Lentamente a consciência me foi voltando, o sono lutando pra me manter em suas garras enquanto eu lutava pra fugir, pra acordar. Com meus olhos pesados pelo sono, fiquei durante alguns segundos ainda deitada, minha mente confusa tentando assimilar as informações pra que enfim eu soubesse onde eu estava.Senti uma mão em minhas costas nuas e uma perna macia sobre minhas nádegas e isso junto ao cheiro de sexo que ainda pairava sobre o quarto me fez relembrar as loucuras da noite anterior. Abri os olhos com cuidado e ergui a cabeça me apoiando nos cotovelos vendo que Emmett deitado a minha direita (eu estava de bruços) tinha a mão em minhas costas e Rosalie que estava a minha esquerda tinha uma de suas pernas passadas sobre meu quadril, ambos dormindo a sono solto.
Ainda deitada, olhei ao redor para o amplo quarto de casal pra onde eles haviam me trazido depois de termos feito sexo na sala de estar, Rosalie me confidenciou que eu era a segunda garota que tinha tal privilégio. Minhas roupas não estavam ali, logo eu me lembrei, eles as haviam tirado no corredor a caminho da sala por isso fui me movendo devagar pra não acorda-los, com calma peguei na perna de Rosalie e a movi lentamente pro lado, ela só deu um suspiro e continuou a dormir, a mão de Emmett eu escorreguei pro lado ficando assim livre pra sair da cama.
Arrastei-me devagar pelo colchão, andando até a sala onde as roupas jaziam em completa desordem pelo chão. Enquanto eu me vestia, as imagens de tudo o que eu fizera na noite anterior vieram me atormentar: eu havia feito sexo com uma mulher e com seu marido, sendo usada, observada e dominada pelos dois... e o pior de tudo era que eu havia gostado de cada momento.
Com meu vestido de volta ao meu corpo, calcei as sandálias e fui até o espelho do bar que ficava a um canto arrumar meus cabelos conforme eu pude, gemendo ao ver como meu rosto estava inchado. Acho que se eu usasse o banheiro... bem rapidinho, eles nem iriam acordar.
Em silêncio, voltei pro quarto onde vi ambos na mesma posição na qual eu os deixara, passei direto até entrar no banheiro imenso. Lavei meu rosto, secando-o na toalha que estava dobrada no balcão da pia, algumas das maquiagens de Rosalie estavam arrumadas por ali então peguei algumas coisinhas básicas pra não sair dali com cara de zumbi.
Quando estava mais apresentável, nem parecendo que eu mal dormira naquela noite, saí do banheiro novamente atravessando o quarto com cautela. Peguei minha bolsa na sala e saí pelo corredor que me levou a porta de entrada, o atrito que meu sexo sem calcinha fazia contra a parte interna de minhas coxas era estranho já que eu nunca antes saíra de casa sem a peça íntima.
Apertei o botão que abria a porta e saí pro corredor andando até o elevador privado, o qual era de uso exclusivo de quem morava na cobertura que no caso eram Emmett e Rosalie. Quando já estava descendo por ele, olhei pra câmera que tranquilamente girava abrangendo todo o elevador, meu rosto aquecendo gradativamente só em pensar no show que havíamos proporcionado ao vigia noturno, eu bem que tentara protestar, mas os dois malucos que pareciam famintos pela minha pessoa disseram que o vigia era de confiança e que no máximo bateria uma punheta enquanto nos assistia.
Só em pensar nisso meu rosto ardia de vergonha. “É, né, sua safada! Ontem você não teve vergonha, não é? Ao contrario, gemeu como uma puta enquanto Emmett socava dentro de você.”, minha consciência me passava um sermão.
Mas era o que eu era agora, não? Uma puta... e essa realidade machucava ao mesmo tempo em que excitava.
Por que eu não fora ainda obrigada a dormir com velhos horrorosos e barrigudos, muito menos homens jovens, mas desprovidos de qualquer beleza. Eu degustara e fora degustada por dois homens incríveis... e por uma mulher também.
Era estranho, sabe? Antes, eu nunca havia sentido atração pelo mesmo sexo, e nem agora minha visão quanto a isso mudava, mas as caricias que Rosalie me fazia... não tinha como não se excitar, ela realmente sabia o que estava fazendo.
