Ódio, um Sentimento Apaixonado: Capitulo 41: Tragédias em Sequência

Acordei mal, minha cabeça doía, meu corpo estava dolorido e meu coração estava apertado. Era muito difícil explicar todas as sensações ruins que estavam dominando meu corpo nesse exato momento. Tomei um banho e coloquei uma roupa, hoje era dia de dar aula. Desci até a cozinha, enchi um copo com suco e domei um remédio para dor. Só então me dei conta que Edward ainda não havia me ligado.

Corri na minha bolsa e peguei meu celular. Disquei o número novo que ele me deu, para eu ligar caso houvesse alguma coisa, e nada. Caixa postal. Eu estava nervosa demais, nada iria me acalmar agora. Peguei minha bolsa e resolvi ir de uma vez para a faculdade.
[...]

Estava passando uma lição no quadro, já se passava das 9 da manhã e nada de telefonemas. A classe estava em perfeito silêncio, que foi quebrado com o toque do meu celular. Respirei meio aliviada, só poderia ser ele. Peguei meu celular e vi no visor um numero internacional desconhecido.

- Alô?
- Senhora Cullen?
- Sou eu...
- Aqui é o diretor do hospital onde seu marido trabalha.
- Claro, o senhor esta na África não é? Aguardando a chegada do meu marido. Queria falar com ele. Ele está bem?
- É melhor a senhora se sentar.
- O que? Por quê? Ele está bem, não está? Por favor, me diga que Edward está bem.
- Desculpe, isso não posso dizer.
- O que aconteceu? Fala logo. – As lágrimas rolavam pelo meu rosto, meu alunos me olharam apavorados, mas eu não estava nem aí para eles, eu queria saber do meu amor.
- Assim que o avião pousou no aeroporto, ouve um problema em uma das turbinas...
- AI, MEU DEUS!
- Bom, essa turbina pegou fogo e acho que não preciso terminar...
- Onde ele está? Como ele está?
- Ele está vivo, mas o caso dele é grave.

Não o deixei terminar. Minhas pernas ficaram fracas, minha vista embaçou, não senti mais nada...

Love by Grace – Lara Fabian: http://www.youtube.com/watch?v=aYZ3T5gsNVE

Letra Traduzida:

Eu me lembro da chuva no telhado naquela manhãE de todas as coisas que eu quis dizerAs palavras irritadas que vem do nada sem avisosAquilo roubou o momento e me mandou pra longe E você está lá parado ao lado da porta, chorandoE eu imaginando se eu voltariaEu disse que eu não vim aqui para deixar vocêEu não vim aqui para perderEu não vim aqui acreditando que eu ficaria longe de vocêEu não vim aqui para descobrir queHá uma fraqueza em minha fé Eu fui trazida aqui pelo poder do amor A graça do amor E eu me lembro de que a estrada não tinha fimE eu não conseguia retornar com o meu carroAte você, naquela distância, como um tesouro longamente perdidoUma cabine telefônica que não conseguia encontrar E você permanecia lá na entrada, esperando E o momento quando nós nos deitamos Eu disse que eu não vim aqui para deixar vocêEu não vim aqui para perderEu não vim aqui acreditando que eu ficaria longe de vocêEu não vim aqui para descobrir queHá uma fraqueza em minha fé Eu fui trazida aqui pelo poder do amor A graça do amor Aquele foi apenas um momento na vidaE um que nunca esqueceremos Um que nós podemos deixar para trásPois quando houver dúvidasVocê vai lembrar de que eu disseEu nao vim aqui acreditando que eu ficaria longe de você Eu não vim para descobri queHá uma fraqueza em minha fe Eu fui trazida aqui pelo poder do amor Eu fui trazida aqui pelo poder do amor A graça do amor

[...]

Acordei e estava tudo muito claro. Eu estava deitada em um sofá e alguém segurava minha cabeça, tentei levantar desesperada, eu precisava saber de Edward, mas uma mão macia me segurou e me abraçou forte. Eu sabia muito bem quem era, Alice...
Eu me sentei e me joguei no colo dela, e nós duas choramos desesperadamente no sofá da diretoria da faculdade. Não tinha sensação pior do que aquela, ela sabia muito bem de tudo que estava acontecendo.

