POV BELLA
Acordado. Edward Cullen estava finalmente acordado. Fiquei um longo tempo velando seu sono tranqüilo, observando seu tórax subir e descer no ritmo de sua suave respiração. Sua mão ainda agarrava fortemente a minha como se quisesse me prender a ele, como se quisesse impedir-me de partir.
Seu anjo! Ele me chamara de seu anjo.
Mas eu discordava. Se havia um anjo ali, esse anjo era ele. Meus problemas eram enormes... Jake... minha mãe... mas quando eu o cuidava parecia que tudo ficava mais suportável, tudo doía menos. A dor ainda estava ali, presente, insistente, mas Edward ofuscava tudo, iluminava tudo.
Nunca misturei pessoal com profissional, sempre respeitei a ética, mas... isso fugia do padrão, fugia do meu controle.. ele me fazia um bem imenso e não podia mais fugir da incrível verdade. Estava apaixonada por Edward Cullen e isso era irreversível. Céus, eu cantara pra ele, nunca cantei nem pro Jake que foi meu namorado durante anos!
Ouvi um ruído e levantei minha cabeça em tempo de ver Alice adentrar o quarto.
- O que foi? – ela perguntou ao ver meu rosto tão... iluminado.
- Ele saiu do coma. – eu informei, sorrindo.
Ela encarou-me por um momento, tentando absorver o que eu dissera.
- Mas ele ainda está de olhos fechados. – ela constatou olhando para o rosto do irmão.
- Ele adormeceu. – eu respondi olhando para seu lindo rosto, sereno como um anjo.
- Então é sério? – ela perguntou, correndo até a cama e ajoelhando-se ao lado do irmão. – Ele disse alguma coisa? – ela perguntou, os olhos marejados pelas lágrimas.
- É... – eu hesitei. O que eu diria a ela?
- Hum, entendo. – ela riu maliciosa. – O que ele disse a você?
- Ele... me chamou de seu anjo. – eu respondi entre encabulada e encantada.
- E você é Bella. – ela concordou. – Acredito que ele não vá deixar você sair da vida dele tão fácil agora. Então... de amigas á cunhadas hein?
Eu ri. A idéia era excelente. Namorada de Edward Cullen... nossa!
- Ah, já ia me esquecendo! – ela bateu na testa. – Jasper quer te ver agora na sala dele.
Um gelo no coração. O que ele queria? Já teria se decidido?
- Ah, sim. – eu disse, tentando disfarçar minha aflição. – Fique aqui com o Edward então. Se ele acordar, diga que... não demoro.
- Eu direi. – ela disse, rindo.
Levantei-me e fui até a porta.
- Bella. – Alice me chamou e virei-me para olhá-la. Seus olhos estavam repletos de gratidão e carinho. – Tudo vai dar certo, tenha fé.
- Obrigada! – murmurei e saí rumo à sala do diretor do hospital.
- Entre. – ouvi a sonora voz de Jasper responder a leve batida que eu dera na porta.
Entrei tentando disfarçar meu nervosismo. Fiquei pálida quando vi Victória sentada em uma cadeira em frente á mesa de Jasper.
- Isso é um pijama por baixo do seu sobretudo? – a voz irritante da víbora provocou. Olhei para meu sobretudo branco e encarei-a desafiadora. Não estava envergonhada por ter saído de pijama de minha casa para salvar meu paciente que se tornara o homem da minha vida.
- Sente-se por favor. – Jasper indicou uma cadeira ao lado de Victória. A expressão dela me enervava, estava confiante no seu triunfo sobre mim. “Tenha fé!” a voz de Alice ecoou em minha cabeça. É, só tendo fé pra eu sair daquela ainda empregada.
- Como prometi, analisei a situação. Não só das duas, mas sim da unidade como um todo e cheguei as minhas conclusões. Isabella... – ele virou-se para mim, muito sério. Gelei. – Eu avisei que não poderia escapar dessa situação sem punições, não avisei?
- Sim. – eu murmurei e tentei não reparar na expressão de vitória no rosto de Victória. Idiota!
- Então, comecemos pela sua punição. – seus olhos eram penetrantes e vi, muito confusa, um leve sorriso brincar no canto de seus lábios. – Eu digo que você é culpada de violar as regras desse hospital e te ordeno que pague com seus serviços de excelente enfermeira como Enfermeira Chefe da UTI desse hospital.
Choque! O que estava acontecendo? Como assim?
- O que? – Victória gritou, levantando-se. – Não há vaga para enfermeira chefe na UTI, já somos em três lá.
- Acaba de abrir uma nova vaga e acabo de preenchê-la. Victória, você está demitida.
- Você não pode me demitir! – ela gritou descontrolada.
- Posso e acabo de faze-lo. – ele disse, seus olhos fuzilando Victória. – Nunca vi profissional mais incompetente, sem ética e princípios igual à você. Não serve para trabalhar nesse hospital, nunca irei pagar pelos serviços de uma cúmplice de assassinato.
- Como... ousa? – ela perguntou, mas vi o medo em seus olhos.
- Sei de muitas coisas sobre você e seu amante, Victória. Se depender de mim, você logo fará companhia para ele na prisão. Agora, retire-se da minha sala, por que olhar pra tua cara me enoja.
Completamente derrotada e temerosa, Victória saiu da sala praticamente correndo. Jasper olhou por um tempo para a porta por onde ela saíra e depois me olhou sorrindo abertamente.
- Parabéns, Isabella! – ele disse.
- Por que Jasper? – perguntei ainda sem acreditar em tudo o que acontecera.
- Por que você é uma das minhas melhores profissionais e merece ocupar o lugar de quem há tempos te persegue. Mesmo que não tenha percebido, foi observada desde que começou a trabalhar para nós e seu talento foi notado. Claro que cometeu erros, mas dadas às circunstâncias, eles serão relevados. Agora vá pra casa e descanse, por que te encaixei no turno da noite, James ocupará o turno de Victória.
- Posso... ver o Edward antes de ir? – perguntei, tímida. Não estava no horário de visitas, mas Jasper sorriu maroto.
- Vai lá. Vou dar um desconto por que ele é meu cunhado e parece gostar de você.
Saí e a leveza de meus movimentos me fazia acreditar que eu estava no céu, flutuando. Enfermeira Chefe, meu Deus!
- Ele acordou? – perguntei para Alice que ocupava a cadeira que outrora eu ocupara.
- Sim. Perguntou por você e voltou a dormir! – Alice respondeu com um sorriso de contentamento nos lábios. – Parabéns, Bella. Enfermeira Chefe, hein?
- Então você já sabia? – perguntei olhando-a acusadoramente.
- Sorry. Ele me fez prometer não contar nada. – ela riu. – Mas você merece, amiga. Chega de sofrimento, você merece ser muito feliz. Sua mãe deve estar vendo sua vitória lá de cima e dando pulinhos de contentamento por te ver tão feliz.
Ela levantou-se e me deu um grande abraço. Delicie-me com o carinho de Alice, ela era também muito importante pra mim agora. E minha mãe... para sempre estaria em meu coração, nunca deixaria morrer o seu amor em mim.
Bom, parece que tudo correria bem daqui pra frente.
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