Cheguei ao térreo e atravessei o saguão, na porta do prédio o chofer da família veio prontamente ao meu encontro, o cenho franzido. Eu sabia o que ele deveria estar pensando, não fora avisado quanto ao fato de eu estar descendo: ele nos trouxera da boate até ali.
– Srta. – ele disse fazendo uma curta reverencia.
– Bom dia. – disse com um aceno de cabeça e um sorriso. – Poderia chamar um táxi pra mim, por gentileza?
– Os Srs. sabem... – ele começou indeciso, mas eu alarguei meu sorriso.
– Não se preocupe com isso, meu bem. – pisquei-lhe um olho. – Meu serviço por aqui está terminado.
De forma até bizarra pra situação, ele corou com meu comentário. De tão sem jeito que ficou, saiu até a recepção pra providenciar o táxi sem ao menos me dizer palavra.
Esperei pacientemente até que logo ele estava de volta, os olhos baixos me informando que ele ainda estava envergonhado.
– Por aqui, madame. – ele disse fazendo um gesto pra entrada do prédio.
Saí com ele pra luz do dia que me cegou por alguns instantes, o táxi amarelo me esperando na calçada, o motorista se adiantando pra abrir a porta.
– Como se chama? – perguntei antes de entrar no veiculo.
– Jeremy, Srta. – ele disse com um riso desajeitado. Não pude deixar de rir.
– Me chame de Bel, Jeremy. – eu disse, realmente tocada por sua ingenuidade. Estendi minha mão que ele prontamente aceitou, levando-a aos lábios. Seu jeito ingênuo aliado a sua aparência de garoto dava esse ar de menino que ele tinha, e isso de certa forma acabou por me conquistar, lembrando-me de mim a dias atrás antes de Alice falecer. Bom... isso parecia ter acontecido a anos luz de distancia. – Foi realmente um prazer lhe conhecer.
– O prazer foi todo meu, Sr... Bel. – ele corrigiu rapidamente ao ver meu olhar repreensivo.
Com um aceno de adeus, entrei no táxi e dei meu endereço ao motorista que demorou alguns minutos até me deixar em frente a meu apartamento. Paguei a corrida e subi as escadas, entrando enfim em meu esconderijo, meu refúgio, segui diretamente até meu banheiro onde me despi do vestido e das sandálias entrando embaixo da água morna do chuveiro.
Completamente limpa, todo e qualquer vestígio do sexo selvagem da noite anterior sendo lavados pela água que descia por meu corpo, me vesti com roupas folgadas (uma camisetinha transparente e curta e um shortinho largo) e larguei-me em minha cama, apagando instantaneamente.
Estava realmente exausta.
“Vou te foder tanto e com tanta força que vai implorar por mais.”
“- Você é virgem, Bel? – ele perguntou enfim parando de forçar sua entrada em mim, seus olhos diretamente ligados aos meus.
Por um momento pensei em mentir, mas logo vi que seria bobagem. Ele logo sentiria minha barreira natural quando enfim quebrasse minha virgindade então seria inútil ocultar tal verdade. Apenas mordi o lábio inferior e balancei a cabeça em concordância.
Ele nada disse, apenas me olhou por mais alguns segundos até que seus lábios desceram até os meus, mas dessa vez sem a selvageria de antes, parecia mais uma carícia do que um beijo, a sensação mais deliciosa que eu já provara.”
“- Relaxe. – ele disse apenas ao se encaixar em meio a minhas pernas que automaticamente se abriram um pouco mais pra melhor acomoda-lo. Senti sua glande mais uma vez forçar passagem em minha entrada lubrificada, dessa vez ela escorregou com mais facilidade.
Edward fechou os olhos e mordeu o lábio inferior com força como se fosse um imenso sacrifício pra ele ser tão lento assim, seu quadril se movendo enquanto ele deslizava um pouco mais. Senti uma fisgada por isso retraí meus músculos, meu canal apertando o membro dele que já entrara consideravelmente em mim, vi quando ele arfou e rangeu os dentes, sua cabeça vindo repousar na dobra de meu pescoço quando ele não mais resistindo enfiou tudo dentro de mim em uma só estocada.”
“- Hum... Sr. Cu-cullen... – tentei avisar quando senti os espasmos se intensificarem.