- Vai ficar tudo bem, eu te prometo.
- Por favor, Alice, não me prometa algo que você não pode cumprir.

Não sei por quanto tempo exatamente ficamos ali, abraçadas e lamentando tudo que estava acontecendo. Heitor veio com um copo de água com açúcar em minha direção, quase me obrigando a beber.

- Alice, por favor, me diz que você tem notícias dele.
- Bom, eu retornei a ligação do diretor do hospital, Bella – ela começou a falar em soluços. – Ele não está nada bem, houve mortes... Foi uma tragédia. Estão trazendo ele pra cá, porque lá não há recursos suficientes para uma cirurgia especial, como a do caso dele.
- Mortos?
- Um casal de médicos, que estavam atrás dele e mais um rapaz que estava sentado ao seu lado. Ele teve muita sorte de ter sobrevivido... Foi, e Deus sabe... Bella, eu estou com tanto medo.
- Não mais do que eu, Alice... Não mais.

Jasper e Emmett chegaram para nos buscar. Eu não tinha condições de dirigir. Eu não falava, não comia, não fazia nada. Ficava olhando pra nada, pro vazio. Rosalie tentava me animar, já que Alice ficou na mesma condição que a minha.

- Rose, que horas... ele chega?
- Daqui a pouco ele deve estar aí, Bella, iriam trazê-lo em um jato particular. Ele tinha que estar aqui o mais rápido possível.
- Vamos para o hospital agora. Vamos esperar lá.
- Bella... Não.
- Você é minha amiga?
- Sou sua irmã.
- Então faça isso por mim.

Por fim, fomos todos ao hospital. Ficamos na sala de espera, somente aguardando a sua chegada. Eu, como antes, estava anestesiada. Um médico que eu não conhecia entrou na sala de espera, nervoso. Na mesma hora me levantei.

- O senhor traz notícias dele? Por favor, diga que trouxe.
- Senhora Cullen, acalme-se primeiro. E, sim, trago notícias do Dr. Cullen.
- Graças a Deus – ouvi Alice dizer.
- E?
- Ele já chegou e foi mandado direto para a mesa de cirurgia. Daqui a algumas horas poderemos dar alguns resultados mais específicos.
- Eu não posso vê-lo?
- Infelizmente não. Apenas tentem manter a calma, porque a cirurgia acontecerá em alguns minutos. Boa sorte.

Ele se retirou e nos deixou ali, mais uma vez.

- Alguém já ligou pra minha mãe?
- Eu já liguei. Eles estão a caminho.
- Obrigada, Jasper.

Agora só nos restava esperar.

[...]

As horas se passaram lentamente, me corroendo por dentro. Deu até o tempo de minha mãe e Carlisle chegaram. Com ela perto tudo ficava tão mais fácil...
Ela me abraçou forte, me deixou chorar em seu colo, me pedindo fé. Dizendo que eu tinha que acreditar. Carlisle, por sua vez, dava colo à Alice. Eu sabia da minha dor, mas eu tinha muita noção do que os dois sentiam.

Minha mãe foi pegar um copo de água para mim e então uma música, muito conhecida, começou a tocar na minha cabeça. A música daquele tão nostálgico dia da nossa primeira separação...

Mi Credo – Tiziano Ferro: http://www.youtube.com/watch?v=myv7ycWRnAA
Minha Crença
(Tiziano Ferro) Por onde você for eu ireiCom uma venda nos olhosO que você decidir eu fareiO amor quando é verdade é somente umNão me pergunte porqueTenho sido bom com vocêSó sei que você é minha religiãoO que me importa se chamam de fanatismo?Sem você eu não sou o mesmoVocê é a minha crença, pedaço de céuAbraça-me forteMeu trevo da sortePrefiro morrer junto a você a não te verNão me pergunte porqueTenho sido bom com vocêSó sei que você é minha religiãoO que me importa se chamam de fanatismo?Sem você eu não sou o mesmoVocê é a minha crença, pedaço de céuAbraça-me forteMeu trevo da sortePrefiro morrer junto a você a não te ver Meu trevo da sortePrefiro morrer junto a você a não te verPor onde você for eu irei...

