Jacob explodiu em aplausos, porque era isso era claramente o que ela estava esperando. O jeito como ele estava atado a ela fazia suas próprias reações secundarias; seu primeiro reflexo era sempre dar a Renesmee o que ela queria. Mas nossos olhos se encontraram e pude ver todo o pânico dos meus ecoando nos dele. Forcei minhas mãos a baterem também, tentando esconder meu medo dela. Edward aplaudiu silenciosamente ao meu lado, e não precisávamos botar nossos pensamentos em palavras pra saber que eles eram iguais.
Edward e Carlisle mergulharam em pesquisas, procurando por qualquer resposta, qualquer coisa pra esperar. Havia muito pouco pra se achar, e nada verificável.
Alice e Rosalie normalmente começavam nosso dia com um desfile de moda. Renesmee nunca usava a mesma roupa duas vezes, em parte porque ela ficava maior que as roupas imediatamente e em parte porque Alice e Rosalie tentavam criar um álbum de bebe que parecesse mostrar meses em vez de semanas.
Eles pegaram milhares de fotos que documentavam a aceleração de sua infância.
Há três meses poderia se passar por uma grande menina de um ano, ou uma pequena de dois. Ela não se encaixava exatamente na forma de uma criança que começara a andar; Ela era mais leve e graciosa. Suas proporções eram mais suaves e regulares, como as de um adulto. Seus caracóis cor de bronze chegavam em sua cintura; Eu não podia deixar que os cortassem, mesmo se Alice tivesse permitido. Renesmee conseguia falar com uma gramática impecável e articulação, mas ela raramente o fazia, preferia mostrar o que ela queria para as pessoas.Não conseguia apenas andar, como correr e dançar, também. Podia até mesmo ler.
Eu estava lendo Tennyson para ela uma noite, por causa do fluxo e ritmo da poesia que parecia tranqüila e repousante. (Eu tinha que procurar por novo material constantemente; Renesmee não gostava de repetição em suas histórias de dormir como as outras crianças supostamente fazem, e não tinha a menor paciência para livros com figuras). Ela levantou um pouco para tocar a minha bochecha, a imagem em sua cabeça era dela mesma segurando o livro. Eu o entreguei, sorrindo.
“Há uma doce música aqui.. ” Ela leu sem nenhuma hesitação, ” que caem mais suavemente que pétalas assopradas de rosas no gramado, ou orvalho noturno sobre a água tranqüila entre paredes de sombrio granito, em um movimento iluminado -”
Minha mão estava rígida quando eu peguei o livro de volta.
“Se você ler como ficará com sono?” Eu perguntei em uma voz trêmula, acidentalmente.
Pelos cálculos de Carlisle o crescimento de seu corpo estava diminuindo, porém sua mente continuava a avançar adiante. Mesmo se a diminuição ficasse constante, ela estaria adulta em menos de quatro anos.
Quatro anos. E uma mulher velha com quinze anos.
Apenas quinze anos de vida.
Mas ela era tão saudável. Cheia de vida, esperta, estonteante e feliz. Seu bem-estar chamava atenção e fazia fácil para mim ser feliz com ela no momento e deixar o futuro para depois.
Carlisle e Edward discutiram nossas opiniões para futuro em todos os ângulos possíveis em vozes baixais que eu tentei não ouvir. Eles nunca tinham essas discussões quando Jake estava perto, porque só havia uma maneira ao certo de interromper o envelhecimento, e isso não era uma coisa a qual Jacob gostaria de estar animado. Eu não estava. Tão perigoso! meus instintos gritavam para mim mas Jacob e Renesmee pareciam ser tão parecidos em tantas coisas, ambos os seres metade-metade, duas coisas ao mesmo tempo. E todos os mitos dos lobos insistiam que o veneno dos vampiros era mais sentença de morte do que uma maldição à imortalidade.
Carlisle e Edward se cansaram da pesquisa que eles podiam fazer à distância, e agora eles estavam se preparando para seguir antigas lendas direto de suas fontes. Nós iríamos voltar para o Brasil, começando por lá. Os Ticunas tinham lendas sobre crianças como Renesmee… Se outra criança como ela tivesse existido, talvez algum conto sobre a vida de uma criança metade humana ainda permaneceu…
A única questão real a ser resolvida era quando iríamos partir.