– Goza, vai. – ele disse dando mais um tapa em minhas nádegas. – Adoro sentir você me apertando enquanto goza.”
Acordei banhada em suor, meu short úmido tanto pelo suor quanto pelo meu desejo que escorria de meu sexo. Por que mesmo depois da noite intensa nos braços de outro homem, minha mente insistia em divagar até Edward Cullen, o misterioso e ardente homem que tirara minha virgindade... e o pouco de minha sanidade que ainda me restava.
Amaldiçoando-me até sétima geração, levantei-me e fui até o banheiro tomar novo banho, o relógio de cabeceira me informando de que eram três da tarde quando saí pra me vestir, dessa vez me arrumando melhor, pois minha intenção era sair.
Com meu coração aos pulos, abri a gaveta de minha mesa de cabeceira logo depois de ter ligado pra agencia e chamado um táxi, meus dedos trêmulos puxando a maçaneta e adentrando-se na gaveta de onde tirei um molho de chaves com um pequeno chaveiro onde se lia em letras delicadas “Alice”.
Eram as chaves do apartamento de minha irmã.
Pela primeira vez desde que elas me foram entregues, eu as estava pegando com a intenção de visitar seu apartamento, de procurar por qualquer coisa que me ajudasse na minha investigação particular.
Engoli em seco mais uma vez antes de sair do apartamento e trancar a porta, saindo pra rua onde o táxi já me esperava. Dei o endereço ao motorista e repousei no banco do carro enquanto ele seguia pela cidade até o bairro onde Alice residira desde quando eu a expulsara de casa.
Eu a expulsara... como pude ser tão cruel? Tão cega?
Como pude afastar de mim a única coisa boa que me restava em vida? Desde quando eu era assim tão amarga ao ponto de jogar fora todos os bons momentos que ao lado dela eu passara apenas por capricho? Por egoísmo?
Cheguei em frente ao prédio de aparência nobre no bairro de classe média alta, paguei a corrida e inspirei profundamente duas vezes antes de me adiantar até o portão onde o vigia me olhava curioso da guarita. Uma idéia repentina me veio em mente, por isso me desviei com um meio sorriso indo falar com o homem que agora demonstrava grande surpresa.
– Boa tarde. – cumprimentei estendendo minha mão pelo corte no vidro que o protegia dentro do pequeno cubículo, ele cautelosamente aceitou meu cumprimento. – Muito prazer, meu nome é Isabella Swan e ...
– Parente da jovem Alice? – ele perguntou entre surpreso e admirado, apertando meus dedos de leve entre os seus deixando-me boquiaberta por um momento. Não imaginara que seria assim tão... fácil. – Meu nome é Pedro, Pedro McDonald.
– Então conheceu minha irmã, Sr. McDonald? – perguntei puxando minha mão e apoiando meus cotovelos no pequeno balcão, o rosto do homem se iluminando em um sorriso.
– Oh, então ela era sua irmã? – afirmei com a cabeça e ele acompanhou meu movimento. – Claro que eu conhecia a jovem Alice, era uma menina de ouro! Todas as manhãs ela chegava do trabalho passando pela guarita e não houve um único dia no qual não me cumprimentasse com um sorriso, parando às vezes pra trocar algumas palavras.
– Hum... – engoli em seco. – Sabe se ela... recebia visitas?
– Não, não que eu saiba. – ele parecia pensativo. – Durante o meu turno, geralmente ela estava dormindo, então... nunca antes alguém passou pela guarita pra entrar em seu apartamento, não no meu turno.
– E a que horas termina seu turno?
– Eu entro às seis da manhã e saio às seis da tarde. Tem o outro vigia, o Emilio, que faz o turno da noite... mas como a noite ela trabalhava, então provavelmente não recebia visitas também.
– Na noite que tudo aconteceu... ele não viu nada? Ninguém subiu com ela?
– Não, pelo que ele disse a polícia e pelo que me disse, ninguém viu coisa alguma fora do comum. Ela apenas voltou mais cedo naquela noite, mas desacompanhada, e no outro dia... bom, isso foi trágico. – ele suspirou. - Era uma garota muito solitária, a Alice. Não eram muito próximas?
– Nós... – titubeei tentando procurar uma palavra que definisse minha crueldade, mas não a encontrei. – Nós estávamos brigadas.
