Escondida no quarto Lady Swan não sabia exatamente o que fazer.
O encontro dos Cullen foi tão intenso que a deixou constrangida, tornando-a uma intrusa.
Mas isso era a sua realidade. Era uma intrusa por tempo indeterminado naquela família.
Não disse uma só palavra e com passos lentos se escondeu em seu quarto.
Encolhida
na cama, abraçou suas pernas e sentiu-se a vilã nessa confusão toda,
afinal um homem que ama sua família como Lorde Cullen não iria quer sua
humilhação por nada.
Tinha que haver uma explicação!
Mas qual?
Seu pai não lhe disse nada de concreto, simplesmente não lhe deu opção...
{...}
O dia nascerá como todos os outros, o céu acinzentado como de costume tornava o dia comum.
Doce ilusão...
Batidas apressadas deixou Isabella sobressaltada, ainda mais quando Lucia adentrará o local com a aparência um tanto perturbada.
– Milady...Vosso pai deseja lhe ver!
Lucia tremia levemente deixando Isabella preocupada.
– O que aconteceu? Posso ajudá-la?
A
senhora de idade um tanto magricela e com traços enrugados, que ajudará
Renée a cuidar de suas duas filhas, que passará muitas e muitas noites
em claro desviou seu olhar, não tinha coragem alguma de encarar
Isabella.
– Vosso pai lhe aguarda em seu aposento!
Não disse nada mais, se retirou do cômodo deixando-a visivelmente confusa.
Após
alguns minutos a jovem fora de encontro ao seu pai, nem ao menos
trocara de roupa e apressada adentrara o quarto sem bater, a “visita” de
Lucia em seu aposento fizera agir de maneira impulsiva.
O
barão estava sentado em uma poltrona avermelhada com desenhos
arredondados em dourado olhando ao longe através da enorme janela com
detalhes em branco desgastado.
Isabella estagnou ao vê-lo, entretanto segundos mais tarde aproximou-se devagar e com a ponta dos dedos tocou-lhe nos ombros.
– Meu pai. Deseja falar comigo? – perguntou receosa.
Charlie
não lhe disse nada, nem ao menos olhou em sua face, entretanto levou
sua mão de encontro aos delicados dedos de sua filha, apertando-os
amavelmente.
Lady Swan estranhou-se,
não que seu pai tenha sido um rude grosso ao longo de sua vida, porém
era fato que demonstrações de carinho e afeto não se encaixavam no papel
ideal de um pai.
Na visão do barão um
homem de família deveria dar aos seus filhos um pouco de conforto até
poder arranjar-lhes um futuro promissor, que no seu caso seria um bom
casamento.
Diferente de Victoria,
Charlie se empenhou bem mais ao lhe arranjar um bom marido, afinal tinha
aprendido a lição ao ver sua primogênita viúva dada à miséria, vendendo
jóias e decorações.
E como estava
desprovido financeiramente não tinha como ajudá-la. Afinal estava
gastando enormidades com bailes, vestidos, casamento, entre outras
coisas com Isabella.
O que o deixava
tranqüilo, era o fato de Damien ser um burguês nato, podia não possuía
titulo de nobreza, porém sua enorme fortuna o elevava a um nível
altíssimo no que diz respeito a um marido. O que tornava a jovem Swan
uma donzela de sorte assim como seu pai, que certamente receberia o dote
com algumas gratificações a mais.
– Me corta o coração vê-lo assim. Por favor, diga-me o que posso fazer para ajudá-lo! – murmurou Isabella com a voz carregada.
Demorou
alguns segundos para que o barão levanta-se, deu alguns passos chegando
à janela, olhando o pequeno jardim praticamente morto de sua
propriedade.
– Passei está noite no clube
A
voz de Charlie estava tão melancólica que deixara sua filha ainda mais
comovida. Ele não precisava falar nada, Isabella entenderá tudo, mais
uma noite de apostas, mais perdas, mais vergonha.
Fechou os olhos por algum tempo, imaginando qual seria a proporção dos equívocos que seu pai cometera dessa vez.
– O que perdemos? – perguntou Isabella tentando aparentar frieza.
Charlie virou-se de repente, deixando que sua filha olhasse sua face pela primeira vez naquela manhã.
Havia temor e isso a deixou alarmada.
–
Sinto muitíssimo. Quero que compreenda, tudo estava indo tão bem. Havia
conseguido uma quantia invejável. – Fechou os olhos e a encarou logo em
seguida – Jamais pensei em perder o meu bem mais precioso.
Isabella não conseguiu entender muita coisa, porém notou que jamais virá seu pai tão honesto quanto aquele momento.
– Meu pai, diga-me, qual a gravidade de nossa situação?
Charlie sorriu fraco.
– Esta casa e toda a quantia que dispunha não me pertencem mais, do mesmo modo que você meu anjo.
As palavras penetraram no ouvido de Isabella, entretanto seu cérebro não conseguia raciocinar o que acabara de ouvir.
– Sinto muitíssimo, nunca fora minha intenção perdê-la.