Eu era o atraso. Uma parte era porque eu queria ficar perto de Forks até o final dos feriados, por consideração a Charlie. Mas além disso, havia uma diferente missão que eu sabia que teria que vir primeiro - essa era claramente prioridade. Também, seria uma viagem solitária.
Essa era a única discussão que Edward e eu tínhamos desde que eu me tornei vampira. A maior parte dela era pela parte “solitária”. Mas os fatos eram o que eram, e meu plano foi o único que teve senso racional. Eu tinha que ir ver os Volturi, e eu teria que ir absolutamente sozinha.
Mesmo liberta dos antigos pesadelos, de qualquer de tipo sonho era impossível esquecer os Volturi. Não que eles nos deixassem esquecer.
Antes que o presente de Aro tivesse chegado, eu não sabia que Alice mandou o anúncio do casamento para os lideres Volturi, nós estávamos longe na ilha Esme quando ela teve a visão dos guardas Volturi - Jane e Alec, os gêmeos poderosamente devastadores, vindo com eles. Caius estava planejando mandar uma caçada entusiasmada para ver se eu ainda era humana, contra o seu veredicto (porque eu sabia sobre o mundo secreto dos vampiros, eu teria de ser transformada ou silenciada… para sempre)
Então Alice mandou o anúncio do casamento, vendo que isso iria atrasa-los enquanto eles decifravam o significado por trás disso. Mas eles viriam algum dia. Isso era certo.
O presente em si não era ameaçador. Extravagante sim, quase assustador de tão extravagante. A ameaça estava numa parte do bilhete de congratulações de Aro, escrita em tinta preta em um pesado, plano e branco pedaço de papel em letra de mão do próprio Aro:
Estou muito ansioso para ver a nova Sra. Cullen em pessoa.
O presente estava em uma antiga ornamentada e esculpida caixa de madeira envolta de ouro e madre-pérola e um arco-íris de pedras preciosas. Alice disse que a caixa em si era um tesouro sem preço. Que teria ofuscado qualquer jóia que estivesse dentro.
“Eu sempre me perguntei onde as jóias da realeza desapareceram depois que John da Inglaterra penhorou tudo no século XIII,” Carlisle disse. “Eu suponho que não estou surpreso que os Volturi tenham compartilhado”.
O colar era simples - o ouro entrelaçado em uma espessa corda de uma corrente, quase em outra redimensionado, como uma mansa cobra se curvando envolta da garganta. Uma jóia estava pendurada suspendida da corda: um diamante branco do tamanho de uma bola de golfe.
O súbito lembrete no bilhete de Aro me interessou mais do que a jóia. Os Volturi precisavam ver que eu era imortal, que os Cullen tinham sido obedientes às ordens deles, e eles precisavam ver isso logo. Eles não podiam ser permitidos de chegar perto de Forks. Só havia uma maneira de manter nossa vida aqui segura.
“Você não vai sozinha,” Edward falou pelos seus dentes, cerrando suas mãos em seus punhos.
“Eles não me machucarão,” Eu disse da maneira mais tranqüilizadora que pude, forçando uma certeza em minha voz. “Eles não tem motivo pra isso. Eu sou uma vampira. Caso encerrado.”
“Não. Absolutamente não.”
“Edward, é o único jeito de protegê-la.”
E ele não era capaz de argumentar com isso. Minha lógica era incontestável.
Mesmo no curto tempo que tive pra conhecer Aro, eu fui capaz de ver que ele era um colecionador - e seus mais belos tesouros eram suas peças vivas. Ele cobiçou beleza, talento, e raridade mais em seus seguidores imortais do que qualquer uma jóia em seu cofre. Era infeliz demais que ele começasse a cobiçar os talentos de Alice e Edward também. Eu não daria a ele mas motivos pra sentir ciúmes da família de Carlisle. Renesmee era linda e abençoada e única - ela era a única que existia. Ele não podia vê-la, nem pelos pensamentos de outros.