– Uma pena, realmente uma pena. Uma menina tão doce, acabar como acabou... muito triste. – seus olhos realmente demonstravam a tristeza que o invadia, marejando-se de lágrimas. – Todas essas perguntas que a senhorita está me fazendo, a policia já me fez dias atrás.
– Eles já passaram por aqui? – perguntei interessada.
– Apenas no dia em que... encontraram o corpo. Tinha uma faxineira, a Telma, ela vinha trabalhar na Alice três vezes na semana e então... – ele pigarreou, visivelmente abalado pelo assunto. – E no outro dia vieram pra fazer perguntas, mas não mais apareceram.
– É claro. Era de se esperar. – desdenhei sorrindo de forma forçada pro amigável vigia. – Foi um prazer, Sr. McDonald...
– Me chame de Pedro. – ele disse com um sorriso luminoso.
– Ok... Pedro. Foi realmente um prazer. Agora, vou subir até o apartamento dela pra... dar uma olhada em tudo. – e acenei enquanto continuava meu caminho interrompido.
O apartamento de dois quartos com banheiro, sala e cozinha ficava no oitavo andar, mordi meu lábio inferior de puro nervosismo enquanto entrava no ambiente meio escuro pelas cortinas cerradas. Andei até as janelas e as abri, deixando o sol iluminar a sala ampla e bem mobiliada: Alice sempre tivera bom gosto.
Andei por ali mexendo nos livros que estavam sobre a mesinha de cento do lado do controle remoto da TV e DVD, como se ela ainda fosse se sentar no confortável sofá pra ler uma matéria sobre moda ou assistir seu programa de TV favorito. Um riso triste escapou de meus lábios ao me lembrar de que ela adorava assistir Scooby Doo mesmo depois de mocinha... eu ria tanto de suas gargalhadas pelas traquinagens e burrices de Scooby e Salsicha.
A estante guardava um razoável acervo de DVD’s e CD’s, talvez uma distração já que ela passava o dia sozinha... alguns objetos decorativos, alguns quadros de pintura, um pequeno bar ao canto... nada de mais por ali.
Fui até a cozinha e abri os armários encontrando muitas coisas naturais e saudáveis, bem típico de minha irmã que sempre fora rigorosa com sua alimentação. A geladeira ainda conservava algumas frutas, verduras e legumes que estavam passados, já começando a se decompor devido ao tempo que lá estavam desde a morte de Alice.
Remexi por ali, mas nada achei de realmente relevante, voltei à sala e entrei por uma das portas encontrando o quarto menor. Quando lá cheguei minhas pernas amoleceram e meus joelhos cederam me fazendo desabar no chão frio, as lágrimas incontroláveis descendo por meu rosto.
Por que bem de frente com a porta estava a cama e acima da cabeceira se via claramente uma foto, uma foto minha, ampliada e emoldurada, devidamente tratada pra que se parecesse com uma pintura... e embaixo de meu rosto sorridente se lia “Bella, minha vida...”.
E todo o choro que eu vinha reprimindo até ali escapou de meu controle, meu corpo sendo sacudido pelos incontroláveis soluços que demonstravam toda minha dor, todo meu desespero.
Eu a havia expulsado de minha vida de uma forma cruel e desumana... enquanto ela pagava tal feito arrumando em sua casa um quarto só pra mim.
Ela ainda tinha esperanças de que eu reconsiderasse e voltasse atrás em minha decisão, batalhara tanto quanto a isso...
Mas eu a matara. Tudo que eu fizera deixando-a sozinha no mundo fora o mesmo que estar ao lado do maníaco que a assassinara, de braços cruzados, totalmente indiferente quanto a sua agonia.
E era por isso que eu tinha que pagar. Tinha que viver a vida que ela vivera, passar pelo que ela passara e provar do que era ser o que ela fora.
Pra que enfim eu pudesse compreender seus motivos... coisa que eu não fora capaz anos atrás.
Lembrava-me bem de quando a polícia chegara em meu serviço me informando de que minha única irmã fora assassinada. Nem uma pista, nem um fio de cabelo, nenhuma digital... nada que os levasse no encalço do assassino. Parecia que ela fora morta por um fantasma tal a falta de provas de que existira realmente mais alguém com ela em seu apartamento... a única coisa que dizia claramente que alguém estivera com ela, eram as marcas deixadas por luvas em seu pescoço... marcas da violência que ela sofrera, sem ninguém pra lhe socorrer.