A
jovem olhou para seu pai perdida nas palavras que escutava. Nem ao
menos demonstrou reação alguma quando se sentiu sendo abraçada.
– Perdoe-me, mas Damien será passado em sua vida. Agora quem terá o domínio sobre você será Sir Edward Cullen.
Afastou-se
subitamente. Nem ao menos olhou para a face do homem transtornado a sua
frente, correrá até seu aposento, trancando-se por lá, enquanto
lagrimas caiam por sua face.
Charlie e Lucia tentarão fazer com que a jovem abrisse a porta, porém Isabella não se movia de sua cama.
Cansados de tentarem achar alguma solução buscaram por Victoria.
A primogênita da família Swan não escondeu seu satisfação ao saber do ocorrido, assim como não se opôs a importunar sua irmã.
Com
ajuda de Lucia encontrou a outra chave “perdida” do aposento, adentrou o
local e assim que avistou Isabella encolhida na cama sorriu fracamente.
– Vamos, está começando a se atrasar! – a voz de Victoria preencheu o dormitório.
Isabella levantou a cabeça e avistou sua irmã se aproximando.
Usava
um vestido alaranjado, justíssimo na silhueta e com o decote em V bem
exposto. Seus cachos avermelhados bem definidos estavam presos em um
coque no alto da cabeça, deixando seu pescoço esquio amostra. Os lábios
estavam pintados de vermelho sangue e sua pele mais rosada que o
habitual tornava sua aparência chamativa.
– Já não lhe disse que está começando a se atrasar. – repetiu impaciente.
– Não sei o que está falando. – lhe disse Isabella voltando-se para os lençóis.
Victoria agarrou-lhe pelo braço e com uma força desconhecida por Lady Swan a fez levantar.
–
Sinto muito, mas querendo ou não a realidade é que você não pertence
mais aos Swans, por isso faça o que deve ser feito, arrume-se, se quiser
lhe ajudarei.
Isabella não acreditou
em uma única palavra de afeto forçada de sua irmã. Há muito tempo que
Victoria deixara de ser doce e amora.
– Me solta!
– Não até agir como se deve!
– Quer dizer, agir como uma rameira? Assim como você o faz tão bem!
Antes que Isabella pudesse notar o ódio crescente na feição de sua irmã sua face viu-se quente diante da bofetada que levou.
–
No final da noite mandarei buscar meu pai e Lucia, espero que torne as
coisas mais fácies, pois seria ainda mais deprimente que os guardas
fizessem valer os direitos de Lorde Cullen... Uma vez que, como a filha
predileta que sempre foi não queira ver o barão ser preso por sua
culpa... E ainda assim ser obrigada a cumprir o acordo!
{...}
Antes mesmo que pudesse notar a dor da lembrança invadiu-a com crueldade.
Porque sua irmã não poderia lhe demonstrar um mínimo de carinho?
Porque seu pai não poderia ser sensato uma única vez?
Quando pensará que sua vida fosse mudar, se vê num caminho nebuloso, sem chances de encontrar uma saída digna ao final.
Nem
ao menos percebeu quando o sono dominou-a, e para sua total
tranqüilidade, sem sonhos perturbadores ou pesadelos conflitantes,
simplesmente o vazio de que precisava.
Quando acordou
percebeu a luz da noite que adentravam pelas as janelas de seu leito.
Olhou para o lado e virá mais uma rosa para sua coleção. Sorriu.
Levantou-se
e com as mãos ajeitou o vestido amassado que usava, deu tapas leves em
sua face e com a água disponibilizada em seu lavatório levou sua boca.
Estava faminta e nem sabia ao certo quanto tempo esteve dormindo.
Saíra de seu quarto e desceu as escadas com cuidado.
O ambiente estava tranqüilo, poderia ouvir ao longe o som de madeira sendo queimada.
Sentiu-se arrepiar.
Caminhou lentamente e sua visão confirmou o que seu instinto havia lhe sussurrado.
Lorde
Cullen estava sentando em sua poltrona, a cabeça levemente inclinada
pra trás, olhos fechados e em uma de suas mãos segurava uma taça com seu
brandy.
Como de costume ficou perdida nas feições de Sir Edward, se questionando como ele conseguia ser tão perfeitamente lindo.
Sem aviso seus olhos se encontraram deixando-a envergonhada.
– Senti falta de sua sinceridade durante o dia Isabella.
Ela engoliu seco.
– Perdoe-me, pensei ser melhor deixá-los à vontade.
Edward balançou sua cabeça positivamente.
– Agradeço sua delicadeza, entretanto me sentiria honra que em próxima vez permaneça conosco.
O silencio se instalou entre eles por alguns segundos.
– Estou um tanto faminta... Receio que não haja problema em comer a está hora.
Não era mentira, porém naquele momento usará sua fome como fuga.
– Certamente.
Isabella
lhe sorriu fracamente e se dirigiu a cozinha. Olhou em volta admirada
com tamanha beleza. Os moveis em mogno combinados a cor branca a
deixaram encantada, assim como as louças expostas, havia tanta porcelana
e cristais que ofegou.