E eu era a única que ele não podia ler os pensamentos. Logo, claro que eu iria sozinha.
Alice não viu nada de errado com a minha viagem, mas ela estava preocupada sobre a qualidade indistinta de suas visões. Ela disse que elas ficavam familiarmente brumosas quando haviam decisões de fora que poderiam conflitar, mas que não tinham sido solidamente resolvidas. Essa incerteza fez Edward, já hesitante, extremamente oposto a idéia. Ele queria ir comigo até a minha conexão em Londres, mas eu não ia deixar Renesmme sem os dois pais. Carlisle ia comigo, ao invés disso. Isso relaxou tanto Edward quanto eu, sabendo que Carlisle ia estar a apenas poucas horas de mim.
Alice continuou procurando no futuro, mas as coisas que ela achou não tinham relação com o que ela procurava. Uma nova possibilidade; uma possível visita de reconciliação de Irina, apesar de sua decisão não estar firme; uma tempestade de neve que não chegaria pelas próximas seis semanas; um telefonema de Renée (eu estava praticando minha voz “áspera” e ficando melhor a cada doa - ao que a Renée sabia, eu ainda estava doente, mas melhorando).
Compramos as passagens pra Itália no dia antes de Renesmee completar três meses. Eu planejava que fosse uma viagem bem curta, então não contei ao Charlie. Jacob sabia, e concordava com o ponto de vista de Edward. Entretanto, hoje a discussão era sobre o Brasil. Jacob estava determinado a nos acompanhar.
Nós três, Jacob, Renesmee e eu, estávamos caçando juntos. A dieta de sangue animal não era a coisa favorita de Renesmee - e por isso Jacob podia vir junto.
Jacob organizou uma competição entre eles, que a fazia mais ansiosa que qualquer coisa.
Renesmee estava bem ciente de toda essa coisa bem versus mal quanto se tratava de caçar humanos; ela só acha que sangue doado era difícil de desistir. Comida humana a satisfazia, e parecia combinar com seu organismo, mas ela reagia a todas as variedades de comida sólida com a mesma tolerância de mártir com a qual uma vez eu tratei couve-flor e feijões de lima. Sangue animal era melhor que isso, pelo menos. Ela era competitiva por natureza, e o desafio de vencer Jacob a fazia excitada em caçar.
“Jacob”, eu disse, tentando racionalizar com ele de novo enquanto Renesmee dançava na nossa frente na grande clareira, procurando por um cheiro que ela gostasse. “Você tem obrigações aqui. Seth, Lea - “.
Ele bufou. “Eu não sou a babá da alcatéia. Todos eles têm responsabilidades em La Push, de qualquer modo”.
“Que nem você? Você está oficialmente largando o ensino médio, então? Se você está planejando ficar firme com a Renesmee, você vai ter que estudar muito duro.”
“É só um tempo. Eu vou voltar pra escola quando as coisas… esfriarem.”
Eu perdi minha concentração nos meus argumentos quando ele disse isso, e automaticamente nós dois olhamos pra Renesmee. Ela estava encarando os flocos de neve flutuando bem em cima de sua cabeça, derretendo antes de poder se ficar na grama amarelada da campina em forma de ponta de flecha que estávamos. Seu vestido desarrumado de marfim era só um pouco mais escuro que a neve, e seus cachos castanhos avermelhados começaram a brilhar, mesmo que o sol estivesse enterrado profundamente atrás das nuvens.
Enquanto olhávamos, ela armou o bote e então pulou um metro e meio no ar. Suas mãozinhas fecharam-se em volta de um floco e ela pousou suavemente em pé.
Ele virou-se para nós com o seu sorriso chocante - sério, era algo que não dava para se acostumar - e abriu as mãos para mostrar uma estrela de gelo de oito pontas perfeita em sua palma antes de derreter.
“Bonito,” Jacob disso para ela com admiração. “Mas eu acho que você está enrolando, Nessie.”
Ela se virou em direção a ele, e ele abriu os braços no exato momento em que ela pulou neles. O movimento perfeitamente sincronizado. Ela fazia isso quando tinha algo para dizer. Ela ainda preferia não falar em voz alta.