Depois de muito tempo chorando, levantei-me enxugando os olhos nas costas de minhas mãos e comecei andar pelo quarto. O closet estava repleto de roupas... pra mim; as gavetas da mesinha de cabeceira tinham exemplares de livros... que eu adorava ler ou que eu adoraria ler; as cores da decoração... eram as minhas favoritas, branco e lilás.
Ela planejara tudo pra me agradar caso eu resolvesse perdoa-la... mas o que eu não sabia na época era que eu precisava ser perdoada por ela, não o contrario.
E que eu talvez não merecesse tal perdão.
Mas ali não haviam pistas que me pudessem ajudar a encontrar seu assassino, por isso saí dali dando uma ultima olhada, entrando no quarto principal onde ela fora encontrada morta.
O quarto estava em perfeita ordem, tudo no seu lugar assim como a policia encontrara, só os lençóis haviam sido mudados por motivos óbvios. Mais algum tempo remexendo por suas coisas até que me dei conta de que ali não encontraria nada que me pudesse ajudar, a policia já revirara cada canto daquele quarto a procura de provas.
Mas eu, ao contrario deles, conhecia Alice e sabia que velhos hábitos nunca morrem. Com o coração aos pulos, a ultima esperança de conseguir qualquer prova que me levasse a algum lugar, que me tirasse daquela escuridão total, aproximei-me da cama enorme e comecei a apalpar o colchão que era do estilo “box”, a procura de algum lugar onde ela pudesse ter escondido... ela sempre fizera aquilo desde criança, impossível que...
E enfim encontrei, um pequeno corte no tecido do colchão onde a bandida enfiara seu diário, o pequeno caderno onde ela anotava cada coisa que julgasse realmente importante. Foi com dificuldade que encontrei o pequeno corte, mas foi com uma dificuldade ainda maior que enfim pude alcançar o pequeno caderno, puxando-o pra fora.
Corri até a mesa de cabeceira e fucei na gaveta a procura da caneta marca texto que eu tinha visto por ali quando estava fuçando, sentei-me na beirada do colchão e comecei a ler desde a primeira página onde a letra perfeita de minha irmã escrevia frases dispersas, assim como ela sempre o fizera. Nada de relatos extensos ou datas, apenas o que estava sentindo ou algo importante que acontecera.
“Minha irmã está profundamente magoada comigo. Se ela soubesse o quanto a amo... mas eu a compreendo... pena que ela não seja capaz de me compreender.”
Mordi meu lábio inferior com tanta força que cheguei a sentir o gosto de sangue, mas continuei a ler rapidamente, pulando algumas partes que considerei desnecessárias.
“Tamy é um amor, sempre me trata tão bem... mas Luly... ela me inveja já que sempre fui bem vista pelos patrões.”
“Hoje tive meu primeiro cliente, Tamy me disse que aquilo se chamava iniciação... foi Edward Cullen quem me iniciou, disse que garotas especiais ele sempre tinha que provar antes de liberar aos clientes... mas achei seus olhos tão vazios... por mais que eu o excitasse, não parecia realmente que era o suficiente pra ele, parecia mais que ele estava cumprindo com uma obrigação...”
“Me sinto estranha... Rosalie e Emmett pagaram por uma noite minha... jamais me imaginei dormindo com outra mulher, espero que isso não se repita, não gostei muito da experiência embora ela saiba como excitar uma garota...”
“Edward é um cara muito legal... disse que gosta de meus olhos... pagou novamente pra ficar comigo, mas acabamos conversando pelo resto da noite. Ele é um cara complicado, difícil de se entender. Acho que é apenas solidão... conheço uma pessoa tão perdida quanto ele, pena que ela não fale mais comigo...”
“Luly não fala mais comigo, pois sente ciúmes. Edward, pelo menos duas vezes por semana, reserva minha companhia e ela acredita realmente que transamos. Eu nem me dou ao trabalho de corrigi-la, que pense o que quiser. Edward é sem duvidas um bom amigo, apesar de ser muito grosso e arredio às vezes...”