Definitivamente Sir Edward era um homem afortunado.
Sem esperar, caçou por algo comestível.
Encontrou ovos e bacon, sem demora os preparou e junto com um pedaço de pão serviu-se.
Foi impossível conter um gemido de satisfação diante da comida.
Assim que satisfez seu estomago procurou deixar tudo em ordem, seguindo até a sala principal, encontrando o vazio.
Caminhou
pelo local e avistou a taça sob a uma mesinha próxima a poltrona da
sala, seguiu até a janela e observou rapidamente a imagem da noite.
Até quando Lorde Cullen cumpriria sua palavra?
E o que mais a perturbava. O que ele queria dizer quando lhe comunicou que sentirá sua falta?
Sem pensar ou perceber seus dedos encontraram um cavalo jogado com as outras peças de um jogo de xadrez.
Mais
cedo Rosalie e Edward mataram a saudade do passado jogando duas
partidas equilibradas, entretanto como era de se esperar Edward ganhará
as duas.
– Sabes jogar?
Assustou-se, pensou estar sozinha.
Olhou em direção a voz e o encontrou sorrindo torto pra ela.
– Então sabes jogar? – a questionou novamente.
Demorou alguns segundos até que compreendesse o que tinha nas mãos.
– Oh! Victoria sempre gostou, acabei sendo obrigada a aprender.
Ele
aproximou-se, sua face ficou tão próxima a dela que Isabella temeu o
que poderia acontecer, ou melhor, temeu por suas reações, pois não
saberia dizer como poderia reagir com tal proximidade.
– Se importaria de jogar comigo?
Seus dedos acariciaram sua face levemente.
– Receio que não seja uma boa idéia!
A
voz de Lady Swan saíra ofegante e Lorde Cullen aproveitou-se. Levou
seus lábios de encontro ao lóbulo de sua orelha e após mordiscá-la
maliciosamente sussurrou “adoro apostas, se ganhar irei lhe conceder um
desejo”
As palavras de Sir Cullen a fizeram se afastar.
Ele lhe sorriu, sabia que a isca tinha sido fisgada.
– E se perder? – questionou-o.
– Deverá me conceder um desejo.
Isabella buscou a razão, o que mais poderia perder?
Talvez se ganhasse pudesse ter uma chance de mudar o fim da historia.
– Qualquer desejo?
– Certamente!
Isabella sorriu e sem pestanejar sentou-se na cadeira e começou a arrumar suas peças, deixando Lorde Cullen satisfeito.
O
silêncio se fez presente, e não era rompido nem pela movimentação das
peças, Isabella estava muitíssimo concentrada, até porque essa seria a
única chance de sair o menos marcada de toda essa confusão, e até quem
sabe, pudesse explicar-se a Damien.
Isabella não era
alheia ao jogo o que impressionou Edward, entretanto devido ao seu
estilo, suas jogadas acabavam tornando-se previsíveis, fazendo com o que
o jogo transcorresse do modo como ele desejava.
Quando
seu bispo fora comido pelo cavalo de Lorde Cullen, Isabella não se
impressionou, na realidade ele nem ao menos surpreenderá, deixando com a
sensação certa de que logo estaria livre!
Após vários minutos Isabella o viu encurralado, somente um movimento dela acabaria com o jogo e poderia comemorar abertamente.
– Xeque-mate
Edward sem esperar fez sua próxima jogada.
– Xeque-mate
Demorou alguns segundos até que entendesse o que havia acontecido.
Olhando no tabuleiro perceberá que fora manipulada durante todo o jogo, indiscutivelmente o xeque-mate havia sido dele.
– É melhor que seu progenitor... Bem pelo menos no xadrez!
Esse
comentário a fizera lembrar-se do porque estar ali, Lorde Cullen era
conhecido como um ser demoníaco não somente na arte da sedução como
também nos jogos.
– Pelo que saiba ganhara de meu pai no pôquer! – comentou atordoada.
–
Certamente, entretanto o barão é um apostador nato, está presente em
diversos jogos... E pelo que vi, no xadrez é melhor que ele... –
suspirou – Eis uma nova duvida, como será jogando com cartas...?
Isabella abaixou a cabeça.
– Creio ter mais essa divida com o senhor... O que mais deseja de mim Milorde.
Isabella já estava se preparando para finalmente cumprir com o trato, quando ele a surpreendeu mais uma vez.
– Amanhã quando formos ao concerto de Lady Haidem desejo que destaque suas curvas com o vestido vermelho que lhe presenteei.
Os olhos de Isabella se arregalaram.
– Mas... Mas...
–
Pensou que exigiria que deitasse comigo está noite? – assim que Lady
Swan confirmou sua suspeita ele lhe respondeu friamente – É incrível o
pouco crédito que tenho com a senhorita!
Lorde Cullen
levantou-se e sairá do salão com passos firmes, deixando-a sozinha e
ainda mais confusa, entretanto quando chegará em seu leito sorrirá
abertamente.
Definitivamente o verdadeiro xeque-mate estava se aproximando, e ele não via à hora de degustar a vitória.
Autor: Vasquez
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