Renesmee tocou sua face, franzindo a testa de um modo adorável enquanto todos nós ouvíamos o som de uma pequena manada de alces movendo-se mais adentro da floresta.
“Claaaaro que você não está com sede, Nessie.” Jacob respondeu sarcasticamente, mas mais indulgente do que qualquer outra coisa “Você só está com medo de que eu pegue o maior de novo.!”
Ela se soltou dos braços dele e virou os olhos - ela parecia tanto com o Edward quando fazia isso. Então ela disparou em direção às arvores.
“Pode deixar” Jacob disse quando eu me inclinei para segui-la. Ele arrancou a camiseta enquanto corria para dentro da floresta já tremendo. “Não vale se você trapacear.” Ele gritou para Renesmee.
Eu sorri para as folhas que eles deixaram balançando atrás deles sacudindo minha cabeça. Jacob era mais criança que Renesmee às vezes.
Eu pausei, dando aos caçadores alguns minutos de vantagem, seria mais do que fácil os alcançar e Renesmee amaria me surpreender com o tamanho da sua presa. Eu sorri novamente.
A clareira estreita estava muito parada, muito vazia. A neve estava diminuindo acima de mim, quase no fim. Alice havia previsto que não ficaria por muitas semanas.
Normalmente Edward e eu vínhamos juntos nessas caçadas. Mas Edward estava com Carlisle hoje, planejando a viagem ao Rio, falando pelas costas de Jacob….eu franzi a testa. Quando eu voltasse eu tomaria o lado do Jacob. Ele devia vir conosco. Ele tinha tanto direito quanto qualquer um de nós - toda a sua vida estava em jogo, assim como a minha.
Enquanto minha mente estava perdida no futuro próxima, meus olhos passaram pelas montanhas, rotineiramente, procurando por uma presa, procurando por perigo. Eu nem pensava nisso, era automático.
Ou talvez, havia uma razão para a minha procura, algum pequeno alarme que meus sentidos super afiados sentiu antes mesmo de eu sentir conscientemente.
Conforme meus olhos passavam pelo todo de um monte distante, um brilho prateado - ou seria dourado - chamou minha atenção.
Meu olhar focalizou-se na cor que não devia estar lá, tão distante na paisagem que uma águia não teria visto. Eu encarei.
Ela encarou de volta.
Que ela era uma vampira era óbvio. Sua pele era branca como o mármore, a textura, um milhão de vezes mais macia do que a pele humana. Mesmo por baixo das nuvens ela brilhava levemente. Se sua pele não a tivesse entregado, a forma como esta completamente parada teria.
Teria. Somente vampiros e estátuas poderiam estar perfeitamente imóveis. Seu cabelo era pálido, loiro claro, quase prata. Foi esse o brilho que meus olhos captaram.Ele pendia reto como uma régua e atenuava a ponta do queixo, partido igualmente no meio.
Era uma estranha para mim. Eu tinha absoluta certeza de que nunca a tinha visto antes, mesmo como humana. Nenhum dos rostos em minha memória lamacenta era como este rosto. Mas eu a conhecia pelos olhos de bronze.
Irina resolveu vir no final das contas.
Eu a encarei por um momento, ela encarou de volta. Eu me perguntei se ela poderia saber imediatamente quem eu era. Eu levantei um pouco a minha mão, para acenar, mas seu lábio se torceu um pouco, fazendo de repente sua face hostil.
Eu ouvi o choro de vitória de Renesmee da floresta, ouvi o uivo de Jacob ecoando, e vi Irina virar o rosto refletidamente para o som quando ecoou para ela alguns segundos depois. Seu olhar cortou para a direita, e eu sabia o que ela estava vendo. Um enorme lobo vermelho, talvez o que tinha matado o seu Laurent. Há quanto tempo ela estaria nos vigiando? Tempo suficiente para ver nosso afeto antes, eu tinha certeza.
Seu rosto se contraiu na dor .
Instintivamente, eu abri minhas mãos na minha frente num jeito de fazer um gesto de desculpas. Ele se virou para mim, e seus lábios se curvaram nos seus dentes. Seu maxilar se destravou quando ela rosnou.