“Estou muito mal. Rosalie não pára de me procurar, e isso está me cansando. Foi até que legal uma vez, uma nova experiência, mas... não sei por que, não me sinto bem com ela e Emmett... ainda mais que... bom, ela só é mimada e mandona, quisera ela ter tido uma irmã mais velha como a minha, logo ela entraria nos eixos...”
“Conheci Jasper, o mais velho dos irmãos. Nunca pensei que pudesse existir homem tão refinado... ele quis um programa comigo, e então me levou pra um hotel muito elegante. Nunca tive tanto prazer com sexo, ele sabe realmente como agradar uma mulher...”
“Ontem, Edward brigou comigo. Ele descobriu que estou me apaixonando por Jasper e que ele também nutre sentimentos por mim... disse que é loucura, que eu vou acabar me magoando e magoando ao Jasper... chamei-o de preconceituoso e imbecil, disse que a partir daquele momento se ele quisesse minha companhia seria só pra sexo, que ele ficar me enganando com aquele papo de amizade não era nada legal... acho que ficou magoado comigo...”
“Jasper quer que eu largue tudo pra ficar com ele, mas ninguém sabe de nosso envolvimento a não ser Edward... fiquei meio indecisa quanto a isso, mas penso seriamente em deixar essa vida... Jasper é tão carinhoso, mas tem um ciúme possessivo quanto a minha forma de trabalho... vou pensar no assunto...”
“Edward descobriu minhas intenções e me chamou novamente pra conversarmos... disse que eu e Jasper éramos loucos, que seu pai ficaria furioso quando descobrisse... que deserdaria Jasper que ficaria manchado perante a sociedade... joguei no rosto dele que agira até ali como uma amiga pra ele, mas já que ele me via como uma simples prostituta, não havia por que eu continuar ali a escutar desaforos...”
“Está decidido: vou largar essa vida. Já tenho dinheiro suficiente pra cursar uma boa faculdade, e tenho Jasper que me ama... e aí posso fazer as pazes com minha irmã... nunca mais terei que ver a cara feia e invejosa de Luly... poderei ser uma mulher normal, desejada, querida e amada. E Bella me receberá de volta.”
Todos esses trechos eu marquei com a caneta marca texto, minha mente trabalhando a mil por hora tentando assimilar todas as informações.
Edward a iniciou e se tornou amigo dela, mas eles haviam brigado por duas vezes, ele não queria o namoro de minha irmã com seu irmão.
Rosalie e Emmett foram citados em algum ponto, como eu já previra, eles tinham fome por carne fresca, mas nada relevante sobre aquilo fora mencionado.
Jasper fora o caso amoroso de Alice dentro do trabalho sem que ninguém soubesse a não ser o próprio Edward... isso segundo Alice. Ciumento... isso era uma informação valiosa.
Luly... invejosa e venenosa como sempre.
Todos eram suspeitos, essa era a verdade. Mais ninguém era citado em seu diário, mas era pouco... tinha que ler com mais atenção.
Ainda havia o vigia noturno pra interrogar, a faxineira... aos meus olhos todos eram suspeitos.
Mas Edward... nunca me passou pela cabeça que ele e Alice fossem tão chegados. No diário tinha alguns pontos nos quais ela citava coisas que ele lhe confidenciara... Alice sempre soubera conquistar as pessoas, essa sempre fora uma de suas virtudes. Tinha que ler aquele diário com mais tempo.
Meus olhos foram parar inconscientemente no relógio da mesinha de cabeceira e eu me levantei de um pulo, uma exclamação de espanto: já eram sete horas!
Saí correndo do apartamento com o diário seguro em mãos torcendo pra não me atrasar pro trabalho. Mas em minha mente já tinha uma idéia fixa: eu me mudaria pro apartamento de Alice.
Ela fizera um quarto pra mim, o mínimo que eu poderia fazer era ocupá-lo, mesmo que ela não pudesse ver... ocupá-lo enquanto descobria o paradeiro de seu assassino.
O próximo passo seria esperar pela visita da policia, o que deveria acontecer em breve e eu me espantava por ainda não ter acontecido já que da primeira vez eu mal havia conseguido dizer palavra.
Não importava onde esse infeliz havia se escondido, eu o encontraria. Custasse o quanto fosse custar.
Fanfic escrita por Ana Paula F.

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