Agora era a minha vez de cantar isso para ele. São nesses momentos que nós colocamos a cabeça para pensar, caindo na real e mostrando o quão importante as pessoas são em nossas vidas. O quão impotente você se sente sem elas...
Então quem eu mais esperava apareceu. Um médico cirurgião, com um aspecto cansado entrou na sala. Todos levantamos, preocupados, ansiosos.

- E então? – Carlisle disse, tomando à frente.
- A cirurgia foi um sucesso.

Na hora eu não acreditei no que ouvi. Abracei forte a minha mãe, eu estava me sentindo tão bem, mas a angústia infelizmente não passava.

- Ele está desacordado e, por favor, quando ele acordar, entrem um por um no quarto. Edward está muito fraco e com certeza cansado. A lesão foi bem perto da área da memória, então ele pode demorar um pouco para se lembrar de algumas coisas. Não o pressionem a nada.

- Muito obrigada – eu disse.
- Bom, tenho que me retirar... Tenho um velório de uma filha para organizar.

Eu fiquei perplexa com o que ele disse. Velório de uma filha? Então ele tinha uma filha que também era médica no hospital? Quem seria? Um arrepio me percorreu, e eu senti tanta pena dele naquele momento.

Procurei informações sobre o casal que havia falecido, e quando descobri quem foi, fiquei em estado de choque. Kat e Tyler, aquele casal com que almocei há algumas semanas atrás aqui no hospital. Me lembrei que eles haviam me dito que iriam para a África também, e senti muita pena por toda aquela tragédia estar acontecendo. A maré de má sortes estava nos rondando e isso não facilitava nada.

[...]

Quando o médico chegou na sala de espera, avisando que Edward tinha acordado, eu quase morri de tanta felicidade. Concordamos que primeiro entraria Alice e Carlisle, depois eu iria. Nesse exato momento, eu estava andando em círculos, em frente a porta do quarto do meu amor. Estava tensa, nervosa, já se passavam das 5 da manhã e mesmo assim eu não sentia o sono vir. Quando Alice chegou da porta me chamando, as lágrimas começaram a jorrar.

- Bella, ainda não falamos que você está aqui. Ele com certeza irá ficar feliz em te ver. Ele está cansado e lento... Vamos com calma, ok? O médico permitiu que eu ficasse com você.
- Ok... Vamos.

Entramos em silencio no quarto, eu me escondia atrás de Alice, receosa. Era estranho, pois nunca me senti assim perto dele. Alice deu um sorriso e puxou meu braço, me colocando ao seu lado. Meu coração ficou frenético ao vê-lo, ali com varias cicatrizes e manchas roxas no rosto, mas isso não atrapalhava a sua perfeição. Em seus braços haviam queimaduras feias, mais isso também era outra coisa que não importava para mim. O importante era que ele estava vivo.

Dei um sorriso para ele, demonstrando todo o meu afeto, carinho e saudade. Todo o meu amor. Ele me olhou indiferente, saiu um sorriso fraco do seu rosto, mas não era um sorriso como o meu, era um sorriso simpático. Achei estranho.

- Oi, amor! – eu disse me aproximando dele e pegando em uma de suas mãos.

Edward olhou para Alice com um ponto de interrogação, como se estivesse questionando quem eu era. Depois seus olhos se voltaram para mim, gentilmente.

- Me desculpe... Mas quem é você?

Meu mundo desabou com aquela pergunta de Edward. Eu não estava acreditando que tudo aquilo estava acontecendo. Então meu sonho não foi apenas um sonho, foi uma premonição. Ele não se lembrava de mim. Alice me olhou espantada. E eu não tive reação alguma fiquei imobilizada, com a boca em forma de “o” deixando algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto.

- Edward, não se lembra de Bella?
- Quem é Bella, Alice?

Nesse momento o médico entrou do quarto.

- Tudo bem por aqui?

Alice saiu de perto de mim e foi cochichar com o médico, ele voltou com um ar preocupado, me olhando.

- Senhora Cullen, podemos conversar?

Eu apenas balancei a cabeça, sem sair do meu estado de choque. Ouvi apenas um suspiro dele...

- Cullen? Ela é da nossa família, Alice?

Depois disso não ouvi mais nada, meu corpo, meu cérebro, meu coração, não permitiram que eu ouvisse, para que eu não sofresse mais.
Minha mãe e Rosalie me aguardavam na porta, eu nem quis ouvir o que aquele médico iria me dizer, apenas caí nos braços das duas e comecei a chorar.