Quando o som de desmaio chegou a mim, ela já havia se virado e desaparecido na floresta.
“Droga!” Eu resmunguei.
Eu corri para a floresta atrás de Renesmee e Jacob, sem vontade de mantê-los fora de vista. Eu não sabia que direção Irina tinha tomado, ou quão exatamente furiosa ela estaria agora. Vingança era uma obsessão comum entre os vampiros, uma não tão fácil de suprimir.
Correndo a toda velocidade, só levaria dois segundos para alcança-los.
“O meu é maior” eu ouvi Renesmee insistir quando eu estourei pelos espinhos grossos no pequeno espaço aberto onde eles estavam.
As orelhas de Jacob aplainaram quando ele viu minha expressão;ele agachou-se pra frente mostrando os dentes - o focinho estava manchado com o sangue de sua presa. Seus olhos passaram pela floresta. Eu pude ouvir um rosnado crescer em sua garganta.Renesmee dava cada mordida alerta como Jacob. Abandonando o veado adulto morto aos seus pés, ela pulou em meus braços que a esperavam, colocando suas mãos curiosas nas minhas bochechas.
“Estou reagindo emocionalmente” eu os assegurei rapidamente. “Está tudo bem, eu acho. Esperem um pouco.”
Eu peguei meu celular e coloquei na discagem rápida. Edward respondeu ao primeiro toque. Jacob e Renesmee ouviram atentamente ao meu lado enquanto eu colocava Edward a par das coisas.
“Venha, traga Carlisle,” Eu falei tão rápido que me admirei de Jacob poder se manter. “Eu vi Irina, e ela me viu, mas ai ela viu o Jacob e então ela ficou furiosa e correu pra longe, eu acho. Ela não apareceu - ainda, de qualquer jeito - mas ela parecia bem chateada então talvez ela apareça. Se ela não aparecer, você e Carlisle tem que ir atrás dela e falar com ela. Eu me sinto tão mal.”
Jacob rosnou.
“Nós estaremos ai em menos de um minuto,” Edward me assegurou, e eu pude ouvir o sopro forte do vento enquanto ele corria. Nos lançamos pra trás da campina e esperamos silenciosamente enquanto Jacob e eu escutávamos cuidadosamente o som de algo se aproximando que não reconhecemos.
Quando o som aumentou, porém, era muito familiar. E então Edward estava do meu lado, Carlisle alguns segundos atrás. Eu fiquei surpresa de ouvir o bater pesado de grandes patas seguindo atrás de Carlisle. Suponho que eu não devia estar chocada. Com Renesmee em um perigo mínimo, claro que Jacob chamaria reforços.
“Ela estava no topo daquela montanha”, eu falei de vez, apontando o lugar especifico. Se Irina estava fugindo, ela já tinha uma boa vantagem. Ela pararia pra escutar Carlisle? Sua expressão de antes me fez pensar que não. “Talvez você devesse chamar Emett e Jasper e leva-los com você. Ela parecia… realmente chateada. Ela rosnou pra mim.”
“Que?”, Edward disse com raiva.
Carlisle pôs uma mão sobre seu braço. “Ela está pesarosa. Eu irei atrás dela”.
“Eu vou com você”, Edward insistiu.
Eles trocaram um longo olhar - além do fato de Carlisle estava medindo a irritação de Edward com Irina contra sua habilidade como leitor de mentes. Finalmente Carlisle assentiu, e eles saíram para achar a trilha sem chamar Jasper ou Emett.
Jacob bufou impaciente e cutucou minhas costas com o nariz. Ele devia querer que Renesmee voltasse para a segurança de casa, só como garantia. Eu concordei com ele e nos apressamos pra voltar pra casa com Seth e Leah correndo nos nossos flancos.
Renesmee estava complacente nos meus braços, uma mão ainda descansando na minha face. Uma vez que a viagem de caça tinha sido abortada, ela teria que se virar com sangue doado. Seus pensamentos estavam um pouco convencidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Expresse sua opinião e incentive a autora! O que achou deste capítulo?