- Ele não se lembra de mim, mãe... Ele não se lembra de mim...

Rosalie olhou para minha mãe sem entender nada e me ajudou a andar até a sala de espera. Elas me sentaram e nenhuma das duas disseram nada, apenas ficaram se olhando e me olhando. Alice chegou, e ficou em silêncio. Ela me abraçou forte e me prometeu ficar comigo no que der e vier. Acho que para esse momento não existiria palavras de consolação, esse era o real motivo do silêncio.

O médico chegou perto de nós lamentando e começou a explicar toda a situação.

- Bella, ele teve uma forte lesão na área da memória, como eu já disse. E é possível sim que ele se lembre da família e não se lembra de você.
- Ele não se lembra da Rose também, Bella... – disse Alice, tentando me acalmar.
- Para que as coisas melhorem e não piorem, por favor, não o pressionem, ele ainda está muito delicado. Iremos prosseguir com os devidos tratamentos e vamos fazer de tudo para que ele tenha suas lembranças de volta. Sou médico daqui a muito tempo, conheço o trabalho de Edward e sei o quanto você o ama, então por favor, mantenha a calma.

Eu apenas balancei a cabeça, não tinha palavras para nada. Alice resolveu me levar para a cada dela, já que seria muito mais doloroso ficar em minha casa. Ela me abraçou e entramos no seu apartamento.

- Você tem que tomar um banho, comer alguma coisa e dormir.
- É impossível.
- Eu insisto, Bella... faça isso por mim.

Acabei me convencendo e fui para o banho, Alice me emprestou um pijama dela e a única coisa que pedi, foi para me deixar sozinha. Muito contra gosto, assim ela fez. Me deitei na cama e puxei o edredom para me cobrir. Acho que estava mais querendo era me proteger de tudo e de todos, para ver se nada mais me machucava.

Take My Heart Back – Jennifer Love Hewitt:

http://www.youtube.com/watch?v=P4PMpqgGgbY

Letra Traduzida:

"Pegarei meu coração de volta"Tudo ficará bemVocê disse...amanhãNão choreNão derrame uma lágrimaQuando você acordarAinda estarei aquiQuando você acordarCombateremos todos os seus medos
E agora eu...Pegarei meu coração de voltaDeixo suas fotos no chãoRoubo de volta...minhas lembrançasNão aguento maisSequei minhas lágrimasE agora encaro os anosO jeito que você me amouDissipou todas as lágrimasApenas um pouco de tempo foi tudo o que precisamosApenas um pouco de tempo para que eu visseA luz que a vida pode te darOu como isso pode te libertar?

E agora eu...Pegarei meu coração de voltaDeixo suas fotos no chãoRoubo de volta...minhas lembrançasNão aguento maisSequei minhas lágrimasE agora encaro os anosO jeito que você me amouDissipou todas as lágrimas

O dor que eu sentia, duvido que alguém poderia sentir maior. Meu corpo doía, minha cabeça latejava, havias nós na minha garganta. Eu mal conseguia soluçar. Vi meu reflexo no espelho e tomei um susto. Eu estava mais que péssima, isso era visível. Olheiras profundas, olhos inchados, nariz vermelho, como se eu estivesse vivendo em um imperfeito mundo de lagrimas.

Meu coração poderia parar de bater a qualquer momento agora, não importa mais. Já que o motivo por ele bater, por ele bombear, não sabe quem eu sou. O olhar de interrogação e seu “quem é você?” não parava de vir na minha mente. Isso era algo surreal. Agora sim eu sabia o que as pessoas realmente sentiam. Do nada o meu sufoco foi passando, me senti fraca, e fui amolecendo na cama. Eu sabia que era o sono, talvez a única forma de amenizar toda essa dor.

O pior, era saber que no outro dia, eu teria que encarar tudo de frente, sozinha, sem medo, de peito. Porque eu já não era mais aquela Isabella Swan que ficou em depressão. Agora eu era Isabella Swan Cullen, e ninguém poderia mudar isso, pelo menos não agora. Eu iria encarar tudo, iria enfrentar meus medos, iria recuperar o meu Edward. Mais pelo menos, só por essa noite, eu deixaria que a dor, o medo e a realidade, me dominassem.